terça-feira, janeiro 16, 2007

Coisas...

Ontem, entre muitas andanças, tive de ir aos correios.
Ia acompanhado de alguma expectativa pois não entrara lá desde que as obras foram feitas e dadas por concluídas.
Ao passar a porta pensei ter-me enganado.
Pensei ter entrado numa livraria, numa nova loja que viera fazer concorrência à que, com sacrifícios mil, vamos mantendo, sobretudo como espaço cultural.
Mas o balcão, ao fundo, e caras que reconheci dos “antigos correios” (antes das obras), confirmaram-me que estava no que já foi um serviço público e ainda se chama “os correios”.
Só que há oferta de livros a quem vá comprar selos, despachar encomendas postais, trocar ou mandar vales também postais, e actividades correlativas.
Entretanto, enquanto se espera, pode escolher-se um livrinho para comprar, como se numa livraria estivesse, num largo leque de opções, pois não se fica, a oferta, por livros relacionados com a actividade postal e de serviço público do passado.
Assim vêm, os correios, juntar-se às grandes e médias superfícies, às estações de serviço e sei lá que mais, e também vender o que parecia, segundo critérios decerto obsoletos, estar reservado a “casas especializadas” chamadas livrarias.
Enquanto comprava selos, ainda perguntei à simpática funcionária se tinha recebido alguma formação para a nova tarefa de vender livros, como responderia a uma jovem que lhe pedisse, eventualmente, que a aconselhasse na compra de um livro para uma colega que fazia anos, ou a um pai em busca de leitura para o filho de 10 anos, mas ela só olhou para mim e sorriu, meio embaraçada.
Sai dos correios mais triste do que entrara.
Isto anda mesmo tudo torto... mas muito liberal!

11 comentários:

Anónimo disse...

Na realidade os Correios estão mais arejados, escaparates de livros tornam estes estabelecimentos mais coloridos e atractivos (!).
Contudo, o amontoado de livros que cada funcionária dispõe no guichet, não passa para ela de mais uma comissão monetária, por cada livro vendido.
Em Agosto desfolhei alguns livros, prontamente ela sugeriu-me um “muito bom”, com muita saída, “José Mourinho”, talvez ela tenha reparado no meu sorriso de desdém, então mostrou-me outro título do melhor escritor “pois também muita venda” Paulo Coelho. “Não, não quero comprar livro nenhum. Falta pouco para a Festa do Avante, lá poderei escolher e comprar, muito bons livros” respondi-lhe.
Noutro guichet, tentavam impingir o “Nody” a uma jovem talvez de 13 ou 14 anos “tem muita saída”!
Não gosto de ver venda de livros amontoados nos Correios!
Os livros não devem ser maltratados!

GR

Axpegix disse...

Vai começar mais uma guerra como a dos medicamentos sem prescrição médica, poderem ser vendidos fora das farmácias?

Nas livrarias tambem se vende música, jogos para consolas, etc... acho que não é por aí que o gato vai às filhós, digo eu, hehe

Sérgio Ribeiro disse...

Não, não é (só) por aí que o gato vai às filhós (gosto da expressão!), meu caro aspegix. Mas é mais uma expressão da desregulamentação dos mercados com o argumento falacioso que assim melhor se serve a procura, os procuradores dos produtos.
É a flexibilização, a mobilidade, e etc., ao fim e ao cabo a desespecialização que não serve ninguém a não ser... o mercado.

Anónimo disse...

Eu acho que é mais uma parte do "simplex" que, à pala de tornar tudo mais acessível e fácil ao cidadão comum, nos vai mas é, no final, mesmo no final, tramandex...

Axpegix disse...

Não quer dizer que seja mau para o chamado "cliente final", mas a verdade é que, quem quer comprar um livro, dirije-se a uma livraria e não aos correios ou a umas bombas da Repsol, isso é mais para aquele cliente ocasional... penso eu de que.

Anónimo disse...

Desculpem-me a colherada:
Afinal qual é o problema?
A falta de formação dos funcionários publicos para vender livros?
O aumento da concorrência?
Falta de regulamentação na venda de livros?

Sérgio Ribeiro disse...

