...na cachimónia:
"Como eu me lembro da Teresa Bautista cansada de guerra(s), do Jorge Amado!".
Mas acrescento logo: não será pelo cansaço que me/nos derrotarão.
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
domingo, fevereiro 25, 2007
Os jovens e Zeca Afonso
No sábado, 23 de Fevereiro, fez 20 anos que morreu Zeca Afonso. Um grupo de jovens pediu o espaço Som da Tinta para promover uma iniciativa que homenageasse o cantor e o homem.
O espaço foi cedido com todo o gosto e, além disso, a Som da Tinta mostrou toda a disponibilidade para colaborar na iniciativa.
Foi uma noite linda, pá!
O facto de Zeca Afonso tanto dizer a jovens e a menos jovens, vinte anos passados sobre a sua morte, revela bem a importância da sua mensagem em poema e música, da sua forma de resistência, que tão actual parece. Tão dos nossos dias!
A livraria Som da Tinta agradeceu, aos jovens promotores e à Vanessa (que bela voz!), ao professor José António e ao João, a excelente noite que a todos proporcionaram, animando aquele espaço que foi criado para iniciativas como aquela.
O espaço foi cedido com todo o gosto e, além disso, a Som da Tinta mostrou toda a disponibilidade para colaborar na iniciativa.
Foi uma noite linda, pá!
O facto de Zeca Afonso tanto dizer a jovens e a menos jovens, vinte anos passados sobre a sua morte, revela bem a importância da sua mensagem em poema e música, da sua forma de resistência, que tão actual parece. Tão dos nossos dias!
A livraria Som da Tinta agradeceu, aos jovens promotores e à Vanessa (que bela voz!), ao professor José António e ao João, a excelente noite que a todos proporcionaram, animando aquele espaço que foi criado para iniciativas como aquela.
Quando acabou a noite, dizia-se venham mais 5... noites como esta!
(aproveitado do blog Som-da-Tinta)
Perdido (e achado) em papeis dispersos - 3
Viver miudo
sofrer por pouco
morrer em nada
Perder a guerra da vida-toda
(uma
luta
curta)
nas pequenas batalhas do quotidiano
Por 50$00 uma escaramuça
por 200$oo uma querela
por 500$00 uma guerra:
o meu aumento foi mais baixo que o de fulano,
não está certo!;
Não está certo,
o meu ordenado continua mais pequeno que o de cicrano!
Os homens dividem-se,
dividem-se aos centos de escudos,
calam-se perante quem lhes dá a migalha,
mas chocam-se
e protestam,
e barafustam,
e agridem-se:
a migalha do meu vizinho tem mais miolo que a minha!
(quando eram os centos de escudos que serviam para dividir os homens)
sofrer por pouco
morrer em nada
Perder a guerra da vida-toda
(uma
luta
curta)
nas pequenas batalhas do quotidiano
Por 50$00 uma escaramuça
por 200$oo uma querela
por 500$00 uma guerra:
o meu aumento foi mais baixo que o de fulano,
não está certo!;
Não está certo,
o meu ordenado continua mais pequeno que o de cicrano!
Os homens dividem-se,
dividem-se aos centos de escudos,
calam-se perante quem lhes dá a migalha,
mas chocam-se
e protestam,
e barafustam,
e agridem-se:
a migalha do meu vizinho tem mais miolo que a minha!
(quando eram os centos de escudos que serviam para dividir os homens)
Perdido (e achado) em papéis dispersos - 2
O braço é que faz
e faz as máquinas que fazem
... se o braço as fizer fazer!
A arma mata
A arma liberta
A arma é má ?
A arma é boa ?
A arma é a arma!
O dedo no gatilho é que escolhe
Os sinais que o lápis desenha
os sons que a voz emite
as palavras esmagadas contra o papel
as palavras atiradas aos muros para eles gritarem
o que nos impedem de dizer
(em papeis sem data... mas muito amarelados pelo tempo - que então era de guerra colonial - e pelas décadas que passaram)
e faz as máquinas que fazem
... se o braço as fizer fazer!
A arma mata
A arma liberta
A arma é má ?
A arma é boa ?
A arma é a arma!
