domingo, setembro 30, 2007

E um cursinho de civismo?...

... para as pessoas (melhor diria, as gajas e os gajos) que se sentam num banco de espera (na Rodoviária, por exemplo) ocupando o espaço a que teriam direito e mais os adjacentes... não pelo volume do corpo, não por qualquer deformidade, mas pelos volumes que depositam ao lado, pelo modo como distribuem o corpo pelos assentos, em suma, por desrespeito pelos outros;
... para as pessoas (melhor diria, as gajas e os gajos) que param os carros nos lugares de estacionamento parecendo que o fizeram procurando que, daquela maneira – e só daquela –, o seu carrinho tome o espaço em que caberiam três... não pelo tamanho da viatura, nem por dificuldade de manobra, mas por “comodidade”, por imbecilidade, em suma, por desrespeito pelos outros.

Será isto jornalismo?

A senhora ministra da cultura, que - a meu ver -, pela sua política, não merece maíusculas, bem pelo contrário, foi entrevistada para o Expresso. Será ela muito pretenciosa, terá ela bebido excessiva água benta, mas isso não pode permitir jornalistas que a entrevistaram, e que para isso a convidaram a almoçar, a tratarem-na como o fizeram.
A dra. Pires de Lima terá ficado a saber qual é o preço de dizer que "não meteu o marxismo na gaveta" e de mostrar desinteresse por um livroZito.

Entre a guerra e a paz, a Paz como necessidade

Realizou-se, em Lisboa, nos dias 28 e 29 de Setembro um “Encontro Europeu em Defesa da Paz”, iniciativa do Conselho Português para a Paz e a Cooperação (CPPC), do Conselho Mundial da Paz (CMP) e do Grupo da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica (GEUE/EVN) do Parlamento Europeu.

Foram dois dias de debate sério, aprofundado, sobre o modo de promover a Paz, com participações muito variadas, mas todas muito válidas, vindas dos promotores e de 19 movimentos da Paz presentes (da Alemanha, Bélgica, Chipre, Dinamarca, Espanha, França, Geórgia, Grécia, Polónia, República Checa, Sérvia, Suiça e Turquia).

Sendo este um artigo de opinião (que me foi pedido), e não um trabalho de reportagem, vou transcrever o que tive a oportunidade de dizer, ao presidir a uma das mesas de debate, sob o tema “em defesa da paz, contra o militarismo e a guerra”, em representação do CPPC.

Mas, antes, sublinho duas notas que particularmente me tocaram.

Na sua intervenção como secretário-geral do CMP, o grego Pafidis, também deputado no PE, confrontou a ordem de trabalhos do encontro com a ordem de trabalhos da “reunião informal dos ministros da defesa da União Europeia”, no âmbito da presidência portuguesa, que no mesmo fim-de-semana se realizava em Évora. Do confronto resulta evidente que uma O.T. é de uma reunião de quem defende a Paz, enquanto que a outra O.T. é de ministros da guerra e não de ministros da defesa. E não é uma questão de semântica...

Na sua intervenção, como deputado do GEUE/EVN, Pedro Guerreiro leu o nº 2 do artigo 7º da Constituição da República Portuguesa (depois de todas as revisões) – 2. Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos. Pelo que, se respeitasse a CRP a que está obrigado, o representante do governo português deveria estar no encontro de Lisboa e não na tal reunião informal de ministros da UE. Bem pelo contrário, presidiu a uma e terá contribuído decisivamente para que a outra tenha sido ignorada – ou desvirtuada – na comunicação social.
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Na minha introdução ao tema na mesa que dirigi, trouxe algumas reflexões que há muitos anos me acompanham (e que para aqui transformo em artigo de opinião), a partir de um ofício do CPPC que recentemente recebi, e que começa assim: “A Paz é condição essencial para…” e que pede… o pagamento de quotas aos “militantes da Paz”.
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Começando por afirmar a minha total concordância com o apelo – a que, aliás, correspondi –, essa formulação suscitou-me uma reflexão que há mais de 20 anos me acompanha.
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Na verdade, na Assembleia para Paz realizada em Copenhaga em 1986, talvez cansado de tanto ouvir falar na necessidade da Paz para e da argumentação, a que chamaria orçamental, de que, em Paz, sem as despesas com as armas e a guerra, seria possível usar os meios delapidados em escolas, hospitais e muito mais em benefício das populações, dentro de mim ouvi um grito a berrar-me que a Paz é uma necessidade, ponto final! Não é uma necessidade para que…

