- Repetir o óbvio para que seja óbvio para outros
- Falar verdade é indispensável para calar a mentira
- Ser livre não faz parte da condição humana... é uma conquista a/por fazer
- Todos os momentos são históricos
- antes do momento (histórico, como todos), há a história feita (escrita, contada por)
- há o momento (histórico) que fica
- depois, há o que segue, a história a ser feita
terça-feira, abril 29, 2014
Algumas máximas reduzidas ao mínimo
domingo, abril 27, 2014
O vómito ou a incontinência
De tanto ter lido, afastou-se-me a necessidade de escrever sobre Gabriel Garcia Marquez. Acontece.
Não que não sentisse a sua morte como uma perda a anotar e a comentar. Mas, de tanto ter lido resultou aquela pessoal recusa de ser formiga no carreiro. Se o que sou é ser mais um, parece que tenho uma relutância visceral a ser mais um que não acrescenta nada.
Por isso, e porque sinto algo a acrescentar, aqui estou, neste cantinho, a dizer que senti a morte um dos "meus escritores". Para acrescentar o quê? Que, de tanto ler coisas certas e justas, me cansou o quase permanente, aparentemente inevitável, salpico da "amizade com Fidel", "ter sido fiel a Fidel" e quejandas glosas. Assim como se se tivesse de dizer que o homem, Gabo em particular, não pode ser perfeito, e que o grande escritor e jornalista tinha aquele pecadilho. Ou pecadão. Ou "pancadão"...
Como transborda, como um vómito, um arroto, o preconceito, a reaccionária incontinència!
Este é um exemplo, como o da descoberta de humanidade na música de Lopes Graça... apesar de ele ser comunista!
Esta fica para outra altura... mas como estava nas mesmas páginas, veio "à boleia".
sábado, abril 26, 2014
dias de agora - neste dia ainda 25 de Abril mas já 26
(ainda 25 de Abril)
(...)
Esta manifestação dos 40 anos do 25 de Abril foi impressionante.
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Antes
de lá chegar, guardei duas duas frases para o dia de hoje (mais ou
menos sic porque ouvidas no rádio do carro enquanto ia a Lisboa para,
solidário e com muitos e muitos milhares, festejar estes 40 anos de liberdade):
De Ramalho Eanes (e
com ênfase) – o 25 de Abril (ou a revolução?) não é uma
situação, é um processo.
De
Jerónimo de Sousa (a explicar porque se rira quando Cavaco Silva se
referira “ao cerco do parlamento em 1975” – … isso não foi no parlamento
mas na Assembleia Constituinte, e não foi nenhum cerco, eu estava lá e ele não!
(e face à insistência da jornalista para que comentasse)… foi, da
parte dele, um desabafo reaccionário!” (Boa, Jerónimo!)
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Depois,
foi a tarde memorável,
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im pressionante!
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Claro
que não tão memorável como a de há 40 anos, mas a merecer o histórico 25 de
Abril de 1974 e a dizer que ele continua vivo.
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Que manifestação
enorme! Linda, firme, determinada!
26.04.2014
Estou já no Zambujal, para ir almoçar e, depois, participar na conversa
e convívio à volta do 25 de Abril, no CdeT do PCP em Ourém.
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Espero que corra bem, em bom ambiente, diria de camaradagem familiar.
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Há tanto que conversar.
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E é tão necessário conviver!
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Depois, venho fazer o saco para a viagem a Amsterdão e amanhã de manhã
vou de expresso para Lisboa.
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A saúde vai aguentando, mas (se calhar…) estou a precisar de descansar
(ou de um colete de forças!)
(…)
sexta-feira, abril 25, 2014
dias de agora: Hoje, é 25 de Abril, como sempre o é dentro de tantos de nós
(na véspera)
(...)
Na Escola de Ourém, uma sala cheia, a minha “actuação” partilhada
com um miliciano que participou no 16 de Março, e é diácono em Alcanhões, e com um camarada operário vidreiro, de 82 anos, o Júlio, que me conhece de 69, na
Marinha Grande.