O dedo no gatilho é que escolhe
Os sinais que o lápis desenha
os sons que a voz emite
as palavras esmagadas contra o papel
as palavras atiradas aos muros para eles gritarem
o que nos impedem de dizer
(em papeis sem data... mas muito amarelados pelo tempo - que então era de guerra colonial - e pelas décadas que passaram)
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
Perdido (e achado) em papés dispersos - 1
Encontrar no momento
a maneira
Porque o que foi ensinou
Porque o que é esmaga
Porque o que será se constrói
na luta aprendida e contra o que nos esmaga.
(também de 1969, não sei de que mês)
a maneira
Porque o que foi ensinou
Porque o que é esmaga
Porque o que será se constrói
na luta aprendida e contra o que nos esmaga.
(também de 1969, não sei de que mês)
terça-feira, fevereiro 20, 2007
Perdidos (e achados) em papéis dispersos
Encontrar
no momento
a maneira
Viver no lugar
o espaço
Viver na hora
o tempo
Viver aqui e agora
a vida
(maio de 1969)
no momento
a maneira
Viver no lugar
o espaço
Viver na hora
o tempo
Viver aqui e agora
a vida
(maio de 1969)
sábado, fevereiro 17, 2007
O arco íris (ou da velha)
Hoje, descia a "estrada velha" que liga Fátima a Ourém e, numa curva, descubro o arco íris. Ou, se calhar inventei-o para alegrar a tarde.
Começava ali para as Silveiras e subia, subia. Vendo de onde partia, ainda pensei virar ali ao Vale da Perra e ir à procura de onde entrar nele, percorrendo um das suas faixas, escolhendo a côr que mais me aprouvesse.
Desisti. Desisti porque olhei a subida das auto-estradas de cores variadas e vi que ia acabar numa nuvem. E não me apeteceu "andar nas nuvens".
João Lázaro na Som da Tinta
INFORMAÇÃO-CONVITE
Dia 24 de Fevereiro de 2007,
às 16 horas,
em Ourém,
na apresentação do novo livro de
JOÃO LÁZARO
Escrever nas Paredes
JOÃO LÁZARO é psicólogo clínico e director artístico do Te-Ato, Grupo de Teatro de Leiria. Nasceu em Leiria em 1958, dá aulas na EPO-Ourém. Em 2000, publicou Mulheres à Flor da Pele.
ESCREVER NAS PAREDES é uma selecção de algumas crónicas que o autor vem publicando, desde 2002, no Jornal de Leiria:
“Tenho urgência de escrever nas paredes (…) Escrever sem pudor fazendo de cada coisa escrita testemunho assumido de uma atitude ocasional, do pensamento ou emoção pressentida. É por isso que há vezes em que gostaria de ser um bocadinho poeta. Não muito."
“Tenho urgência de escrever nas paredes (…) Escrever sem pudor fazendo de cada coisa escrita testemunho assumido de uma atitude ocasional, do pensamento ou emoção pressentida. É por isso que há vezes em que gostaria de ser um bocadinho poeta. Não muito."
apareçam!
Jorlis, Edições e Publicações,Lda
paula.carvalho@movicortes.pt
quarta-feira, fevereiro 14, 2007
Referendo e luta
Muito se fala, muito se escreve, sobre mudança a propósito dos resultados do referendo. De mudanças no que tem sido um certo sentido do voto. Algumas houve que se reflectem nos resultados, e muito me congratulo com isso. mas não falemos, nem escrevamos delas, das mudanças, em termos quase eufóricos e como se fosse algo em que se possa confiar e partir para outra, para outras lutas noutro ambiente social.
É verdade que foi muito importante o que aconteceu, mas também é verdade que serviu de distracção para o que ia continuando a ser, como era e como vai continuar a ser, a luta de sempre, agora com a luta acrescida (e ainda bem!) para que os resultados do referendo tenham tradução no nosso viver em sociedade.
E sabemos todos que há quem estava já, e a estar continua, a tudo fazer - mesmo o ilegítimo, mesmo o ilegal - para o impedir, como o ilustra a questão da ausência de força vinculativa dos resultados. Digam o que disserem, os resultados são, politicamente, mais que vinculativos. São uma exigência para serem levados à prática social.