E nestes 20 anos tenho reflectido e “burilado” a reflexão sobre a Paz como necessidade, e a repetir a “tese” quando oportuno ou quando oportuno me parece.

Se há 20 anos, no final dos anos 80, essa asserção me parecia justa e imperiosa, ilustrada pelo complemento de que a Paz era uma necessidade do socialismo, enquanto macro-estruturas reais, em contrapartida, a guerra era uma necessidade do capitalismo dado o peso e a influência crescentes do complexo industrial-militar, nos 20 anos que passaram isto terá sido confirmado.

A dita “guerra fria”, na luta de classes ao nível inter-nações, foi vitoriosa para um dos lados (também) porque conseguiu impedir que a Paz (a coexistência pacífica) prevalecesse, porque a guerra (a qualquer temperatura) ditou as suas leis e obrigou o lado que necessitava da Paz a dedicar-se ao seu contrário.

Estas duas décadas confirmam que o imperialismo tem necessidade da guerra, que as armas – e o seu consumo – são uma mercadoria vital para o sistema (além de letal para a Humanidade), que se não há “inimigos” há que os inventar, que há que – como foi dito por outro interventor no debate – “criar o medo!”, o medo que justifica a corrida armamentista, as ingerências, as agressões e as ocupações.

E se a Paz cada vez mais se confirma como necessidade da Humanidade, a guerra é uma necessidade anti-Humanidade, des-humana, parecendo estar condenada a que nas armas e na sua utilização se procure a saída para as crises.

A ameaça é sempre maior porque os meios são progressivamente mais perigosos para a Humanidade em si, como no encontro algumas contribuições muito interessantes o comprovaram. É a própria Humanidade que está em risco.
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Como regra, não há que ter pressa, tem de ser nossa conduta, de gente de esquerda e pela Paz, não se precipitar, mas há que não perder tempo. Porque a defesa da Paz, e a mobilização para ela, é urgente.

sábado, setembro 29, 2007

Foi pena...

A reunião começava às 9 horas. Mesmo a chegar, de táxi, ainda ouço o começo do noticiário da hora certa. As eleições do PSD, Luís Filipe Menezes para aqui, Luís Filipe Menezes para acoli. Enquanto pago a "corrida" resmungo com os meus botões "o que é que eu tenho a ver com isto...".
O taxista olhou para mim, pareceu-me surpreendido, e enquanto me entregava o troco ainda me disse "também acho... o que é que a gente tem a ver com isto..."
Despedimo-nos convictos, os dois, que podia ter sido o começo de uma conversa interessante. Foi pena...

quinta-feira, setembro 27, 2007

Duas confissoes aparentemente contraditórias

1ª - a meu ver, confesso que se tivesse de escolher um "político" que, no seu percurso de vida, ilustrasse o mal que esses senhores entre-aspas têm feito à democracia, pela imagem que têm dado da política, ele seria o dr. Pedro Santana Lopes; cá por coisas minhas, nunca esquecerei como paradigmática (e esta, hem?) a entrevista que deu ao Jornal, no final dos anos 80, em que teve a desvergonha de dizer que ia para deputado no Parlamento Europeu para sanear as suas finanças pessoais que estavam por baixo, sem se lembrar que essa sua opção passava por votos e por um mandato em representação do povo português.
2ª - confesso que foi com verdadeira satisfação que soube que o "político" Pedro Santana Lopes, ao ter sido interrompida a entrevista na televisão para que (presumo) fora convidado, por causa de um directo da chegada do treinador José Mourinho (acho que é da Silva, mas se não é podia ser...) a um qualquer aeroporto, se levantou e se foi embora sob protesto; terá sido por acaso, mas dignificou a qualidade em que ali estava, de "político", apesar das aspas em que insisto.

