“As privatizações, até hoje, têm sido eivadas de uma opacidade quase
absoluta. Até hoje houve três privatizações: o BPN foi a vergonha que se viu na
nacionalização e agora também na privatização, a alienação do capital da EDP foi
um processo completamente opaco, ninguém sabe exactamente o que se passou na
transferência do capital que pertencia ao Estado português e que hoje pertence
ao Estado chinês, e a própria REN é um processo que está por esclarecer”,
adverte o antigo vice-presidente da Câmara do Porto.
Paulo Morais considera que a comissão parlamentar de acompanhamento do
processo de privatizações está “ferida de morte”, porque todos os seus membros
representam interesses, nomeadamente na privatização da EDP.
“Basta lembrar que nesta comissão o vice-presidente é o deputado Miguel
Frasquilho, que pertence ao grupo bancário BES que assessorou os chineses na
aquisição. Depois, o advogado Mesquita Nunes, do CDS, pertence ao escritório de
advogados que acompanhou a EDP e o Governo neste processo de privatização. O
deputado Pedro Pinto é consultor de duas empresas que dependem absolutamente da
EDP.”
O vice-presidente da Associação Transparência e Integridade diz que resta
saber se esses deputados quando estão na comissão parlamentar “representam o
povo que os elegeu ou os diversos actores, bancos consultores, EDP, advogados,
que lhes pagam”.
“Contratados como consultores porque são deputados”
Nesta
entrevista à Renascença, Paulo Morais sustenta que o Parlamento
é dominado por interesses de grandes escritórios de advogados.
“Estas pessoas são contratadas pelos escritórios de advogados, são
contratadas como consultores porque são deputados”, acusa o professor
universitário.
“Passa-se um pouco a ideia de que são grandes profissionais, com grandes
competências, que vão para o Parlamento, mas não é nada disso”, sublinha, “são
jovens que vêm da JSD, da JS, da Juventude Centrista e que, uma vez instalados
no Parlamento, são capturados pelos escritórios de advogados e passam a
trabalhar nesses escritórios de advogados por estarem na política”.
Renegociação das PPP "teria evitado os cortes nos
salários"
Na opinião do vice-presidente da Associação Transparência
e Integridade, “não há razão nenhuma” para que ainda não se saiba o valor dos
compromissos das parceria público-privadas (PPP) e não terem sido renegociados
os diversos contractos.
“O Governo já não tem, ao fim destes meses todos, desculpa para não pegar
neste dossier”, salienta.
Paulo Morais, nesta entrevista à Renascença, diz que a
renegociação atempada das PPP teria evitado os cortes nos salários da função
pública, entre outras medidas de austeridade.
1 comentário:
Que fazer?
Estamos dominados pelo poder do dinheiro.
Continuar a luta é necessário, mas penso que devemos ser mais duros nas nossas ações.
A Greve Geral é uma boa forma de luta, mas os nossos opressores jogam no medo das pessoas. Oxalá ela seja bem conseguida.Quem me dera não ter água nem luz,em casa, nesse dia!!!!!!
Um beijo.
Enviar um comentário