«O medo criou os deuses» (Lucrécio)
«(…) O homem procede do animal. O animal utiliza o meio (que se tem designado por natureza); o homem transforma-o e domina-o pelo trabalho. Mas esta superioridade só se adquire depois de uma longa aprendizagem histórica. De início as forças produtivas permanecem tão rudimentares que o panorama da natureza apenas se modificou. O homem permanece longo tempo em concorrência directa com o mundo animal do qual há pouco saíra. Aprende lentamente a adaptar o mundo vegetal às suas necessidades (e a adaptar-se ao mundo animal e vegetal). As catástrofes materiais – variações climatéricas, inundações, epidemias – são por ele suportadas tal como imprevisíveis e incontroláveis destinos. A subalimentação e a insegurança condenam-no à permanente angústia. Como não adorar, como não suplicar ou recear as forças das quais a existência depende? Não há plantas ou animais dos quais a necessidade não haja feito deuses.»
«(…) O homem procede do animal. O animal utiliza o meio (que se tem designado por natureza); o homem transforma-o e domina-o pelo trabalho. Mas esta superioridade só se adquire depois de uma longa aprendizagem histórica. De início as forças produtivas permanecem tão rudimentares que o panorama da natureza apenas se modificou. O homem permanece longo tempo em concorrência directa com o mundo animal do qual há pouco saíra. Aprende lentamente a adaptar o mundo vegetal às suas necessidades (e a adaptar-se ao mundo animal e vegetal). As catástrofes materiais – variações climatéricas, inundações, epidemias – são por ele suportadas tal como imprevisíveis e incontroláveis destinos. A subalimentação e a insegurança condenam-no à permanente angústia. Como não adorar, como não suplicar ou recear as forças das quais a existência depende? Não há plantas ou animais dos quais a necessidade não haja feito deuses.»
(…)
«Todavia o desenvolvimento das técnicas e a paralela acumulação do conhecimento empírico, científico depois, permitiram às sociedades mais desenvolvidas afirmar definitivamente o seu domínio sobre a natureza (afirmar não é o mesmo que ter alcançado…). A caça transforma-se num divertimento, a colheita numa festa feliz… Teriam, então, os Deuses acabado? (…)»
(dois trechos de Os marxistas e a religião – ensaio sobre o ateísmo moderno, Michel Verret, Prelo, BP, 1975)
«Todavia o desenvolvimento das técnicas e a paralela acumulação do conhecimento empírico, científico depois, permitiram às sociedades mais desenvolvidas afirmar definitivamente o seu domínio sobre a natureza (afirmar não é o mesmo que ter alcançado…). A caça transforma-se num divertimento, a colheita numa festa feliz… Teriam, então, os Deuses acabado? (…)»
(dois trechos de Os marxistas e a religião – ensaio sobre o ateísmo moderno, Michel Verret, Prelo, BP, 1975)
sem mais comentários (aqui!...)
além dos que estão entre parênteses
além dos que estão entre parênteses
11 comentários:
"Teriam, então, os Deuses acabado?"
Nem em sonhos!... Foram-se mudando, reencarnando, assumindo novas caras "Tomando sempre novas realidades" e multiplicando-se sem parar.
Hoje os deuses mais "obsoletos" convivem com os mais modernos e agressivos... basta ver como exércitos de pessoas ainda se arrastam em Fátima e outras se agarram às revistas de moda, ou de "famosos", ou aos jornais e canais de televisão com cotações das bolsas de valores (ou tudo à mistura) e sobretudo, o fervor com que o fazem, para se perceber que o negócio dos deuses está muito longe de ter acabado.
Abraço
Pois, a fragilidade humana e o seu desatino... Assunto interessante este que aqui trazes hoje. As eternas perguntas com respostas difíceis de consolo para a ânsia de se ser humano e querer continuar a sê-lo.
... da necessidade metafísica, diria Schoppenhauer.
O que só pode acontecer à matéria que tomou consciência de si, e da sua efemeridade enquanto matéria "assim" organizada.
Se o medo os criou...
(bendito anexo...)
Um abraço.
-A criação dos Deuses: talvez a maior e mais importante criação da Humanidade.
-Sem "Os Deuses" como poderíamos nós estar ou chegar aqui?
- É aterrador mas também fantástico. -Criamos os Deuses, fomos moldados por "eles"...-Penso, que talvez nunca nos livraremos completamente deles.
a.ferreira
Enquanto houver um homem a acreditar em deuses (a ter de acreditar), haverá deuses... criados pelo homem.
O homem/criador de deuses e de anjos... quem foi o poeta?
Sem querer ferir susceptibilidades penso que,
“A religião é, o ópio do povo”. Esta é na realidade, uma verdade!
A religião, qualquer que ela seja é obscurantista, tornando as pessoas que nelas professam conservadoras, anticomunistas natas, perturbam-se com fenómenos naturais, fogem da morte com um medo terrível, são egoístas ao ponto dos problemas acontecerem aos outros, quando o “mal” lhes cai em cima, correm desesperadamente para os “deuses” perguntando; “porquê só a mim?”
São manipuladas, contudo e devido a uma cegueira inexplicável, nem se apercebem.
Como é possível as mulheres professarem uma religião que está contra elas?!!!
A atitude da religião é retrógrada, então em relação às mulheres é no mínimo ultra reaccionária em todas as matérias mas sobretudo, ao aborto, ao casamento, à pessoa com deficiência, à emancipação da Mulher em particular.
Nunca fui a Fátima, mas o que vejo na Tv choca-me e revolta-me.
Os “deuses” não acabam, enquanto existir o capitalismo!
GR
Ó SEtor
Quando acabarem os deuses, teremos o comunismo?!
Tem lógica ou não?
Abraço
Ó poesianopopular, eu diria mais ao contrário, de acordo com o que diz a GR: com o comunismo acabam os deuses (mas só acabarão porque os homens não sentirão necessidade de deuses)
-Terá a humanidade explicação para tudo? -E mesmo que a tenha!
- Os camaradas são demasiado optimistas quanto a dispensa dos nossos companheiros de Viagem.
Sou chato eu sei...mas dá-se o caso que desde a queda da URSS, deixei de ser tão optimista.
a.ferreira
Meu caro A.Ferreira, mais uma observação pertinente: os camaradas não podem dispensar os companheiros de viagem que não são camaradas! E não se trata de optimismo ou pessimismo... é assim, porque somos nós e os outros.
Pois se até temos camaradas que acreditam na existência de deuses, dos deuses que outros e eles criaram por terem necessidade de deuses. Não são menos por acreditarem. Isto da natureza humana é muito complexa e não admite reducionismos. Mas é nela que temos de acreditar para sermos humanos.
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