E há a campanha para sobrevalorizar os "movimentos", que importantes foram, como forma de desvalorizar os partidos, talvez sobretudo a partir de um partido que se traveste de movimento quando é oportun(ist)o, e faz o inverso quando oportun(ist)o lhe parece, assumindo-se como partido.
Em resumo, a luta continua... e continuou durante o aparente hiato de uma outra luta que à luta de sempre se deve juntar.
terça-feira, fevereiro 13, 2007
Significativo não!
O sim ganhou, a abstenção foi muito menor, a vinculação política é muito maior. E exigente.
Em Ourém, como de costume, parece que, quando tem de se exprimir, de se definir como um todo, corre ao contrário da história, como parcela do norte e das regiões autónomas, do mundo rural e mais isolado, em carência de outra informação. O que não é o nosso caso.
Se oscilamos entre os distritos Santarém e de Leiria, o nosso concelho é aquele, dos concelhos dos dois distritos, que teve maior percentagem de nãos a este referendo, ao nível das percentagens de quem vive lá para trás dos montes ou no meio dos oceanos.
E eu que gosto tanto desta terra e de (con)viver com esta gente!
sexta-feira, fevereiro 09, 2007
Sérgio Vilarigues
Já com uma imensa saudade deste camarada que esteve preso no campo de concentração do Tarrafal de 1936 a 1940 (dos 20 aos 25 anos), e que, de 1942 a Abril de 1974, viveu ininterruptamente na clandestinidade!
Uma imensa saudade dos fortuitos encontros ao balcão da Soeiro, convivendo com a sua contagiante alegria de viver, com o seu humor, com o seu exemplo.
quinta-feira, fevereiro 08, 2007
De loucura em loucura, até onde?!
Bush propõe mais de US$700 bilhões para Iraque e militares
Por Caren Bohan e Richard Cowan
Por Caren Bohan e Richard Cowan
WASHINGTON, 5 de fevereiro (Reuters) - O presidente norte-americano George W. Bush propôs na segunda-feira mais de 700 bilhões de dólares para novos gastos das Forças Armadas dos Estados Unidos - a maior parte para a guerra no Iraque -, numa medida que pode prejudicar programas domésticos nas áreas da saúde e de educação.
Bush advertiu que ainda assim, mais recursos podem ser necessários para o Iraque. A declaração foi feita durante a divulgação do Orçamento norte-americano para o ano fiscal de 2008, no valor de 2,9 trilhões de dólares, que deve causar indignação entre os democratas.
Os custos da guerra no Iraque, que já dura quase quatro anos, estão se aproximando da marca de 1 trilhão de dólares. Se o Congresso aprovar a requisição de Bush, os EUA terão gastado 661,9 bilhões de dólares em combates no Iraque, no Afeganistão e em atividades relacionadas, disse o governo.
(…)
Os cortes propostos no Orçamento de Bush estão centrados nos programas de saúde, que são politicamente sensíveis.
Se aprovada, a proposta orçamentária de Bush autorizará o gasto de 716,5 bilhões de dólares em defesa até 30 de setembro de 2008, sendo 235,1 bilhões de dólares para as guerras no Iraque e no Afeganistão. Os gastos com operações diplomáticas elevarão os recursos para 245 bilhões de dólares.
Para o orçamento normal do Pentágono, Bush está pedindo 481 bilhões de dólares, um aumento de mais de 10 por cento. Parte disso será usado para garantir um aumento permanente das Forças Armadas, proposto pelo presidente no fim de 2006.
Bush advertiu que ainda assim, mais recursos podem ser necessários para o Iraque. A declaração foi feita durante a divulgação do Orçamento norte-americano para o ano fiscal de 2008, no valor de 2,9 trilhões de dólares, que deve causar indignação entre os democratas.
Os custos da guerra no Iraque, que já dura quase quatro anos, estão se aproximando da marca de 1 trilhão de dólares. Se o Congresso aprovar a requisição de Bush, os EUA terão gastado 661,9 bilhões de dólares em combates no Iraque, no Afeganistão e em atividades relacionadas, disse o governo.
(…)
Os cortes propostos no Orçamento de Bush estão centrados nos programas de saúde, que são politicamente sensíveis.
