Realizou-se, em Lisboa, nos dias 28 e 29 de Setembro um “Encontro Europeu em Defesa da Paz”, iniciativa do Conselho Português para a Paz e a Cooperação (CPPC), do Conselho Mundial da Paz (CMP) e do Grupo da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica (GEUE/EVN) do Parlamento Europeu.
Foram dois dias de debate sério, aprofundado, sobre o modo de promover a Paz, com participações muito variadas, mas todas muito válidas, vindas dos promotores e de 19 movimentos da Paz presentes (da Alemanha, Bélgica, Chipre, Dinamarca, Espanha, França, Geórgia, Grécia, Polónia, República Checa, Sérvia, Suiça e Turquia).
Sendo este um artigo de opinião (que me foi pedido), e não um trabalho de reportagem, vou transcrever o que tive a oportunidade de dizer, ao presidir a uma das mesas de debate, sob o tema “em defesa da paz, contra o militarismo e a guerra”, em representação do CPPC.
Mas, antes, sublinho duas notas que particularmente me tocaram.
Na sua intervenção como secretário-geral do CMP, o grego Pafidis, também deputado no PE, confrontou a ordem de trabalhos do encontro com a ordem de trabalhos da “reunião informal dos ministros da defesa da União Europeia”, no âmbito da presidência portuguesa, que no mesmo fim-de-semana se realizava em Évora. Do confronto resulta evidente que uma O.T. é de uma reunião de quem defende a Paz, enquanto que a outra O.T. é de ministros da guerra e não de ministros da defesa. E não é uma questão de semântica...
Na sua intervenção, como deputado do GEUE/EVN, Pedro Guerreiro leu o nº 2 do artigo 7º da Constituição da República Portuguesa (depois de todas as revisões) – 2. Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos. Pelo que, se respeitasse a CRP a que está obrigado, o representante do governo português deveria estar no encontro de Lisboa e não na tal reunião informal de ministros da UE. Bem pelo contrário, presidiu a uma e terá contribuído decisivamente para que a outra tenha sido ignorada – ou desvirtuada – na comunicação social.
Foram dois dias de debate sério, aprofundado, sobre o modo de promover a Paz, com participações muito variadas, mas todas muito válidas, vindas dos promotores e de 19 movimentos da Paz presentes (da Alemanha, Bélgica, Chipre, Dinamarca, Espanha, França, Geórgia, Grécia, Polónia, República Checa, Sérvia, Suiça e Turquia).
Sendo este um artigo de opinião (que me foi pedido), e não um trabalho de reportagem, vou transcrever o que tive a oportunidade de dizer, ao presidir a uma das mesas de debate, sob o tema “em defesa da paz, contra o militarismo e a guerra”, em representação do CPPC.
Mas, antes, sublinho duas notas que particularmente me tocaram.
Na sua intervenção como secretário-geral do CMP, o grego Pafidis, também deputado no PE, confrontou a ordem de trabalhos do encontro com a ordem de trabalhos da “reunião informal dos ministros da defesa da União Europeia”, no âmbito da presidência portuguesa, que no mesmo fim-de-semana se realizava em Évora. Do confronto resulta evidente que uma O.T. é de uma reunião de quem defende a Paz, enquanto que a outra O.T. é de ministros da guerra e não de ministros da defesa. E não é uma questão de semântica...
Na sua intervenção, como deputado do GEUE/EVN, Pedro Guerreiro leu o nº 2 do artigo 7º da Constituição da República Portuguesa (depois de todas as revisões) – 2. Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos. Pelo que, se respeitasse a CRP a que está obrigado, o representante do governo português deveria estar no encontro de Lisboa e não na tal reunião informal de ministros da UE. Bem pelo contrário, presidiu a uma e terá contribuído decisivamente para que a outra tenha sido ignorada – ou desvirtuada – na comunicação social.
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Na minha introdução ao tema na mesa que dirigi, trouxe algumas reflexões que há muitos anos me acompanham (e que para aqui transformo em artigo de opinião), a partir de um ofício do CPPC que recentemente recebi, e que começa assim: “A Paz é condição essencial para…” e que pede… o pagamento de quotas aos “militantes da Paz”.
Na minha introdução ao tema na mesa que dirigi, trouxe algumas reflexões que há muitos anos me acompanham (e que para aqui transformo em artigo de opinião), a partir de um ofício do CPPC que recentemente recebi, e que começa assim: “A Paz é condição essencial para…” e que pede… o pagamento de quotas aos “militantes da Paz”.
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Começando por afirmar a minha total concordância com o apelo – a que, aliás, correspondi –, essa formulação suscitou-me uma reflexão que há mais de 20 anos me acompanha.
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Começando por afirmar a minha total concordância com o apelo – a que, aliás, correspondi –, essa formulação suscitou-me uma reflexão que há mais de 20 anos me acompanha.
