Quando, ontem, coloquei aqui uma lenta reflexão (dorida) sobre o tema “morrer de fome em África”, defendendo a ideia de que essa situação é, por natureza, absurda e só se pode explicar pelos caminhos desumanos que percorre a humanidade, não sabia que hoje seria o dia mundial da saúde proclamado pela OMS (que bastante se descredibilizou com a “pandemia da gripe”).
Não se morre de fome em África (e no mundo), mas morre-se de doenças que só a desumanidade provoca e permite que existam hoje e ali. E aqui!
E morre-se em guerras e de guerras. Que doenças são. E que, não sendo a guerra directamente doença da esfera da saúde, muito agravam as situações sanitárias. Pelo que provocam e pelo não deixam prevenir e curar.
Nestas reflexões, ao deixar os dedos correr sobre as teclas, retenho um comentário amigo que ontem me fizeram, em conversa amena, quando me disseram que também não se morre de sede mas de doenças provocadas pela água que se bebe. É verdade! Mas, também neste caso, há que separar o urbano do rural, o “civilizado” de quem está em estado ainda próximo da sobrevivência animal.
Nas cidades, pode haver míngua de água nas torneiras, e tanta que o “civilizado” não saiba que fazer por desconhecer rios e fontes, e corra riscos de morrer de sede. Mas “no campo”, na proximidade da natureza, o ser humano decerto encontra acessível um riacho, uma lagoa, uma poça de água que lhe mate a sede. Ainda que, ao matar a sede, possa estar a ingerir o que, pelo que contém, lhe cause a morte por doença. Não por sede.
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Não se morre de fome em África (e no mundo), mas morre-se de doenças que só a desumanidade provoca e permite que existam hoje e ali. E aqui!
E morre-se em guerras e de guerras. Que doenças são. E que, não sendo a guerra directamente doença da esfera da saúde, muito agravam as situações sanitárias. Pelo que provocam e pelo não deixam prevenir e curar.
Nestas reflexões, ao deixar os dedos correr sobre as teclas, retenho um comentário amigo que ontem me fizeram, em conversa amena, quando me disseram que também não se morre de sede mas de doenças provocadas pela água que se bebe. É verdade! Mas, também neste caso, há que separar o urbano do rural, o “civilizado” de quem está em estado ainda próximo da sobrevivência animal.
Nas cidades, pode haver míngua de água nas torneiras, e tanta que o “civilizado” não saiba que fazer por desconhecer rios e fontes, e corra riscos de morrer de sede. Mas “no campo”, na proximidade da natureza, o ser humano decerto encontra acessível um riacho, uma lagoa, uma poça de água que lhe mate a sede. Ainda que, ao matar a sede, possa estar a ingerir o que, pelo que contém, lhe cause a morte por doença. Não por sede.
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E olho para um quadro, ali na parede, que mandei fazer de um desenho de António Domingues (de 1951!), em que ele satiriza um texto escolar dessa época que diz que “o homem é um ser vivo, não faz excepção à leis da natureza, nem pode furtar-se à influência do meio”, o que está certo, mas acrescenta “os pretos da região equatorial, são indolentes e preguiçosos, devido às facilidades de vida que lhes oferece o meio, pois, para se alimentarem, basta-lhes estender a mão para colher os frutos da bananeira, do coqueiro, etc.” (o sublinhado de "do coqueiro" é do António Domingues).
As várias maneiras de pegar nas realidades, ou como "o meio" nos influencia. Nos anos 50, nas escolas, dizia-se o que aqui estou dizendo na versão de que os... pretos eram indolentes e preguiçosos e tinham uns braços tão longos que levavam as mãos ao cimo dos coqueiros! Lá morrer de fome não morriam...
4 comentários:
Já as girafas ficaram como são... por terem pensamentos "elevados".
Realmente!... Estudávamos cada texto... :-)
Abraço.
Quando escrevi no meu comentário ás"1ª reflexões sofridas" a frase de que em África basta estender um braço para apanhar um fruto, não era com o sentido que o Sr. António Domingues lhe deu mas sim considerando a crueldade do ser humano que nem aproveita, a favor de todos, a abundância da própria Natureza.
E quanto à água, de sede morre-se mesmo, pois a água é indispensável à vida e é cada vez mais escassa.
E já ouvi dizer que a próxima guerra(mais assassinatos) terá como causa a água e não o petróleo.
Por isso a querem privatizar.
Um beijo camarada.
Reflectindo contigo com a discussão na AR como pano (música) de fundo...
Vou voltar mais tarde.
:)
Ah! os saudosos textos que nos obrigavam a ler...
(Tenho saudades do António Domingues)
Um abraço.
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