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Uma resenha inicial por uma professora de História, bem feita,
interessante, e a leitura de um poema do Ary dos Santos, por uma aluna, que leu
bem… mas que foi mal escolhido por ser demasiado longo… e só o Ary o tornaria à
exacta medida, onde quer que fosse.
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Depois, a emoção da passagem do filme do arquivo da RTP, com a minha
saída (e de todos nós!) de Caxias, após o que cada um dos convidados fez o "seu número".
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Não me saiu mal, para não me gabar…, e a malta portou-se muito bem
o que é, sempre, o teste definitivo.
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Almoço a correr e, a correr, a ida para Fátima, para o Colégio
Sagrado Coração de Maria.
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Como sempre, muito bem recebido para “actuar” a solo.
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Antes, um coro a cantar duas canções do Zeca e a Gaivota, “homenagem” ao
convidado, coro que, com pena, vi partir para as aulas e me deixou com a sala cheia dos “mais
pequeninos” e alguns professores e o director, que me pareceram, num ou dois
casos, terem vindo ver “como era” e "o porquê" do convite reiterado a este personagem…
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Foi uma sessão muito animada, com a introdução adaptada às idades e
muita muita conversa a partir de perguntas expontâneas em catadupa.
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Duas questões retive, por serem novidade, sobre o erro e o
arrependimento.
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Foi muito interessante e, mais uma vez, fui rodeado de muito carinhosas e simpáticas atenções.
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Registo o “regresso”, embora precário, da Ana Rita Borga como
professora, e o encontro com a Eliana, a professora que fez uma (boa!) tese de
mestrado sobre o Aljube, a quem ajudei com informações em conversas e
documentação, e que gostaria de ver avançar para doutoramento.
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Ainda tive, em Fátima, um intervalo de encontro muito amigo (sempre com emoção) com a
Teresa e a Sílvia Camilo e uma parente, para se falar do Lopes Graça, e ouvir
coisas que não compreendem – e não aceitam, enquanto eu compreendo e por aí me fico... – por parte do Partido.
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Corri, depois, para Ourém, para as “aulas” semanais na Universidade Sénior, mas apenas
dei uma por ter faltado à primeira.
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E foi mais uma conversa sobre o 25 de Abril e a sua “escrita” e
memória e futuro.
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Fui à sessão de jazz no Museu
dedicada ao 25 de Abril, com pouquíssima gente – que pena! – em que tocaram o Acordai
e a Mãe-Pátria do Graça.
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Foi bonito… e pena!
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Com o dia tão cheio, tantas emoções e… cansaço, resolvi poupar-me às
comemorações ditas oficiais… com o António José Seguro.
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(…)
25 de Abril de 2014
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância
do tempo
Sofia
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Mas há que nunca esquecer os antes, os porquês, os depois…
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Como este homem, Bento de Jesus Caraça, parece tudo ter adivinhado (em
1933!)
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Em A Cultura Integral do Indivíduo:
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E, virando a página, e tendo a lucidez de ver que “a nossa época”
não se confina e mede em dias, semanas, meses, anos, só em décadas que se inserem
em séculos e milénios:
E vou para a Festa, para mais abraços emocionados, lembrando muito daqueles
que já não posso abraçar, mas certo de que abraçarei muitos já nascidos depois de
25 de Abril de 1974 e que o têm dentro de si e da sua/nossa luta.
quinta-feira, abril 24, 2014
dias de agora, nestes dias antes de 25... - 24
Estes dias de agora...
Ligando-se uns aos outros e aos de 40 anos atrás.
Ligando-se uns aos outros e aos de 40 anos atrás.
Ainda de ontem...
(...)
De manhã, foi a correria para chegar antes das 10 à Barquinha, para
a sessão comemorativa dos 40 anos na escola secundária, em que os animadores foram o coronel Matos Gomes, o
presidente da Câmara (PS), a directora do agrupamento e eu, com uma outra
professora a modera (ou a fazer de “compère”).