Se aprovada, a proposta orçamentária de Bush autorizará o gasto de 716,5 bilhões de dólares em defesa até 30 de setembro de 2008, sendo 235,1 bilhões de dólares para as guerras no Iraque e no Afeganistão. Os gastos com operações diplomáticas elevarão os recursos para 245 bilhões de dólares.
Para o orçamento normal do Pentágono, Bush está pedindo 481 bilhões de dólares, um aumento de mais de 10 por cento. Parte disso será usado para garantir um aumento permanente das Forças Armadas, proposto pelo presidente no fim de 2006.
A minha vizinha (todos temos uma vizinha, real ou imaginária...) costuma dizer que o mundo está louco. Não vou tão longe, mas que Mr. Bush & Cia. não parecem estar no seu perfeito juizo, que sempre foi muito imperfeito..., lá isso é verdade.
A estória conta-se em poucas palavras
A estória (re)conta-se em poucas palavras.
Criei este blog, onde vou deixando coisas, ou que me tocam no momento, ou que me parece oportuno dar a conhecer (de mim) a outros,
Aqui tenho sido visitado por amigos e por alguns que não sei.
Um dia destes, resolvi publicar uns extractos do meu quase-diário sobre as declarações do ministro da economia na China. Uma amiga veio conversar comigo e deixou um comentário. Logo saltou um dos que se dizem anonymous comentando o comentário.
Desde aí, tem sido um ver se te avias…
Ele é a União Soviética e o que ela (não) foi (pelo menos… não foi só, porque muito mais e muito melhor foi do que a grotesca caricatura que fazem dela), ele é o Chavez da Venezuela, ele é o Estaline, ele é o Trotsky e não sei quantos outros milhares ou milhões de assassinatos vermelhos, ele é o Lenine que até, veja-se lá, nos viria vassourar, a nós, ortodoxos e incapazes de dar garantias de que, na sociedade por que lutamos, iria continuar a haver liberdade. Tudo, vendo bem, à boleia das aleivosias do dr. Manuel (de) Pinho.
E foi, insistentemente o tema da liberdade e das liberdades. Com naturais e evidentes desencontros, que são naturais e aceitáveis,mas também encontrões, e sarrafadas e safadezas, exigindo-nos, esses anonymous que podem ser um ou muitos, que aceitemos as suas concepçõezinhas e que lhes garantamos nem se sabe muito bem o quê nem para quê. Talvez para passarem a votar no PCP?!
A minha conselheira espiritual (e não só…) está farta de me ordenar (é mais que conselheira…) que lhes não dê troco. E eu farto de lhe explicar que não é a eles que respondo mas deles me aproveito para combater ideias feitas e fixas e que eles utilizam como arma de arremesso contra os comunistas que eu/nós somos. Portugueses e honrados.
Começo, no entanto, a pensar que ela tem alguma razão, porque não lhe faltam razões…
Não lhes fecho a porta, mas só muito dificilmente lhes darei o tal troco por que eles se pelam.
Criei este blog, onde vou deixando coisas, ou que me tocam no momento, ou que me parece oportuno dar a conhecer (de mim) a outros,
Aqui tenho sido visitado por amigos e por alguns que não sei.
Um dia destes, resolvi publicar uns extractos do meu quase-diário sobre as declarações do ministro da economia na China. Uma amiga veio conversar comigo e deixou um comentário. Logo saltou um dos que se dizem anonymous comentando o comentário.
Desde aí, tem sido um ver se te avias…
Ele é a União Soviética e o que ela (não) foi (pelo menos… não foi só, porque muito mais e muito melhor foi do que a grotesca caricatura que fazem dela), ele é o Chavez da Venezuela, ele é o Estaline, ele é o Trotsky e não sei quantos outros milhares ou milhões de assassinatos vermelhos, ele é o Lenine que até, veja-se lá, nos viria vassourar, a nós, ortodoxos e incapazes de dar garantias de que, na sociedade por que lutamos, iria continuar a haver liberdade. Tudo, vendo bem, à boleia das aleivosias do dr. Manuel (de) Pinho.
