sexta-feira, março 30, 2012

O Boletim da Primavera do Banco de Portugal

A publicação do "Boletim da Primavera" do BdeP é material de estudo. Para os profissionais, mas não só.
Com muita leitura, distribuída pelo seguinte índice:
I TEMA DE DISCUSSÂO
7 - Segmentação (sobre o mercado do trabalho)
II TEXTOS DE POLÌTICA E SITUAÇÂO ECONÓMICA
33 - Projeções para a economia portuguesa 2012-2013
III ARTIGOS
45 - Concorrência na economia portuguesa: uma visão sobre os setores transacionável e não-transacionável
63 - Instituições orçamentais e volatilidade da despesa pública na Europa
81 - O custo de bem estar da inflação com tributação distorcionária
93 - Revisitanto a eficãcia das políticas monetária e orçamental nos Estados Unidos, medida com base em modelos VAR estruturais.

Como é evidente, e cumprindo o que lhe resta de funções institucionais, o mais relevante do sumário são as projecções para a economia portuguesa. Até pelo cotejo com as projecções do Governo.
Este quadro é elucidativo:

As projecções de ontem (da Primavera) são piores que as de há uns meses (do Boletim de Inverno), além do que já se referiu noutro "post", particularmente no consumo privado: em vez de uma queda projectada de 6,0%, deixada no inverno, nesta primavera ela será de -7,3%, o que significará brutal queda do nível de vida a juntar ao dado de 2011, que não se ficou pelos -3,6% mas teria sido de -3,9%, ou seja, -11,2 pontos percentuais em vez de -9,6 em dois anos, de 100 para 89,1, isto é, -10,9% (em vez de -9,4% como antes projectado) no consumo privado, em dois anos!
Por outro lado, o que poderia ser um sinal de recuperação, a formação bruta de capital fixo (o investimento) não justifica projecções animadoras pois caíu 5,7% em 2011 em vez dos projectados -5,2%, e para 2012 a "recuperação" é para -6,2%!
Ao que se projecta, o que vai falhar serão as exportações no seu papel de bóia "salva-vidas". Como o dirá qualquer previsão com bom senso, por mais optimista que queira ser. Não só a crise do capitalismo não passou, como não se pode exportar o que não se produz. E tem de se dar prioridade à produção, ao trabalho, aos trabalhadores. Até quando caminharemos em pino... ou em marcha atrás?!

Mas sobre esta primavera (falhada) muito mais há a dizer...

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