(conclusão da resposta à primeira pergunta da entrevista ao professor Francisco Pereira de Moura, ao jornal Diário de Lisboa, em Abril de 1977, sobre "a crise", entrevista depois publicada em livro, na editora Seara Nova, com o título "O projecto burguês do governo socialista".
Estes respigos (e muitos outros) foram feitos - e saboreados... embora poucos aproveitados para as curtas 15 notas caberem em 3 A4 - no contexto da preparação de um depoimento que nos foi pedido sobre Pereira de Moura, que tivemos todo o gosto em prestar, também como homenagem, sobre o professor, o cidadão, o homem. Mais se escreveu, e mais se poderia publicar, aqui, com enorme pertinência e oportunidade. Ficam, apenas, estas amostras.)
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DL - Portanto, e em resumo, as razões da crise...
FPM - Para os trabalhadores estão essas razões em não ter ido avante o projecto de transformação progressiva rumo ao socialismo - porque a isso se opuseram alguns militares do confuso 25 de Novembro, apoiando os partidos representativos dos interesses burgueses (CDS e PPD) aos quais se juntou uma força política heterogénea que é o PS.
Mas crise é natural que, para a média e alta burguesia a crise tenha como origem os "desvarios", os "excessos" cometidos durante o IV Governo, com nacionalizações, Reforma Agrária e outras dessas "horríveis" coisas.
Quanto à pequena burguesia e certas camadas de trabalhadores, é-lhes difícil ver claro, pois não se sentiram nunca empenhados no processo revolucionário, embora não tenham razões objectivas para se lhe oporem: mas há o peso da ideologia, hábil, persistente e poderosamente manejada pelos interesses sujos que necessitam desta "carne para canhão" a apoiá-los.
4 comentários:
Camarada,
é muito importante desmistificar o que se passou após o 25 de Abril e falar a verdade sobre a contra-revolução que se lhe seguiu.
Para mim, que tinha 6 anos de idade à altura da revolução e me preparava para frequentar a primária, os conhecimentos são escassos. E depois temos toda uma máquina montada de contra-informação, não é?
Fico a aguardar o 5º capítulo de "A mentira e a verdade na Revolução de Abril".
Um abraço desde Vila do Conde,
Jorge
E os trabalhadores e o Povo em geral continuam a ser a eterna carne para canhão. Apanham o "tiro" e não vêem quem o dispara.Mas pode ser que um dia descubram quem e porquê se disparam os "tiros". E então tudo mudará.
um beijo.
um dia se fará dia.
A resposta de F.Pereira de Moura,revela muita honestidade e lucidez.Muito,sobre o 25 de Novembro,ainda está por revelar.
Abraço
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