E foi, insistentemente o tema da liberdade e das liberdades. Com naturais e evidentes desencontros, que são naturais e aceitáveis,mas também encontrões, e sarrafadas e safadezas, exigindo-nos, esses anonymous que podem ser um ou muitos, que aceitemos as suas concepçõezinhas e que lhes garantamos nem se sabe muito bem o quê nem para quê. Talvez para passarem a votar no PCP?!
A minha conselheira espiritual (e não só…) está farta de me ordenar (é mais que conselheira…) que lhes não dê troco. E eu farto de lhe explicar que não é a eles que respondo mas deles me aproveito para combater ideias feitas e fixas e que eles utilizam como arma de arremesso contra os comunistas que eu/nós somos. Portugueses e honrados.
Começo, no entanto, a pensar que ela tem alguma razão, porque não lhe faltam razões…
Não lhes fecho a porta, mas só muito dificilmente lhes darei o tal troco por que eles se pelam.
PS: pareceu-me ouvir um som vindo do post anterior... deve ser eco do blog Som-da-Tinta e de quem por lá se passeia...
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
... mas logo logo
de repente, um cansaço
de repente, uma tristeza por estar assim o mundo
e serem assim algumas gentes
de repente, uma dor funda, cá de dentro
de repente, uma vontade de soltar umas obscenidades
de repente, um apelo à iconoclastia, a - quieto, quieto -
partir tudo com as minhas mãos - quietas, quietas
de repente, uma náusea ao ver papeis e mensagens
que vêm sujar a minha caixa de correio
de repente, uma indiferença perante o que alguns podem dizer
seja do que for
de repente, o desejo de emigrar para Pasárgada,
aqui no meio do amor e dos livros
mas...
de repente, um grito
e logo logo, uma sacudidela em mim e a continuação da vida,
isto é, da luta
da luta por uma vida diferente desta que nos apaga e consome
de repente, uma tristeza por estar assim o mundo
e serem assim algumas gentes
de repente, uma dor funda, cá de dentro
de repente, uma vontade de soltar umas obscenidades
de repente, um apelo à iconoclastia, a - quieto, quieto -
partir tudo com as minhas mãos - quietas, quietas
de repente, uma náusea ao ver papeis e mensagens
que vêm sujar a minha caixa de correio
de repente, uma indiferença perante o que alguns podem dizer
seja do que for
de repente, o desejo de emigrar para Pasárgada,
aqui no meio do amor e dos livros
mas...
de repente, um grito
e logo logo, uma sacudidela em mim e a continuação da vida,
isto é, da luta
da luta por uma vida diferente desta que nos apaga e consome
segunda-feira, fevereiro 05, 2007
Definições...
blog = local onde ando à traulitada (ideológica...) e à sticada (sem bola...) com um (ou uma data) de anonymous que por aí pululam, todos iguais, nenhum diferente
anonymous = forma de esconder identidade, servindo para, escondida numa designação massificante, dizer o que vem à cabeça sem se assumir a responsabilidade de ser sua a cabeça e de ser autor do que diz
heterónimo = forma de afirmar identidade, na sua multiplicidade, nas suas várias e únicas expressões
aquele = é o fulano que tem nome e usa tal heterónimo
todo o mundo e ninguém = são os anonymous
(continua...)
Ainda (e sempre) sobre liberdade
Aos anónimos “guardiões da liberdade”
Vós que, do alto do vosso magistério, e melhor se diria do vosso império, tão atentos estais aos riscos que corre a liberdade, aqui e na Venezuela de Chavez, não estareis confundindo o que não permite confusões?
É que liberdade não é a liberdade de explorar os outros, não é a de fazer circular libertinamente os capitais, não é (só e em exclusivo) a livre empresa e o livre mercado, a liberdade de de tudo fazer mercadoria, abolindo direitos que perturbem essas libertinas liberdades.
Não!
Liberdade é o que Éluard aprendera nos seus bancos de escola e nos ensinava (… Et par le pouvoir d’un mot/je recommence ma vie/je suis naît pour te connaître/pour te nommer:/liberté) e que nós, os que dela estávamos privados, decorávamos, repetíamos, cantando e chorando de emoção (e de esperança de a conseguirmos com a nossa luta, soma de muitas pequenas lutas).
