Há um editorial, no Expresso que li com interesse e algum contraditório sentimento.
Por um lado, estou de acordo, e aplaudo, a denúncia do que tem sido esta campanha. De banalização do estilo e de banalidade do discurso, como o editorialista diz ser "clássico". O que o director do Expresso acha que "não tem nada de mal", de que até parece gostar como de festa que seria, mas que, "nesta altura" considera que "é um absurdo". E pior ainda.
Por outro lado, Ricardo Costa, mais uma vez e como sempre, esquece que há quem leve esta coisa da democracia muito a sério, e que faça das campanhas eleitorais uma oportunidade para reforçar a sua permanente campanha para o esclarecimento e a tomada de consciência das massas. Sublinho que escrevi das massas, e não dos eleitores, porque se quer reduzir a participação cidadã das massas a serem eleitores, isto é, a ser-lhes oferecida a "oportunidade" de 4 em 4 anos (ou de 5 em 5, para o PE) escolherem os seus representantes com toda a intoxicação mediática que substitui a informação.
Seria coerente com a posição primeira, a de achar que, nesta altura, "esta campanha devia ser diferente", dar alguma atenção e espaço a quem sempre assim considera e que, apesar de ter de entrar no "circo mediático" - e com constante desfavor agressivo -, faz o que faz sempre: promover reuniões e todo o tipo de iniciativas abertas a toda a gente, para dizer o que se pensa e debater, para expor, explicar e aceitar a contradita, para informar e ser informado. Sempre, e particularmente quando, como no editorial que motiva estes comentários, se escreve que "a execução (só a execução?!) do memorando da troika é o maior desafio que um governo (só um governo?!) português enfrenta desde 1983".
Em tal estado estamos que já nos congratulamos (embora de modo algum nos satisfaçamos) com um sinal positivo num discurso que se quer consensual... e absurdo. Face à gravidade da situação, mas não só!
Há outra(s) campanha(s), sr. director do Expresso. Que não começa(m) nem acaba(m) em períodos eleitorais. Que o senhor ignora. Compreende-se. Os "jogos do poder" são tão absorventes e viciantes.
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