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Na verdade, na Assembleia para Paz realizada em Copenhaga em 1986, talvez cansado de tanto ouvir falar na necessidade da Paz para e da argumentação, a que chamaria orçamental, de que, em Paz, sem as despesas com as armas e a guerra, seria possível usar os meios delapidados em escolas, hospitais e muito mais em benefício das populações, dentro de mim ouvi um grito a berrar-me que a Paz é uma necessidade, ponto final! Não é uma necessidade para que…
E nestes 20 anos tenho reflectido e “burilado” a reflexão sobre a Paz como necessidade, e a repetir a “tese” quando oportuno ou quando oportuno me parece.
Se há 20 anos, no final dos anos 80, essa asserção me parecia justa e imperiosa, ilustrada pelo complemento de que a Paz era uma necessidade do socialismo, enquanto macro-estruturas reais, em contrapartida, a guerra era uma necessidade do capitalismo dado o peso e a influência crescentes do complexo industrial-militar, nos 20 anos que passaram isto terá sido confirmado.
A dita “guerra fria”, na luta de classes ao nível inter-nações, foi vitoriosa para um dos lados (também) porque conseguiu impedir que a Paz (a coexistência pacífica) prevalecesse, porque a guerra (a qualquer temperatura) ditou as suas leis e obrigou o lado que necessitava da Paz a dedicar-se ao seu contrário.
Estas duas décadas confirmam que o imperialismo tem necessidade da guerra, que as armas – e o seu consumo – são uma mercadoria vital para o sistema (além de letal para a Humanidade), que se não há “inimigos” há que os inventar, que há que – como foi dito por outro interventor no debate – “criar o medo!”, o medo que justifica a corrida armamentista, as ingerências, as agressões e as ocupações.
E se a Paz cada vez mais se confirma como necessidade da Humanidade, a guerra é uma necessidade anti-Humanidade, des-humana, parecendo estar condenada a que nas armas e na sua utilização se procure a saída para as crises.
A ameaça é sempre maior porque os meios são progressivamente mais perigosos para a Humanidade em si, como no encontro algumas contribuições muito interessantes o comprovaram. É a própria Humanidade que está em risco.
E nestes 20 anos tenho reflectido e “burilado” a reflexão sobre a Paz como necessidade, e a repetir a “tese” quando oportuno ou quando oportuno me parece.
Se há 20 anos, no final dos anos 80, essa asserção me parecia justa e imperiosa, ilustrada pelo complemento de que a Paz era uma necessidade do socialismo, enquanto macro-estruturas reais, em contrapartida, a guerra era uma necessidade do capitalismo dado o peso e a influência crescentes do complexo industrial-militar, nos 20 anos que passaram isto terá sido confirmado.
A dita “guerra fria”, na luta de classes ao nível inter-nações, foi vitoriosa para um dos lados (também) porque conseguiu impedir que a Paz (a coexistência pacífica) prevalecesse, porque a guerra (a qualquer temperatura) ditou as suas leis e obrigou o lado que necessitava da Paz a dedicar-se ao seu contrário.
Estas duas décadas confirmam que o imperialismo tem necessidade da guerra, que as armas – e o seu consumo – são uma mercadoria vital para o sistema (além de letal para a Humanidade), que se não há “inimigos” há que os inventar, que há que – como foi dito por outro interventor no debate – “criar o medo!”, o medo que justifica a corrida armamentista, as ingerências, as agressões e as ocupações.
E se a Paz cada vez mais se confirma como necessidade da Humanidade, a guerra é uma necessidade anti-Humanidade, des-humana, parecendo estar condenada a que nas armas e na sua utilização se procure a saída para as crises.
A ameaça é sempre maior porque os meios são progressivamente mais perigosos para a Humanidade em si, como no encontro algumas contribuições muito interessantes o comprovaram. É a própria Humanidade que está em risco.
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Como regra, não há que ter pressa, tem de ser nossa conduta, de gente de esquerda e pela Paz, não se precipitar, mas há que não perder tempo. Porque a defesa da Paz, e a mobilização para ela, é urgente.
Como regra, não há que ter pressa, tem de ser nossa conduta, de gente de esquerda e pela Paz, não se precipitar, mas há que não perder tempo. Porque a defesa da Paz, e a mobilização para ela, é urgente.
1 comentário:
As guerras são irracionais, cada vez mais perigosas para toda a Humanidade!
Nós próprios estamos também desumanos, ficando frente a um televisor à espera que mais uma guerra comece!
Como poderá haver Paz se cada país incentiva a guerra?
Quanto se ganha a fazer uma Guerra? Todos nós sabemos que a guerra é muito lucrativa! O lucro é neste momento o mais importante!O assassino/Bush pode confirmar!
Que haja cooperação entre os Povos! Será que dá tempo para se defender a Paz?
“Encontro Europeu em Defesa da Paz”
Esperei poder ver um flash, uma nota de referência sobre a iniciativa, qualquer coisa que fosse, num canal mesmo a horas tardias.
Não vi, NADA! Nada deu! Espero poder ler no Avante!
É uma outra forma de se ajudar a guerra!
GR
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