Vós, guardiões dessas vossas “liberdades” e da vossa liberdadezinha privativa, não sabeis o que é a liberdade, a verdadeira, a cidadã, a de homens e mulheres solidários e condicionando a sua liberdade à liberdade de e para todos, dispostos a porem em risco a sua liberdade para ajudarem a que todos sejam livres.
Vós – eu compreendo-vos, tolerante que sou até ao pesar de assim ser – não sabeis o que é a liberdade porque nunca dela estivestes privados, ou porque vos era indiferente que ela não fosse de todos ou porque já nascestes depois dela ter sido precariamente conquistada quando se abriram as portas das prisões que privavam este País nosso de ser livre.
A vós, só vos pediria, se acaso valesse a pena, um pouco de respeito e que, quando argumentásseis (?) com a invocação da União Soviética o não fizessem como papagaios sem cor nem graça, e que, quando apontásseis o dedo libertário e já acusador a Chavez por se atrever a querer para os venezuelanos o que é da Venezuela, tivésseis um pouco de pudor e olhásseis para vós próprios e para o que vos rodeia, sobretudo para os outros que também são gente, para as gentes que todos somos.
É que liberdade não é a liberdade de explorar os outros, não é a de fazer circular libertinamente os capitais, não é (só e em exclusivo) a livre empresa e o livre mercado, a liberdade de de tudo fazer mercadoria, abolindo direitos que perturbem essas libertinas liberdades.
Não!
Liberdade é o que Éluard aprendera nos seus bancos de escola e nos ensinava (… Et par le pouvoir d’un mot/je recommence ma vie/je suis naît pour te connaître/pour te nommer:/liberté) e que nós, os que dela estávamos privados, decorávamos, repetíamos, cantando e chorando de emoção (e de esperança de a conseguirmos com a nossa luta, soma de muitas pequenas lutas).
Vós, guardiões dessas vossas “liberdades” e da vossa liberdadezinha privativa, não sabeis o que é a liberdade, a verdadeira, a cidadã, a de homens e mulheres solidários e condicionando a sua liberdade à liberdade de e para todos, dispostos a porem em risco a sua liberdade para ajudarem a que todos sejam livres.
Vós – eu compreendo-vos, tolerante que sou até ao pesar de assim ser – não sabeis o que é a liberdade porque nunca dela estivestes privados, ou porque vos era indiferente que ela não fosse de todos ou porque já nascestes depois dela ter sido precariamente conquistada quando se abriram as portas das prisões que privavam este País nosso de ser livre.
A vós, só vos pediria, se acaso valesse a pena, um pouco de respeito e que, quando argumentásseis (?) com a invocação da União Soviética o não fizessem como papagaios sem cor nem graça, e que, quando apontásseis o dedo libertário e já acusador a Chavez por se atrever a querer para os venezuelanos o que é da Venezuela, tivésseis um pouco de pudor e olhásseis para vós próprios e para o que vos rodeia, sobretudo para os outros que também são gente, para as gentes que todos somos.
domingo, fevereiro 04, 2007
Sobre liberdade
Queria responder, com um comentário, a um senhor de nome anonymous que deixou dois comentários no anterior post... mas não sei que acontece que o "meu" blog não aceita comentários meus. Decerto por inépcia minha... Por isso, aqui deposito a resposta que queria dar a esse senhor.
De liberdade, da luta por ela para mim e para todos, com os limites que a liberdade de todos impõe à liberdade de cada um, posso falar com conhecimento de causa. Cá por coisas...
E não estou nada nervoso, senhor anonymous. O que não aceito é que me ponha questões desse género, com essa pesporrência, como inquiridor ou inquisitor.
E não estou nada nervoso, senhor anonymous. O que não aceito é que me ponha questões desse género, com essa pesporrência, como inquiridor ou inquisitor.
É uma das facetas da minha concepção de liberdade.
Decerto diferente da sua... que se deve sentir "em liberdade".
Pois a minha é mais exigente e acho de má qualidade a liberdade em que vivemos, com privilégio absoluto para a liberdade de empresa, de mercado, de explorar... livremente. Livra!
E, a propósito, o que isto tem a ver com o dr. Pinho?
sexta-feira, fevereiro 02, 2007
O ministro (de) Pinho - extracto de "diário"
O senhor dr. Manuel Pinho foi à China dizer aos investidores chineses que Portugal oferece a vantagem comparativa dos mais baixos salários da chamada Europa.
