Às vezes, um livro é um texto nosso embora escrito por um entreposto escritor que escreveu o que teria sido escrito por nós se escritor fossemos.
Só alguns escritores são capazes de nos fazerem sentir que "isto foi (devia ter sido) escrito por mim", é nosso tal-e-qual.
Philp Roth é um deles.
Este "animal moribundo" sou eu em muitas páginas. Por exemplo, na página 39:
(...) um homem de setenta anos deve ainda estar envolvido no aspecto carnal da comédia humana? Ser susceptível ao que é humanamente excitável? Não é essa a condição outrora simbolizada pelo cachimbo e pela cadeira de baloiço. Talvez ainda seja um tanto afrontoso para as pessoas o facto de não se submeterem ao antigo relógio da vida. Tenho consciência de que não posso contar com o olhar virtuoso de outros adultos. Mas que posso eu fazer quanto ao facto de, tanto quanto me parece, nada, nada ser posto em repouso por muito velho que um homem possa ser?
4 comentários:
Qual moribundo, qual carapuça?
O título é macabro, deprimente...
Mas a capa, a lembrar os tempos de estudante em que os desenhos egípcios apresentavam um guerreiro de perfil, mas com os olhos bem virados na nossa direcção, é bastante atraente, mostrando que o moribundo está bem mais vivo do que sugere...
Um abraço
Exactamente. E eu também me sinto tal-e-qual o sr. Philip Roth que se antecipou a escrever o que eu nunca iria escrever... mas tinha vontade de.
Moribundo!
Animal moribundo é o fulano que neste momento tento ouvir mas, o meu “eu” não está interessado.
Adivinha:
É animal,
está Moribundo
é ultra direitinha!
Então ninguém adivinha???
Utilizei esta frase quando tive que falar sobre um camarada e muito amigo meu, de 78 anos.
«De velho ele não tem nada.
Bem, talvez de velho só o facto de ser um velho amigo.
Mas de jovial e sábio ele tem muito»
Bjs para os dois e um beijão para o Mounty.
GR
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