segunda-feira, janeiro 10, 2011

"Passando a limpo"

Acordai,
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis(...)
José Gomes Ferreira
.
De repente, e de há uns dias para hoje, sinto-me assaltado por esta ideia-tema-imagem que não me larga e pede desenvolvcimento e debate:
  • para nós, que da democracia temos um conceito e queremos ter uma prática coerente, nada se pode resumir ao gesto de votar de 4 em 4 anos, ou de 5 em 5 anos, para escolhermos, com a "informação" que temos, quem nos represente;
  • a vertente participativa da democracia, tal como concebemos a democracia - e por ela lutamos -, não pode ser - não podemos consentir que seja! - subalternizada, subordinada à vertente representativa, esquecida;
  • daqui, ou aqui chegados, poderíamos partir para a reflexão sobre os limites da democracia política burguesa numa sociedade de classes em que o económico e financeiro domina a organização social, o político enquanto acção organizada dos humanos:
  • mas, por agora apanhando um atalho (a talhe de foice...), diria que os outros-nós, as massas, o seu esclarecimento, a sua tomada de consciência, a mobilização para a luta, a luta de massas é absolutamente prioritária, prevalece sobre a (r)estrita democracia política, o voto nada ou mal ou pouco informado, interminente e assemelhado a "cheque em branco", a demissão, a passagem a espectador passivo de quem é actor e principal;
  • mas o voto é um termómetro (esta a imagem que não me larga...): diz-nos, ou pode dizer-nos muito sobre o estado das massas, com as abstenções, os votos nulos, o votos em quem;
  • estudar, ainda que com relativa superficialidade, a votação de 2006, correlacionar os votos entre Cavaco Silva e Jerónimo de Sousa (tanto ensinamento!), e onde, dá-nos uma ideia da "temperatura" há 5 anos;
  • comparar os votos em Cavaco em 2006 com o que serão os votos em 2010, depois do que vivemos neste lustro, ensinar-nos-á muito sobre como as massas reagiram ao que vivemos e estamos em vésperas de viver, como nós fomos capazes de ser o que queremos ser, com a força que temos, com toda a batalha de silenciamento e de mentira perversa, de adulteração e inversão dos nossos conceitos e objectivos, que contra nós é movida.

Sem comentários: