BRICS avisam dólar, FMI e Banco Mundial
Os BRIC transformam-se ontem em BRICS juntando a África do Sul
e avisam que querem nova ordem monetária internacional
e mais poder nas instituições internacionais.
O mundo vai ter de se habituar à nova sigla
Jorge Nascimento Rodrigues (http://www.expresso.pt/)
Sexta feira, 15 de abril de 2011
A necessidade de um novo sistema monetário internacional menos dependente do dólar americano e em que a relação de forças dentro das instituições saídas do velho acordo de Bretton Woods (como o FMI e o Banco Mundial) e da ordem do pós 2ª Guerra Mundial seja alterada a favor das novas realidades geoeconómicas foram as duas tónicas principais de mais uma cimeira dos líderes dos quatro BRIC - Brasil, Rússia, Índia e China - que, desta vez, agregou formalmente a África do Sul, e passaram a designar-se formalmente de BRICS (incluindo, no final do acrónimo, a primeira letra de South Africa, a designação em inglês). Os BRICS pretendem claramente afirmar-se como uma "plataforma" e avançar "pragmaticamente", lê-se no comunicado final. FMI (que, na mesma altura, se reunia em Washington), Banco Mundial e Conselho de Segurança das Nações Unidas são destinatários da posição conjunta destes cinco países do chamado mundo "emergente". Durante este ano, estes cinco países estarão presentes no Conselho de Segurança e prometem agir articuladamente. Agora reunidos em Sanya, na ilha chinesa de Hainão (que fica no Mar do Sul da China), um dos mais populares destinos turísticos na zona, os BRICS rebelaram-se, também, contra a especulação financeira nas commodities, exigindo uma maior regulação nesta área cuja volatilidade tem um impacto arrasador no campo alimentar e da energia, induzindo inflação importada e miséria em largas camadas da população. E, segundo os líderes dos BRICS, podem colocar em risco a retoma da economia mundial em 2011 e 2012. Estiveram presentes nesta première formal dos BRICS, o presidente chinês Hu Jintao, o primeiro-ministro indiano Manmohan Sing, a presidente brasileira Dilma Rousseff, o presidente russo Dmitry Medvedev e o "novato" Jacob Zuma, presidente da África do Sul.
Plano de ação detalhado
Reafirmaram o papel do G20 como fórum mundial de cooperação económica e apoiaram a decisão da Rússia de se candidatar a organizar a cimeira do G20 em 2013. Apresentaram inclusive um detalhado "plano de ação" de 23 pontos em 4 grandes rubricas. Entre outros pontos: reuniões formais periódicas dos representantes nas organizações internacionais em Nova Iorque e Genebra; reuniões dos ministros das Finanças e dos governadores dos bancos centrais em todas as ocasiões de encontros do G20 e de instituições como o FMI e o Banco Mundial; estudar a possibilidade de um acordo de agências "antimonopolistas"; cooperar no que designam por "economia verde"; estabelecer relações mais estreitas entre bancos de desenvolvimento; e criar um grupo BRICS dentro da UNESCO. Aproveitando a ocasião, os bancos de desenvolvimento dos BRICS aprovaram o estabelecimento de linhas de crédito mútuas denominadas nas moedas locais, e não mais no dólar americano. O diretor do Banco de Desenvolvimento da China (BDC), Chen Yuan, avançou que poderá emprestar até 10 mil milhões de renminbi (a moeda chinesa), cerca de € mil milhões, aos parceiros do "clube". Os russos do VEB - o banco de desenvolvimento do país - manifestaram interesse, desde logo, em recorrer a essa linha de crédito.
4 comentários:
Vou ler com mais atenção (só amanhã) e depois faço as perguntas.
Bjs,
GR
Cá as espero!
Abreijos
Será este um caminho alternativo? Ó Sr.economista, faça favor de desenvolver o tema, porque assim, de repente, isto parece uma pequena luz ao fundo do túnel...
Será mesmo? Que garantias nos dão Brasil, Rússia, Índia, China e agora África do Sul? É uma dúvida!!!
Um beijo.
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