quarta-feira, março 28, 2012

Tanta gente e Gaspar

Sou leitor semanal da página Cem por Cento do Expresso-Economia, da responsabilidade de Nicolau Santos. Nunca a total contento, nem sempre  a comento, e às vezes comento-a com dias de atraso. Mas vale a pena ler. Como é o caso.

Para o último artigo de fundo (os que são pequenos comentários também com frequência me suscitam leitura e reflexão), NS escolheu nomes e citações. O título é Juncker, Thomsen e Gaspar dizem mas não dizem tudo.

E que dizem Juncker, Thomsen e Gaspar, na selecção de NS?

Juncker diz Creio que não colocámos suficientemente a tónica na dimensão do crescimento no caso grego. Insistimos sobretudo no saneamento das finanças públicas sem dar uma solução alternativa nem deixar escolha à Grécia”. E termina (a citação) com algumas lágrimas crocodilas sobre o agravamento das condições de vida dos gregos.

E que se sublinha ter dito Thomsen (o chefe de missão "troikenta"), por via NS? “olhando agora para trás, certas mudanças deveriam ter sido feitas de forma diferente” e etc. mais "mea culpa" face às desgraçadas situações sociais.

Depois, na passagem a Gaspar, a jeito de ponte, escreve NS: “Para aliviar a dor social do ajustamento português seria necessário mais tempo e dinheiro”. E não só, dizemos nós… mas vá lá…

Já Gaspar, citado de uma entrevista justifica a citação de “duas frases deliciosa” e significativas. A segunda é do alemão Otmar Issing (economista alemão seu patrono) dirigida ao tal Gaspas (“Você está com melhor aspecto do que devia”), que NS justifica por Gaspar estar do lado dos que castigam e não dos que são castigados, sendo “o homem de confiança da troika e não o nosso homem junto da troika”.

A primeira frase, citada pelo próprio Gaspar, é do segurança do BCE que o saudou, ao vê-lo: “Welcome home, mr. Gaspar!”, que teria acertado em cheio, como diz NS, pois, “Em matéria de pensamento, Gaspar é um deles, não é um dos nossos”. Veio lá de casa deles, visitar-nos e “arrumar” a nossa casa à maneira deles. E ele, Gaspar, todo contente com a tarefa. Castigando-nos por não sermos iguais a eles.

Mas termina-se citando e sublinhando o próprio NS:

“Gaspar está convicto das suas certeza, de que é este o caminho que devemos seguir e de que consegue ensinar o cavalo a viver sem beber. Sabemos como a história acaba.”

4 comentários:

samuel disse...

Pena... que fique a meio caminho (mais coisa menos coisa).
Se for "apertado" também acaba por nos vender as inevitabilidades...

Abraço.

trepadeira disse...

O cavalo já está sem beber e sem comer.
Espero escoicinhe enquanto pode.

Um abraço,
mário

GR disse...

O que irrita é, estes fulanos reconhecem que poderia ter feito diferente, contudo, colocaram o povo (grego e português) numa miséria sem limites e numa tristeza profunda. Já o Gaspar tem o Síndrome da Pequenez e Estupidez acelerada. Conscientemente vende o seu país, rouba, maltrata, manipula, mente ao povo, com o sorriso mais parvo que há na História. Mas, nem todos vão esquecer o que esta corja nos fez.

Gd BJ

GR

Sérgio Ribeiro disse...

Samuel - Pois é!, do outro lado da estrada, descobrindo que aquele não é o caminho mas com a estranha convicção de que não há outro. Porque, por aquela estrada, só há aquele caminho...
Mas que haja contributos para o melhor conhecimento das malfeitorias!

Mário - Como vai isso? Quanto ao cavalo 'nda lá vai descobrindo que mastiagra e beber, e corre-se o risco (histórico) de escocinhar para o lado errado.Muito TEMOS DE TRABALHAR!

GR - Pois é, é o capitalismo e assim acontece porque há quem muito beneficie com tudo isto. A curto prazo e suicidariament... mas eles, por muito que vivam, sabem não ser ternos. A questão está em nós, efémeros como todos mas às vezes disso esquecidos, acreditando que seremos compensados (... na vida eterna!) do maltratados que nesta somos.

Abreijos