O ser humano, na intenção de conhecer como vive e de se antecipar ao tempo a viver, foi construindo, ao nível superstrutural, representações da realidade, quantificando-as quanto possível, usando-as como instrumentos estratégicos (e tácticos, havendo alguma confusão entre as duas abordagens).
Surgem agora, como funções e tarefas fora do processo produtivo, ou integráveis no conceito de trabalhador produtivo colectivo, com relevo e relevância, nem sempre reconhecidos, as actividades ligadas às áreas da economia (a economia com várias divisões em quê sobressai a gestão) e da sociologia (a sociologia, em sentido lato, com a antropologia, a arqueologia e etc., o estudo de como viveram e vivem os seres humanos).
Há, de certo, fronteiras entre as duas grandes áreas do conhecimento, mas são, por vezes, fronteiras erguidas artificialmente. Por se ignorar, deliberadamente, que a economia é uma ciência social e por se desvalorizar a necessidade, na sociologia, de se utilizarem instrumentos e métodos quantitativos com o indispensável rigor. Quando, por todas as razões, a complementaridade deveria ser permanentemente procurada.
Assim como por detrás de cada número do economista está o ser humano (o número que define a população activa sem emprego são… seres humanos desempregados!), também em trabalhos e análises do âmbito do sociólogo, portanto centrados no ser humano, como indivíduo e como colectivo, a utilização da estatística tem de ter em prévia atenção o significativo das amostras e dos inquéritos e das sondagens, e não se pode tratar os números um pouco ao acaso, ou fazer do aleatório – do acaso… – algo de emblemático.
Acresce que a instrumentalização política das representações – sejam elas evoluções de PIB ou sondagens por amostragem – vem dar uma crescente importância à informação que os novos meios massificaram, e é via para convencer a “opinião pública” de que essas representações substituem a realidade e assim influenciam escolhas (ou não escolhas) legitimam democraticamente rumos muito pouco ou nada democráticos.
Sáo instrumentos de luta. Como tudo o é, ou pode ser
1 comentário:
Não esqueço a bela recordação do almoço de homenagem ao CRAVO DE ABRIL, em Espinho, onde tive conhecimento desse livro.
Um beijo.
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