No dia de trabalho de ontem, à volta do "portal do Instituto Nacional de Estatística" e de dados estatísticos sobre a evolução próxima dos níveis salariais por estratos profissionais (para um artigo que me foi pedido para a Confederação de Quadros), detive-me numa reflexão que me pareceu merecer ser partilhada.
O pequeno porMAIOR é que se a procura era sobre a situação salarial por estratos profissionais, de acordo com classificações (e qualificações) que nos são facultadas, tal como as nossas estatísticas as estruturam, as respostas eram num indicador ICT, que quer dizer índice de custo do trabalho.
Aqui se encontra um "aponta mentes" que não se quer deixar fugir.
O "trabalho", o uso da força de trabalho na actividade económica, tem duas maneiras de ser encarado,
i) ou pelo lado do trabalhador que, com esse uso, dispõe de condições de acesso à satisfação das suas necessidades,
ii) ou pelo lado de quem se serve desse uso para, teoricamente, criar ou proporcionar o acesso aos seres humanos ao que lhes satisfaz as suas necessidades e que é, nas predominantes relações sociais, dita economia de mercado, a procura de acumular capital aplicado (na forma-dinheiro, próprio ou emprestado, verdadeiro ou fictício).
Chame-se a uma, à primeira, óptica do rendimento (do trabalhador); chame-se a outra, à segunda, óptica do custo (da força de trabalho para as empresas).
São duas "faces da mesma moeda". Mas a "moeda" cai sempre do lado das "coroas" (dos cifrões) e nunca do lado das "caras" (das gentes).
Se. para trabalhar as representações da realidade que são as estatísticas, se tem de dar a volta aos dados (e nem sempre é possível, ou se é capaz), aquilo que se tem de fazer, para que se valorize o que se considera essencial e não seja este instrumentalizado - , é dar a volta à realidade que se vive.
E quem o pode fazer senão as gentes que são as "caras", deixando para os "cifrões" o seu papel instrumental?
2 comentários:
As gentes (caras) é que podem e devem instumentalizar os cifrões para que todos possam usufruir daquilo que eles proporcionam.
É difícil mas acontecerá.
Um beijo.
Gostei do modo claro e leve com que pegaste num tema para mim sempre muito árido:as estatísticas. Eu sei, eu sei que elas não necessárias...e assim até se "lêem" muito bem!
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