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Uma primeira impressão que não foi agradável, num edifício novo, que
inaugurava um posto emissor de rádio muito (demasiado) barulhento, alunos a jogarem às
cartas, uma sensação de caos, que se foi aos poucos corrigindo, a começar pela visão de paredes com exposição de materiais alusivos.
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Um auditório repleto de alunos, mas também com manchas de
assistentes “civis”, de cabelos brancos, entre eles o João Filipe de Seiça, este sem cabelos mas velho e grande
amigo.
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Depois de uma abertura com um coral de alunos a cantar Zeca Afonso
– e bem, com uma professora motivada e boa “regente” – a primeira intervenção
foi minha, que correu bem, como bem correu toda a sessão, sem qualquer pequena
falha ou "incidentes" da parte do “público”.
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De princípio em fim, mais de duas horas (com um intervalo de 10 minutos)
a contar-se o 25 de Abril, c em vários e
complementares registos de memória a que eu procurei trazer a dimensão de
presente e futuro, de luta que continua.
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Os “miúdos” portaram-se impecavelmente, sempre muito atentos e
interessados sem os habituais “grupinhos” de dois ou três “reguilas” ou
desatentos que, por vezes perturbam... ou tentam.
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Muito positiva a sessão, num excelente ambiente, a que se seguiu um
almoço simpático, com o “pessoal maior”, em que me calhou a conversa mais
directa com uma professora que é membro da Assembleia Municipal de Torres Novas
pelo Bloco.
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Foi a oportunidade de se esclarecerem algumas cois(inh)as sobre o
“fait divers” dos militares na AR, da Associação 25Aª e o Largo do Carmo, além
de conversa descontraída, em particular com o Carlos Cavalheiro do Fatias de
Cá, que é professor na escola, sobre teatro e as suas realizações, claro.
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Pouca tarde sobrou e tive reunião da concelhia de Ourém à noite.
(...)
24.04.2014
Mais uma véspera, acordada a lembrar outra véspera de há 40 anos,
em que esperava a ida ao facínora Tinoco, para o começo de “coisas sérias”...
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40 anos depois, levanto-me para ir à Escola de Ourém, de manhã, e, depois
do rápido almoço – se houver tempo...a habitual ida (12ª ou 13ª consecutiva) ao
Colégio do Sagrado Coração de Maria, em Fátima, “contar o 25 de Abril aos meninos”, onde
tenho de estar antes das 2 da tarde.
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Depois se verá…
quarta-feira, abril 23, 2014
dias de agora, nestes dias antes de 25... - 23
23.04.2014
Na noite de ontem, passei, rapidamente, pelo filme do neto do Miller
Guerra de homenagem à memória do avô, grande democrata.
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Tão grande que até mereceu que o filme se incluísse na série sobre as
comemorações televisivas dos 40 anos do 25 de Abril.
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O senhor (doutor, se faz favor…) até seria um excelente profissional
e, nos escassíssimos contactos que tive com ele, foi muito simpático, mesmo afável.
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Mas, politicamente... lembro-me de um facto significativo ocorrido, no debate promovido pela
Associação dos Estudantes de ISCEF, com candidatos na formação próximas listas às eleições
de 1969, em que lhe coube a ele, Miller Guerra (professor, se faz favor...), ir como candidato da ANP marcelo-caetanista e a
mim como futuro candidato pela CDE, havendo também não me lembro quem que se presumia que o viria a ser pela lista da
CEUD mário-soarista.
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O que recordo bem é que, na sua intervenção, Miller Guerra se vangloriou de ter sido convidado para vir a integrar todas as
três listas ali representadas.
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Não achei nada melhor, na minha intervenção, do que começar por sublinhar
o facto (político!) de me orgulhar de não ter sido convidado para nenhuma lista,
e de apenas ser considerado candidatável numa lista da CDE, o que veio a acontecer
pelo distrito de Leiria, e numa lista com essa sigla, mas unitária por dela fazerem
parte cidadãos conotados com a linha mário-soarista, ou seja, PS em formação.
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Ele há cada (e tanta!) coisa de que eu me lembro!
