(…)
Pergunto(-me) (ninguém me perguntou…) a razão porque transcrevo com frequência artigos de opinião publicados no avante! no meu blog.
Respondo(-me) que o faço (e não só artigos de opinião) quase em catarse, evidentemente para divulgar, para informar através de mais uma via (insignificante que é, é mais uma…), porque me custa sentir que a avassaladora desinformação ter muita expressão… mesmo entre “os nossos” que, naturalmente, pela ela são invadidos.
EstarMOS na luta é também, e deverá ser!, informarmo-NOS e informar os outros.
Lutar contra a mentira tem de ter a outra face, a que mostra a face da verdade, mesmo que a verdade não seja um absoluto objectivo.
Em rigor (democrático, de teoria) chegaria dizer(-me)… para mostrar a nossa versão do que é informado em outras versões.
Mas é muito mais que isso, é informar a nossa versão contrapondo-a à manipulação, à mentira que é a “informação” veiculada insistente e invasivamente como se fosse a única, a verdadeira.
- Edição
Nº2446 - 15-10-2020
O
argumento
A defesa do mundo livre enquadrou ideologicamente
a chamada Guerra Fria, designação pela qual passou à história a autêntica cruzada lançada pelo
imperialismo norte-americano contra o impetuoso movimento de libertação
nacional e emancipação social que se seguiu ao segundo conflito mundial. A
narrativa, tão simplista quanto mistificadora, revelou-se particularmente
eficaz: de um lado estaria o mundo livre, liderado (e defendido) pelos Estados Unidos da América; do outro, a tirania, protagonizada pela União Soviética e, em
geral, pelas forças do progresso, da paz e do socialismo.
Segundo esta fórmula, a
criação da NATO e a participação, na sua fundação, da ditadura fascista
portuguesa (com o Campo de Concentração do Tarrafal em pleno funcionamento)
enquadravam-se na defesa do mundo livre, assim como as guerras de extermínio movidas contra os povos da Coreia e
do Vietname. Na versão do imperialismo, sempre amplificada e justificada pelos
média dominantes, os golpes de Estado promovidos no Irão, na Guatemala, no
Brasil, na Indonésia ou no Chile, todos eles acompanhados por banhos de sangue
e a instauração de ditaduras reaccionárias ou fascistas, pretendiam defender o
tal mundo livre. Segundo esta narrativa, Pinochet, Suharto, Savimbi, Banzer, Salazar, os
coronéis gregos, os generais brasileiros e o próprio apartheid encontravam-se do lado do mundo livre. E, no campo contrário, estiveram Lumumba,
Cabral, Mandela, Ho Chi Minh, Ché Guevara, Allende...
Já no século XXI, e
contando uma vez mais com o prestimoso auxílio das grandes cadeias mediáticas,
foi a guerra ao terrorismo o pretexto encontrado para justificar a defesa do mundo livre – ou seja, a expansão do domínio
imperialista a novas regiões do globo e a garantia de avultados ganhos para a
indústria do armamento. As vítimas, tratadas como danos colaterais, contaram-se uma vez mais aos milhões. No
Iraque, no Afeganistão, no Paquistão, na Líbia, na Síria, na Somália...
Esse é, uma vez mais, um
dos argumentos a que o imperialismo norte-americano recorre para encobrir a
verdadeira natureza da sua acção predadora e exploradora com que pretende
responder à grave crise em que se encontra enredado (que é a do próprio sistema
capitalista). A República Popular da China e o seu extraordinário desenvolvimento
económico e social são, mais do que o alvo preferencial, o pretexto ideal –
replicado com dedicado esmero pelos líderes políticos, comentadores e analistas que monopolizam os principais jornais,
rádios e televisões um pouco de todo o mundo.
Os métodos para a defesa do mundo livre, já se sabe, serão os de sempre:
militarização, agressão, desestabilização, ingerência. Quanto à resposta, terá
de ser de luta!
Gustavo Carneiro
1 comentário:
Desmontar a engrenagem da desinformação é uma tarefa revolucionária.Eu leio,semanalmente,o Avante,mas há quem não o leia.Bjo
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