Mas há problema?
Mas há (ainda) funcionários públicos?
Mas há concorrência... fair ou ela é só free, isto é libertina, não regulamentada... porque o mercado se auto regulamenta?
Mas há que haver especializações (e vocações)?
Mas não repararam que isto é só um desabafo... inconsequente, claro, e também obsoleto, de quem já não é capaz de se adaptar à modernidade de correios e postos de venda de gasolina também venderem livros enquanto vão erodindo espaços de cultura ligados - ou sustentados - pela venda de livros enquanto actividade especializada?
Mas para o que me havia de ter dado...

Anónimo disse...

Quase sempre concordo contigo. Desta vez discordo, 50%!
Poderá ser um desabafo. Porém, lógico.
Obsoleto??? Porquê?
Adaptação à modernidade???
És das pessoas que melhor noção tem entre o ontem e o hoje, trabalhando sempre para o amanhã, com uma visão aberta para o futuro! Constatamos na forma como escreves nos teus livros, jornais e “aqui”, nas tuas ideias sempre avançadas, atitude de ser e estar (no teatro, no associativismo, nas palestras económicas, políticas, culturais, nas festas e sobretudo em convívios entre os amigos. Amigos esses de qualquer idade. Quando um/a jovem de 15 anos ou uma qualquer pessoa de 40, 60 ou 80 anos gosta de conversar, aprende e sente prazer em conviver contigo, é porque tens algo de novo para dar!
Acredita que esta juventude não gosta de “cotas”, só se eles forem tão jovens quanto eles!
É evidente que não tem jeito nenhum esta anarquia de vendas! Se entro numa casa para comprar um artigo, deverá estar alguém que entenda sobre o que vende!
Não falo na Livraria Lello (a Catedral) nem na Latina, nem tão pouco contra o funcionário/a cuja categoria de trabalho é vender selos, fazer pagamentos, tratar das encomendas, fax, telegramas e (já esquecia) certificados de aforro (onde todas as pessoas ficam a saber quanto se levanta ou deposita, privacidade é coisa que não existe).
Jornais, revistas o chamado quiosque que vendem livros de jornais, tudo bem, mais do que isso, revolta-me. É a liberalização do mercado, onde reina a anarquia a libertinagem. Porque não vender também, comida ou medicamentos???

GR

Anónimo disse...

Liberdade, hello?!?, já ouviram falar? Neste caso funciona mais ou menos assim: eu vendo livros onde quiser, compro livros onde quiser, você vende livros onde quiser e compra-os onde quiser. Sem ou com funcionários especializados, sem ou com censura. Como lhe der mais jeito. Com o seu livre arbítrio.
Pelos vistos há coisas que para certas pessoas pioram com a idade: a vontade de tudo regular e asfixiar a liberdade individual em nome de utopias que querem à força que sejam de todos. pffff.

Sérgio Ribeiro disse...

Livre arbítrio, hello!
É a sua opinião. Respeito-a, embora discorde porque vivemos em sociedade uns com os outros e não cada um para si.
Aliás, nota-se o desrespeito a que pode levar o (seu) livre arbítrio quando atira para o ar o barrete de, piorando com idade, ter a vontade de tudo regular e de asfixiar a liberdade individual em nome de utopias que quereria à força que fossem de todos.
Pois está enganado: não enfio o barrete!
Com a idade, sinto ter melhorado a vontade de defender "utopias", não impondo-as à força mas pela informação e pela tomada de consciência.
Quanto à asfixia de liberdades individuais, sei o que isso é na própria pele, e as liberdades individuais são, para mim, uma condição para o viver em sociedade, não podendo, no entanto, sobreporem-se a regras que são necessárias por em sociedade se viver. Com respeito pelas liberdades dos outros.

Anónimo disse...

Promiscuidade, salada, trapalhadas e afins. Os correios deveriam vender selos, enviar cartas, e coisas que tais. E deviam fazê-lo bem e depressa, sem recurso a essa " fraude " chamada Correio Azul ". As Seguradoras deviam vender Seguros, e os Bancos dinheiro. Sobre estes, ainda não perdi a esperança de um dia os ver a vender Penicos em Porcelana ... mas das CALDAS. Um abraço.