Batem-se os recordes de taxas oficiais de desemprego, ultrapassando os 14% da população activa, e, com alguma correcção - necessária e até aceite (oficialmente) - passa de um milhão o número de portugueses que queria trababalhar e não tem esse seu direito, Direito consagrado na Constituição e não correspondido pela política do Governo, dos anteriores e deste que até estimula a emigração, que se deveria acrescentar às centenas de milhar de desempregados.
Dir-se-á - e haverá quem tenha a nenhuma vergonha de o dizer, no meio de duas piadas - que estas são "frases feitas" e que quem se manifesta são os que não querem perder os privilégios...
Pois bem... nalguns casos é verdade. No meu caso, é.
- Tenho o privilégio de viver numa pequena casa de aldeia, onde meu pai nasceu em 21 de Janeiro de 1898;
- tenho o privilégio de ter tornado habitável esta habitação, colocando-lhe um sistema de aquecimento quando para tal foram facultadas condições para o fazer;
- tenho o privilégio de ter vivido o fim do fascismo, como se segunda vez tivesse nascido;
- tenho o privivégio de estar reformado por ter descontado para a reforma desde os 22 anos, e de continuar a descontar, por via de recibos verdes;
- tenho o privilégio de (ainda) estar vivo e de boa saúde, e muito o devo ao Serviço Nacional de Saúde;
- tenho o privilégio de ter um automóvel já com 15 anos, em bom estado para me conduzir onde preciso e onde vão faltando transportes públicos e sobrando portagens;
- tenho o privilégio de, satisfeitas as necessidades essenciais (entre elas, livros, jornais revistas, ir ao cinema e teatro de vez em quando) ainda poder fazer umas viagenzitas;
- tenho o privilégio de "amar uma mulher clara que a mim me ama, sem me pedir nada... ou quase nada, o que não é o mesmo mas é igual".
Por todos estes privilégios, luto e manifesto-me quando mos querem tirar. Perfeitamente consciente que à esmagadora maioria falta muito mais que a mim. É menos privilegiada.... Com ela, com essa imensa maioria, estaria na luta, mesmo que os meus privilégios não estivessem a ser beliscados.
Mas dou um exemplo. Acabo de pagar o gasóleo para aquecimento. Fiz os meus registos. Em 2002 - quando instalei este sistema, e porque para tal me foram dadas condições pelo Estado, e não pelos bancos -, a média anual do custo do litro era de 0,39 € e, neste ano de 2012, já com o IVA a 23%, está em 1,3 €, . Mais que triplicou. Entretanto, os meus rendimentos líquidos dimunuiram... E não foi pouco. Teremos de voltar às condições de habitabilidade de 1898?
Mas dou um exemplo. Acabo de pagar o gasóleo para aquecimento. Fiz os meus registos. Em 2002 - quando instalei este sistema, e porque para tal me foram dadas condições pelo Estado, e não pelos bancos -, a média anual do custo do litro era de 0,39 € e, neste ano de 2012, já com o IVA a 23%, está em 1,3 €, . Mais que triplicou. Entretanto, os meus rendimentos líquidos dimunuiram... E não foi pouco. Teremos de voltar às condições de habitabilidade de 1898?
Protesto e manifesto-me!
4 comentários:
Em relação à grande maioria dos portugueses, eu também me sinto relativamente privilegiada. Mas estou totalmente com essa maioria, defendendo os seus direitos e os meus privilégios, altamente beliscados.
Um beijo.
Só por esse privilégio da "mujer clara que a ti te ama..." justifica-se ires a todas a manifestações... de mão dada.
Abreijos.
Já me senti priveligiada anos atrás,e ainda assim,sempre fiz a minha opçao de classe.Nestes tempos,que nos tocaram percorrer,sinto-me
bastante insegura,motivo pelo qual,acredito incondicionalmente,que só o socialismo será o futuro da humanidade.
Estamos contigo Camarada!
Abraços e beijos,
Jorge
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