&-----&-----&
O homem é franco, frontal. Pragmático.
&-----&-----&
Parece que corresponde a esta esquerda modernaça, do socialismo de fronha humana com benefícios para todos (desde que não sejam trabalhadores) a que faz jus o dr. Pinho, esta coisa salazarenta de serem os salários baixos uma… vantagem comparativa.
&-----&-----&
Mas não disse, o dito Pinho, que em Portugal é ministro – e da economia e de um governo “socialista” –, que os ministros portugueses poderiam também ser uma vantagem comparativa para o investimento externo, seja ele amarelo ou de uma outra cor, apesar do dinheiro – diz-se – não ter cor, por terem, eles os ministros, dos ordenados mais baixos de toda a chamada Europa.
&-----&-----&
Assim como não disse que a IVA (e outras alcavalas) é inferior ao espanhol,
&-----&-----&
e que os bancos em Portugal parecem sanguessugas a sugar o sangue das pequenas e médias empresas (não das grandes, das transnacionais de que fazem parte, ou de que são parte),
&-----&-----&
e que a burocracia portuguesa é quase tão perniciosa como os ministros que temos de ouvir dizer coisas daquelas,
&-----&-----&
e ainda não disse muitas outras coisas porque o homem, apesar de ministro (e de governo “socialista”) não é mentiroso.
&-----&-----&
No entanto, não se ficou por aí o Pinho que é ministro.
&-----&-----&
Em resposta às esperadas (não por ele, que ele não espera nada e nada dele se pode esperar) reacções de quem acha que os salários baixos não podem ser argumento ou “arma” na “guerra” da competitividade e do aliciamento ao capital que deambula pelo mundo na procura das melhores localizações e deslocalizações, o se. Pinho não se ficou pelo já dito.
&-----&-----&
Em vez de ripostar, contrito, que fora uma lapso de língua, com esta a fugir para a verdade, e que dissera o que não deveria ter dito, pelo menos para evitar a eventual publicação nos jornais que os trabalhadores e sindicalistas e outros portugueses podem (ainda) ler – mesmo que seja esse o seu pensamento e teoria – reagiu disparado e disparatado.
&-----&-----&
E com aquele seu ar de não partir um prato e de pedir desculpa por ter metido o dedo no nariz, veio duro, frontal, brutal, etiquetar os sindicatos (e quem a ele está ligado ou liga) de “forças de atraso”.
&-----&-----&
Tomem lá que já almoçaram… se o salário chegar.
&-----&-----&
Ora esta das “forças de atraso será versão “espinhosa” – ou dos “pinhões” do bolo do “socialismo moderno” – das cavacais “forças de bloqueio”.
&-----&-----&
É a “cooperação estratégica”, ou lá o que chamam ao que, no antigamente, se dizia ser a promiscuidade sem vergonha.
&-----&-----&
Vão dizer-se socialistas para o raio que os parta!
&-----&-----&
E vá lá… que hoje estou com tento na língua,
&-----&-----&
e não estou como esse senhor Pinho que foi à China no cargo e encargo de ministro do governo que temos.
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O homem é franco, frontal. Pragmático.
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Parece que corresponde a esta esquerda modernaça, do socialismo de fronha humana com benefícios para todos (desde que não sejam trabalhadores) a que faz jus o dr. Pinho, esta coisa salazarenta de serem os salários baixos uma… vantagem comparativa.
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Mas não disse, o dito Pinho, que em Portugal é ministro – e da economia e de um governo “socialista” –, que os ministros portugueses poderiam também ser uma vantagem comparativa para o investimento externo, seja ele amarelo ou de uma outra cor, apesar do dinheiro – diz-se – não ter cor, por terem, eles os ministros, dos ordenados mais baixos de toda a chamada Europa.
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Assim como não disse que a IVA (e outras alcavalas) é inferior ao espanhol,
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e que os bancos em Portugal parecem sanguessugas a sugar o sangue das pequenas e médias empresas (não das grandes, das transnacionais de que fazem parte, ou de que são parte),
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e que a burocracia portuguesa é quase tão perniciosa como os ministros que temos de ouvir dizer coisas daquelas,
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e ainda não disse muitas outras coisas porque o homem, apesar de ministro (e de governo “socialista”) não é mentiroso.