Completamente baralhado...

Acabo de chegar de uma curta viagem de carro, em que apanhei um noticiário e um resumo de notícias da RDP1, e estou completamente baralhado:
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Não sei se é na Birmânia que foi descoberta uma colónia de militantes do PSD, se é na Amazónia que não há portugueses que, no entanto, se devem dirigir a uma qualquer embaixada de um país da União Europeia, quantos manifestantes foram atingidos por uns disparos feitos para o ar num país parece que na América do sul, se o novo record do euro no salto em altura com o dolar foi homologado, se a conferência de imprensa do Benfica vai ser protagonizada por Luís Filipe Menezes e foi adiada, se uma senhora chamada Manuela Ferreira Leite errou na arbitragem do jogo do Estrela da Amadora e que é por isso que não sei quem do governo se quer demitir porque está farta de ser sempre contra os pequenos que se tomam as decisões de fora de jogo, e fiquei sem saber se os heróis do rugby ganharam à Austrália ou lá a quem foi e subsituiram os heróis do mar no hino nacional.
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Ah!, a culpa da baralhação não é dos profissionais da emissora que já foi nacional mas minha e da conjuntura.
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Vou tomar um comprimido e tentar dormir a sesta.

quarta-feira, setembro 26, 2007

10 tópicos de uma intervenção, ontem, na audição para a Conferência Económica do Partido:

1. a Conferência, oportunidade de revigorar o casamento (que tem de ser, este..., para toda a vida) do ideologico com o concreto (praxis)
2. o momento actual do capitalismo – as contradições e crise(s)
3. o ataque final ao “Estado social”, resultado de compromissos para uma “paz social”, reflexo de um estádio da relação de forças na luta de classes
4. a previsão do recurso a Keynes como salva-vidas do capitalismo
5. capitalismo --> capital não só na acepção material ou de sistema mas também na acepção de relação social de produção
6. a força de trabalho como mercadoria… mas mercadoria especial porque cria valor e mais-valia
7. a plena assumpção do Estado como sendo de classe
8. o lugar e o papel de Portugal na divisão europeia e internacional/globalizada do trabalho e do partido da classe operária e dos trabalhadores
9. este “rectângulo à beira mar plantado” e os “heróis do mar” mas não pescadores… que a pesca é para os outros e a gestão dos recursos marinhos para a “comunidade”
10. o local e a luta, a luta no local/nacional, as propostas de mudanças credíveis mas que nunca podem perder o objectivo da transformação social, da sociedade

domingo, setembro 23, 2007

Será isto jornalismo?

No Expresso de ontem, sob o título PCP com programa na presidência da UE , pode ler-se: "Alternativa. Os comunistas participam, durante a presidência da UE, num conjunto de iniciativas que visam defender políticas alternativas. A primeira terá lugar em Lisboa a 28 e 29 de Setembro, sobre os temas flexigurança e projecto do tratado de África. Este encontro é promovido pelo Grupo da Esquerda Europeia Unitária, Esquerda Verde Nórdica, o Conselho Mundial da Paz e o Conselho Português para a Paz e a Cooperação."
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Ora eu recebera um convite do Conselho Português para a Paz e a Cooperação para participar, nos dias 28 e 29, num Encontro Europeu em Defesa da Paz, que aquele Conselho (CPPC) organiza em colaboração com o Grupo da Esquerda Unitária Europeia-Esquerda Verde Nórdica do Parlamento Europeu, o que é bem diferente do que o semanário informa.




