Declaração de Jerónimo de Sousa,
Secretário-Geral do PCP,
sobre o desenvolvimento do processo de intervenção externa,
designadamente o contacto com o PCP
por parte do FMI/UE/BCE
1. O PCP foi hoje contactado para um encontro com o grupo do FMI, União Europeia e BCE, executor de uma ilegítima intervenção externa em Portugal. Arvorando-se já em mandantes do país, este contacto integra e insere-se no processo de ingerência, roubo e desastre dirigido contra o país que o PCP rejeita e combate. Um processo que, não resolvendo nenhum problema do país, constituirá um novo e mais grave factor de agravamento da exploração dos trabalhadores, de ampliação da injustiça e desigualdades sociais, de declínio económico e de dependência externa.
2. Perante este rumo desastroso e num momento crucial para o país, o PCP diz Não! a este caminho de afundamento e de comprometimento do futuro de Portugal. Há alternativa. O PCP diz Sim! a uma política patriótica e de esquerda, que no imediato impõe a renegociação da dívida externa (prazos, juros e montantes); a diversificação das fontes de financiamento; a acção convergente com outros países vítimas da especulação financeira e do Euro; a aposta na produção nacional (produzir mais para dever menos); a redução das importações, a par do aumento das exportações e a diversificação das relações comerciais.
3. Em coerência com esta posição, essencial à defesa dos interesses nacionais, o PCP rejeita o seu envolvimento num processo que constitui uma inaceitável atitude de abdicação e submissão nacional. Reafirmando a sua determinação de intervir a todos os níveis na defesa dos interesses do país e colocando a exigência de informação, a que institucional e politicamente tem direito, o PCP transmitiu já a sua recusa à reunião proposta.
4. Esta mesma posição foi expressa pelo PCP ao Primeiro-Ministro com inteira clareza, afirmando a sua frontal rejeição a uma intervenção externa, em si mesmo comprometedora do futuro da vida dos portugueses, do país e das suas perspectivas de desenvolvimento soberano. Rejeição que não anula a exigência e direito do PCP de ser informado pelo Governo português do conjunto de dados e elementos sobre a real situação financeira, económica e orçamental do país, os seus concretos compromissos e as disponibilidades e recursos próprios. Informação que, para lá de qualquer dimensão negocial que em absoluto rejeitamos, constitui um direito inalienável e inquestionável que não pode nem deve ser comprometido pelo posicionamento por parte do PCP no sentido de se opor a um processo e a uma intervenção que só contribuirá para manietar o país, aprofundar a sua subordinação ao capital internacional e justificar mais exploração, injustiças e pobreza. Informação que, mesmo no quadro das suas funções de gestão, só o Governo e as instituições nacionais vocacionadas para o efeito devem dar e não qualquer entidade estrangeira ou supranacional sem legitimidade.
5. Perante o contacto hoje recebido que contraria estes pressupostos de relacionamento, que o PCP não pode aceitar, reafirma-se a exigência da informação que é devida, hoje mesmo reiterada junto do Governo.
6. Perante esta intervenção externa e o que lhe está associado – roubo nos salários, cortes nas prestações sociais, redução das funções sociais do Estado, privatizações, apoios à banca e aos grupos económicos, recessão, alienação de importantes parcelas da soberania nacional – o PCP reafirma ao povo português que pode contar com a sua luta e intervenção para lhe fazer frente e a derrotar. Perante esta afronta ao povo português, é preciso haver quem diga Não!. É essa atitude que o PCP assumirá.
18.4.2011
10 comentários:
Não basta dizer NÃO, é necessário dizer SIM a outra coisa e é isso que Jerónimo de Sousa NÃO FAZ.
Qualquer pessoa, também, vê isto com TODA A CLAREZA.
Ou não vê?
Se me desse ao trabalho de pensar nos anónimos e suas chispas, ter-me-ia perguntado como é que iriam "descalçar esta bota".
A cegueira é tanta que o fizeram com toda a ligeireza.
O PCP disse não ao que nos acusávamos de ir dizer sim? Então deviamos ter dito sim... a outra coisa? A quê? Ao socialismo como está dito, com toda a clareza!, em tantos documentos e na prática, e no congresso (no título!)?
s o c i a l i s m o !
Pois... mas, então, deviamos tê-lo dito agora, ao dizer não ao contacto com o FMI/UE/BCE! É isso?
Como se pode ser tão ridículo!!!!
Dizer não ao FMI/UE/BCE, mobilizar para luta contra a presença do FMI/UE/BCE em Portugal para impor as suas políticas opressoras ao serviço dos interesses do grande capital, propor no imediato um quadro alternativo para garantir a criação de bases económicas e sociais para prosseguir a luta pela independência e pelo futuro socialista, são questões desinteressantes porque significa que não dizemos o que alguns querem que o PCP diga. Tal como já aqui tenho afirmado, o PCP afirma o que colectivamente assume que deve dizer, não o que outros querem que o PCP diga. A esta postura chama-se independência política. É na independência política do PCP e no desenvolvimento criativo do marxismo-leninismo que se baseia a firmeza revolucionária do PCP.
Já agora uma provocação assumidamente objectiva: O aAnónimo sabe consegue dizer o que o PCP deve ou não deve fazer, não consegue é assumir publicamente que é. Dá que pensar, não?
Uma correcção para umas gralhas:
«(...) o Anónimo sabe e consegue dizer o que o PCP deve ou não fazer, não consegue é assumir publicamente quem é. Dá que pensar, não?»
Ricardo O, não me dá o direito de me pronunciar politicamente como anónimo, e por isso recorre ao insulto e à provocação. Para mim Ricardo pode ser com O ou sem O, é-me indiferente e além disso, para mim, tem toda a liberdade para comentar o que entender e com o nome que entender.
Anónimo (19:40):
Pessoalmente, se é isso que vosselência vê nas declarações de Jerónimo de Sousa, vejo que vosselência é estúpido. Com TODA A CLAREZA.
Ou não é?
«Ricardo O, não me dá o direito de me pronunciar politicamente como anónimo, e por isso recorre ao insulto e à provocação.»
Insulto e provocação é fazer tese e alimentar objectivamente mentiras sem se assumir. Ó homem (ou mulher) assuma-se, não se esconda, seja frontal! Sabe, ser revolucionário também passa por assumir o que se defende, o que se procura atingir. Não se esconda atrás de vestes mais ou menos vistosas de linguagem radical para desmobilizar e dividir.
Nem outra posição faria sentido!
Não deixa de ser curioso, no entanto, que o PCP seja o único Partido a ser criticado por não se sentar à mesa, quando outros partidos tomaram a mesma decisão.
Esta nossa comunicação social é um espanto...
A decisão do PCP é a que se impunha depois da sua luta de sempre contra as ingerências e as políticas que levaram o País à ruína.
Ao dizer "Não" ao FMI está a dizer "Sim" a outra política dirigida para o Povo e não para e pelos grandes senhores.
Um beijo.
O PCP pela voz do nosso camarada Jerónimo de Sousa demonstrou como Sempre a sua coerência, contra o grande capital, Sempre na defesa dos Trabalhadores, da Soberania Nacional, por um futuro melhor.
Se as medidas do FMI chegarem a sair, veremos como muitos ratos de esgoto vão fugir e outros gritar.
Bjs,
GR
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