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No entanto, não se ficou por aí o Pinho que é ministro.
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Em resposta às esperadas (não por ele, que ele não espera nada e nada dele se pode esperar) reacções de quem acha que os salários baixos não podem ser argumento ou “arma” na “guerra” da competitividade e do aliciamento ao capital que deambula pelo mundo na procura das melhores localizações e deslocalizações, o se. Pinho não se ficou pelo já dito.
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Em vez de ripostar, contrito, que fora uma lapso de língua, com esta a fugir para a verdade, e que dissera o que não deveria ter dito, pelo menos para evitar a eventual publicação nos jornais que os trabalhadores e sindicalistas e outros portugueses podem (ainda) ler – mesmo que seja esse o seu pensamento e teoria – reagiu disparado e disparatado.
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E com aquele seu ar de não partir um prato e de pedir desculpa por ter metido o dedo no nariz, veio duro, frontal, brutal, etiquetar os sindicatos (e quem a ele está ligado ou liga) de “forças de atraso”.
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Tomem lá que já almoçaram… se o salário chegar.
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Ora esta das “forças de atraso será versão “espinhosa” – ou dos “pinhões” do bolo do “socialismo moderno” – das cavacais “forças de bloqueio”.
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É a “cooperação estratégica”, ou lá o que chamam ao que, no antigamente, se dizia ser a promiscuidade sem vergonha.
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Vão dizer-se socialistas para o raio que os parta!
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E vá lá… que hoje estou com tento na língua,
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e não estou como esse senhor Pinho que foi à China no cargo e encargo de ministro do governo que temos.
Inequivocamente, SIM
Já participei em dezenas de campanhas, políticas ou cívicas, antes e depois do 25 de Abril de 1974. Julgo que em nenhuma senti a incomodidade que esta, para este referendo, me provoca.
Sou, inequivocamente, pelo SIM. Tenho razões, convicções, argumentos para esclarecer a minha posição.
Antes de mais porque, sendo (apaixonadamente) pela vida, apenas aceitando o aborto como acto responsável, recuso que se imponha à consciência de outros o que vai pela nossa, que se criminalize o que é - tantas vezes, para não dizer sempre - uma das mais dolorosas decisões da vida de uma mulher ou de um casal. Pelo que, quem se sente na necessidade de fazer um aborto é - quase sempre, para não dizer sempre - alguém que, na sua consciência, não está a atentar contra uma vida, contra um ser humano, mas a impedir que o venha a ser o que ainda o não é, é - quase sempre, para não dizer sempre, alguém que é pela vida. É alguém que tem necessidade de abortar enquanto tal é possível porque, na sua consciência, não atenta contra uma vida.
Mas a minha incomodidade não está na opção de voto. Inequivocamente, SIM. A incomodidade resulta, antes de mais, de se ter sido decidido desnecessariamente este referendo ao que parece para uns portugueses imporem a outros portugueses o que não se impõe a ninguém, que parece defender o que, afinal, todos defendem, atacar o que todos atacam, e obrigá-los a tomar posições que, sendo do foro mais íntimo de cada um, os divide em bons e maus, em defensores da vida ou, por manipulada informação, faz com que outros sejam insultados, agredidos verbalmente com o anátema de assassinos (já o fui!) e, se calhar, muitas vezes por quem, ao longo da sua vida, fez vários "desmanchos", com talos de couve por exemplo, e - em toda a sua boa fé - considera quem defendo o SIM demoníacos criminosos. Assim, não. Nunca.
Pelo "não" está, com toda a (minha) certeza, muita gente que, pelas suas convicções, entende com toda a legitimidade que deve votar "não", mas o que me agride é a manipulação, a utilização verdadeiramente desumana de argumentos e de falaciosas "verdades" científicas para levar outros a votar o que se quer que se seja votado.
Obrigado a este referendo, como os meus compatriotas, estou - mais uma vez! - "em campanha". Com incomodidade mas com convicção e enorme vontade de ajudar a esclarecer.
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