1. O PCP, Partido Comunista Português, já fez e fará iniciativas - inclusivé sobre flexigurança - para apresentar alternativas às políticas com que nos "brindam" Governo e UE (ordem dos factores arbitrária);


2. A iniciativa que terá lugar a 28 e 29 de Setembro não é promovida pelo PCP, mas pelas entidades que a estão a organizar, onde também há comunistas... o que será, eventualmente, difícil de aceitar por alguns;


3. O tema é o da Defesa da Paz - Desmilitarizar a Europa, Defender a Paz, e realizar-se-á no Hotel Zurique, com início às 14.30 de 28;


4. O tal Grupo referido na "notícia" é do Parlamento Europeu - o que é omitido - e, segundo o convite, participarão nessa iniciativa deputados europeus gregos, checos, alemães, holandeses e outros que não são deputados, já não são ou nunca o foram.
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5. O que é aquilo do "projecto de tratado de África"?

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Faz a sua diferença, não faz?

Tão inteligente, e diligente, e indigente

O sr. Vasco Pulido Valente escreve (após "Sócrates liquidou o PS e o que resta da esquerda") que o PCP é "um simples sintoma do atraso indígena", o que deve querer dizer diversas coisas.
Deveríamos tentar perceber, porque escribas como este têm de ser descodificados, de tal maneira o seu pensamento é profundo, as suas leituras actualizadas e bem digeridas, as suas conotações são várias e desvairadas...
Ou então não. Ou então será tudo muito simples: o sr. VPV não consegue é perceber como é possível que, em Portugal, não tenha sido ainda destruído um PC como é o que português é. Pelo que, considerando isso - o não perceber... -, uma outra impossibilidade, conclui que só pode ser sintoma de atraso... e indígena.
É que aquele senhor é de outra classe. Civilizada.
É isso. E, como não há classes, não pode existir um partido da classe operária e dos trabalhadores. Classe que, evidentemente, não há. Que deixou de haver. A não ser, talvez..., onde o atraso é indígena.
É mesmo, de tão inteligente, indigente.

sábado, setembro 22, 2007

O "meu" primeiro capitão de Abril...

Nas "opiniões" que vai publicando no Alentejo Popular, Varela Gomes faz-me recuar 45 anos, e percorrer estes anos tão vividos!


Lembro o jovem capitão que teve a coragem de ser candidato pela "oposição democrática" em 1961, e que fez uma campanha empolgante, passando pela apertada malha da repressão e da censura, quer da civil quer da castrense. Como ele me entusiasmou!, ao jovem de 25 anos que eu era, e como, depois, sofri (e chorei, sim, chorei!) a notícia vinda de Beja que o dava como morto no assalto ao quartel.


E é neste jornal de Beja que o reencontro quase quinzenalmente, com a mesma coragem, a mesma capacidade de expressão, a mesma virulência de linguagem, talvez - porque não dizer ? - os mesmos excessos, provocando-me a mesma admiração. Seremos - talvez! - irrecuperáveis e, diria..., ainda bem.
Do "meu" primeiro capitão de Abril, transcrevo este pedaço publicado a 20 de Setembro:
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"(...)Na realidade, a esquerda não sente dificuldades em derrotar a direita no combate de ideias... nas poucas oportunidades que a muralha censória deixa escapar. Remetida para uma semiclandestinidade mediática, a esquerda tem que recorrer a exploração das múltiplas e frequentes contradições, manifestadas pela direita capitalista, nomeadamente pela facção/partido que esteja exercendo funções de governo, numa espécie de luta de guerrilha político/ideológica, cujo objectivo último é o desequilíbrio psicológico do adversário. Por esta via - colocando em confronto constante o afirmado/prometido com os posteriores resultados e opções - a verificação da competência administrativa torna-se imediata. Qualquer comum cidadão entende a rudimentar contabilidade entre o Deve (o prometido a cobrar) e o Haver (o recebido ou conseguido). O saldo negativo - e todos os governos burgueses de 1976 para o actual acabaram no vermelho - torna inevitável a acusação de incompetência, que as estatísticas europeias e mundiais confirmam.(...)"

Bem-estar

Aquele barquito está ali,
parado, no meio das águas que brilham,
para que eu o veja
(e fotografe se a máquina estivesse “à mão”… e está);
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aquele barquito tem, dentro, um homem que ali o pôs,
e ali estão, ele e o homem,
o homem talvez pescando,
decerto bem-estando
neste parado meio de dia solarengo de Setembro na Foz do Arelho.

Paz

Ainda a tempo, ainda nos restos do dia que foi o "dia da paz", para afirmar o que há 20 anos "descobri": que a Humanidade não necessita de paz para, que a paz é uma necessidade da Humanidade!
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Nos painéis de S. Vicente,

segundo Gonçalo Morais Ribeiro

terça-feira, setembro 18, 2007

Num sítio especial, uma apresentação especial

A apresentação de Onde estava Vossa Mercê nos painéis?, nos Castelos de Ourém.
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(fotografia de Odete Pereira, em quem agradeço a presença de todos os amigos, e as mensagens de outros para o autor e para o editor - SR)

quinta-feira, setembro 13, 2007

GMR e SdaT na página de Jorge Listopad do Jornal de Letras




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Na página que publica semanalmente no Jornal de Letras, na última edição, Jorge Listopad refere-se à edição da Som da Tinta Onde estava Vossa Mercê nos painéis?, da autoria de Gonçalo Morais Ribeiro.
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O livro será apresentado, em Ourém, no dia próximo domingo, 16, pelas 17 horas, nos Castelos.

terça-feira, setembro 11, 2007

11 de Setembro...

... de 1973!
Estava em Paris.
Numa esplanada instalada num passeio, como se aquele passeio existisse para ali se colocar aquela esplanada parisiense.
Jantava, ou comia qualquer coisa porque as notícias me tinham tirado a vontade de tudo... talvez apenas de comer.
Apetecia-me chorar. De raiva. De impotência. Era, naquele dia, em Santiago do Chile, o que já tinha sido em tanto sítio. De outras maneiras.
O que viria a ser, depois de então em tantos outros. De outras maneiras
O virá a ser, ainda, em mais lugares. De outras maneiras.
Sempre, o imperialismo.
Ao lado, uns jovens, com ar de bem engravatados tecnocratas, jantavam alegremente. Por coincidência, falavam castelhano. Mas éramos, ou estávamos, em mundos diferentes. E nada me dizia que, sendo diferentes os mundos em que, naquele momento, estávamos, houvesse diferenças profundas que nos separassem.
Só senti que esses dois mundos, ali contíguos, ali não antagónicos, se tocavam, que algo os unia, quando os vi trincar uns vermelhíssimos e suculentos morangos com os seus dentes muito brancos...
Um arrepio percorreu-me o corpo todo. Ainda hoje o lembro.

segunda-feira, setembro 10, 2007

Isto é verdadeiramente inacreditável... e ignominioso.

Está um cidadão (comunista... mas cidadão, ou melhor: cidadão porque comunista e comunista porque cidadão) a "curtir" o dia seguinte à Festa, em que tantos cidadãos não comunistas abraçou, com quem (con)viveu a Festa, e, ao ler os jornais, fica pasmado. Embora só o fique porque está ainda sob efeito da Festa, desprevenido, naquela bonomia de viver em camaradagem, de (con)viver em solidário respeito pelos outros.
Mas o que aparece escrito sobre a Festa é uma ameaça. Pelo que é omitido, pelo que é bolsado. Há coisas que se lêm que são inconcebíveis, ou só se podem conceber como produto de mentes perversas, de gente pequenina, vingativa, má, que não pode suportar que haja uma Festa como esta! A hipótese da Festa do Avante ser ilegal é uma verdadeira monstruosidade... legalizada.
Só há, agora, agora neste momento, uma saída, a da ironia (amarga, sem graça, mas ironia): de certeza que as contas daquela festa (se festa foi) lá na Madeira estão muito atrasadas, e nunca estarão fechadas, com todos os recibos que têm de se encontrar para todos os copos de tudo que o sr. Jardim bebeu em todas as tascas! Comecem por aí, e a Festa do Avante fica completamente descansada.
Bom... é isso: não há pausas para a luta. A Festa também é luta. E dá-nos tanta força para a luta contínua que continua!

De volta

Aqui estou. De volta a esta cadeira e secretária e computador. Corpo cansado e "baterias cheias". Claro que vou falar da Festa. Mas antes de o fazer, quero deixar um pequeno apontamento que tenho aqui pelos papeis onde guardei algumas impressões que não queria que se perdessem no aperto dos abraços, na alegria dos reencontros anuais, pelos Setembros de cada ano.
Como nos anos anteriores, estive na Festa enquanto se construia a cidade que a ia acolher. Este ano, uma tarefa - participar na emissão, em directo, da rádio comunic - levou-me à Atalaia na véspera, na quinta-feira. E, depois de cumprida a tarefa, andei por ali. Horas, passeando devagar, calmamente, observando, respirando aquele "ar de Festa" que se está a fazer antes da Festa começar, e a que dei um título que já várias vezes usei porque há, sempre, a festa da Festa antes da Festa:
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A festa da Festa antes da Festa

Há os que se vê mesmo que são profissionais que aqui estão a aplicar alegremente, livremente, o que, noutros sítios, têm de vender – a sua força de trabalho;
há os que se vê mesmo que, na chamada vida que vidinha é, não é isto que fazem, e procuram, desajeitadamente, ajudar, fazer o que nunca aprenderam a fazer;
há os que, tronco nú ou com pedaços de panos cobrindo os seios, se passeiam, sem fazerem esforços para disfarçar, embora de vez em quando dêem uma mãozinha...;
há os que orientam, e andam num virote,... orientando, umas vezes bem outras vezes talvez, pegando as pontas todas – e tantas são -, e que são os "responsáveis";
há os que aqui passaram as férias, e são os que exibem o “bronze da festa”, que conhecem todos os cantos à casa e são homens e mulheres para todas as tarefas;
há aquele grupo de jovens, ali sentadas no espaço do palco 25 de Abril, à roda de uma garrafa de água (sim, naquele caso era de água!), conversando animadamente;
há os que ensaiam, lá em cima, no palco grande – agora, é o Sérgio Godinho –, pára aqui, recomeça ali, e cá em baixo, por perto, atentos, está quem esteja a ouver o espectáculo e a aplaudir e a trocar "bocas" com os de lá de cima;
há um ambiente outro, e há uma palavra que me toma e que quer ser escrita: camaradagem! C’est un joli nom, camarade!, como cantava o outro que é francês (o Jean Ferrat);
há uma frase que retiro e retenho de paredes levantadas e acabadas de pintar: “A paz não sai na raspadinha”;
há esta outra e muitas mais: “O imperialismo é a véspera da revolução social do proletariado. Isto foi confirmado à escala mundial desde 1917” - Lenine (e, por isso, este ano com alegria e confiança assinalamos, como o devemos, o 90º aniversário da grande revolução);
e há eu, que por aqui ando como se estivesse no céu... se céu houvesse para nele humanos passearem.

quinta-feira, setembro 06, 2007

Aviso à eventual navegação







Informação/convite

No dia 16 de Setembro, domingo, às 17 horas
a
vai promover, num torreão dos Castelos de Ourém
(disponibilizado pela Câmara Municipal),
um debate-apresentação de:

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(uma maneira original,
fundamentada numa longa investigação,
de levantar uma questão que atravessa
a nossa História)




com o autor,
Gonçalo Morais Ribeiro


e “Vossa Mercê”
….onde vai estar no dia 16?

quarta-feira, setembro 05, 2007

Vida de gato burguês com pretensões aristochat...as


Nesta casa, de que sou “gato único”, de vez em quando agitada – agitada a casa e perturbado eu – por visitas de amigos (deles), estágios de hoquistas (coisas dele…), filhos e netos de outros, que são o pior bicho que há,
nesta casa onde já tive a companhia de duas Justines que, imprudentes e imprevidentes – bem as avisei –, se deixaram atropelar e que saudades deixaram (particularmente neles, embora em mim também apesar de melhor me sentir sozinho), e de que já tive de correr com outros da minha espécie que, atrevidos, se atreveram a pisar-me os domínios
nesta casa, sou – tirando os acima referidos interregnos regicidas ou tão-só de lesa majestade – rei e senhor, de aquém e de além piscina, e protagonista, a partir dela, de blogs e de clubes de fans,
nesta casa, em que sou “gato único”, tenho entrada privativa e exclusiva, com tapete como fronteira para os campos campos campos por onde me perco, tapete onde me acoito a apanhar sol matinal aguardando escovadela e festas na barriga e debaixo do queixo… por vezes à espera que me fotografem.
Ora aqui estou, neste regresso fugidio a este fotógrafo e a este blog.

Mostrando...

... avô feliz com neto emprestado
ou avô emprestado com neto desconfiado

segunda-feira, setembro 03, 2007

Onde estava Vossa Mercê nos painéis?


No termo e nos termos deste seu labor, usando e abusando das disjuntivas, vem o editor e actor de outros estatutos, deixar duas palavras (que sempre mais que duas são…) em honra e louvor de quem congeminou e foi autor desta obra.
Totus in illis, Gonçalo Morais Ribeiro, que parece ter querido fugir a deixar a sua identificação para além de três iniciais arrevesadamente responsabilizadoras, fez das “tábuas” jangada sua, e por elas e nelas viajou, descobrindo caminhos novos, julgando outros ter descoberto, alguns inventando com imaginação e mão fina e afinada.
A outréns, doutores e professores, caberá, ou melhor: caberia, avaliar o mérito (e talvez o atrevimento) desta viagem em que G.M.R. se investiu e revestiu de por vezes curiosas roupagens, e por via da qual se entranhou adentro estranhas gentes, cousas e feitos.
A nós, das edições e de outras (boas) acções e (malas) artes, coube transformar o metódico e caótico (sim, as duas coisas!) original neste volume.
Em nome de

domingo, setembro 02, 2007

Comparacitação

No actual do Ávante!, Vasco Cardoso publica um pequeno e excelente texto sobre o anúncio, pelo primeiro ministro, da possibilidade dos estudantes do Ensino Superior recorrerem ao crédito bancário para o financiamento dos seus estudos. A perspectiva da educação/formação ser encarada como um investimento lembrou uma "mesa-redonda" publicada na revista "Política Económica-Economia Política", há cerca de 35 anos, sobre o tema, e que a censura/aviso prévio apreendeu.

Mas, faça-se a citação de extracto do texto de Vasco Cardoso:


(...) Com prejuizo de alguma simplificação da complexa teia que está a ser urdida, a lógica que o Governo quer implementar é esta: o ensino é um negócio; as universidades são empresas; os estudantes são clientes; o conhecimento é um produto. Os lucros, esses, ficam para a banca que sem riscos (uma vez que o Estado os assume) amarra milhares de jovens ao pagamento de uma dívida de largos milhares de euros no início da sua (cada vez mais precária) vida activa, (...)

sábado, setembro 01, 2007

A FESTA!

A Festa que fazemos
A Festa que é feita por nós
A Festa que é feita para nós
A Festa que queremos que também seja para outros
que como nós são
... só que ainda não o sabem.

(de um comentário a um outro blog)