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E lá vou, a caminho de Vila Nova da Barquinha, 40 anos depois do 25 de Abril e quase 45 anos depois dessa batalha eleitoral em pleno fascismo e guerra colonial.
(...)
terça-feira, abril 22, 2014
Dias de agora, nestes dias antes de 25...- 22.04.2014
22.04.2014
(...)
Pus-me para aqui a tentar recuperar coisas, fiz milhentas das
“pequeninas” (e indispensáveis) e só agora começo a manhã.
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Já de tarde... porque são 12:14 como me diz o cantinho inferior direito do
computador.
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Bom… cumpra eu a intenção de, nestes dias até 25. deixar uma breve
reprodução diária destes dias de agora.
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Como tinha projectado, vou cumprir a intenção de recorrer ao grande
mestre – nada de conotações… – Bento de Jesus Caraça, e ao seu caderno
inestimável A Cultura Integral do Indivíduo.
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“As novas fôrças detentoras do poder
realizam as reformas indispensáveis, os interêsses gerais estão por um momento
satisfeitos; numa base mais larga que a passada, concordam o individual e o
colectivo – abre-se um período de acalmia, período cuja duração depende da
medida em que a nova classe dirigente ser conserva fiel aos motivos que
originaram o seu advento e também do grau de consciência colectiva das massas.
Passa algum tempo …”
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E o que segue é ainda mais premonitório!
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Fica para amanhã.
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Hoje, neste dia de agora e em transcrição para o anónimo,
ainda me lembro – e lembrar quero – que há 40 anos, neste dia, já fora ao
primeiro “encontro” com o facínora Tinoco, que me prometera “outras conversas”
(como se eu conversasse com ele…), já fizera, com uma meia roubada ao par que
ficara desirmando, uma bola de trapos e papel, com que ocupava a hora do recreio,
lá em cima, naquele rectângulo-buraco de cimento, correndo ao redor e chutando o
mal amanhado esférico…
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(...)
segunda-feira, abril 21, 2014
Os deputados eleitos nas listas da CDU prestam contas...
... sempre!
... e os outros?
... e os outros?
Etiquetas:
eleições para o Parlamento Europeu
Dias de agora, nestes dias antes de 25...
21.04.2014
Adormeci a ler, e acordei para o dia com muitas coisas quase-escritas.
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E com um título “a maldição de ser comunista”.
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Ou talvez, em alternativa, “… sobre a mania da perseguição”!
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Porque, por vezes, confronto – comigo mesmo também – essa ideia de
que temos connosco a tal "mania da perseguição".
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Ora a penúltima leitura antes de adormecer foi de “Fantasmas da
barbárie”, no Atual do Expresso, sobre um
document(ári)o que “interroga a purga anti-comunista que abalou a Indonésia dos anos 60”.
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Isto depois de ter visto, há dias, o filme de G. Clooney Boa
noite e boa sorte, sobre o “maccartismo”, e andar às voltas cm outras
coisas.
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Por isso, rejeito o título alternativo e começo o que já estou a escrever
com o título definitivo de “a maldição de ser comunista”.
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O que, claro!, implica logo a exigência de se definir o que é essa
coisa de se ser comunista.
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E sejamos claros, claro!
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Para mim – claro! – ser comunista, numa simplificada (simplista?)
definição, é ter uma concepção de vida e do ser humano que se escora em alguns
princípios e valores inamovíveis – como solidariedade fraterna atemporal e
a-espacial), e coisas assim que têm a ver com eu-o-outro –,
estruturados a partir de alguns documentos-caboucos (antes de todos o Manifesto), é a integração num colectivo (se houver ou, na sua ausência, contribuir para que
haja) que defenda e lute por esses princípios-valores.
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Depois e/ou antes, sempre!, ter uma prática quotidiana de vida (tão
curta luta...) coerente com essa adoptada concepção.
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Chega? Não!… mas chega (ah!, a dialéctica e o jogo com as palavras)
para aqui. em jeito de repetição de “cábula escolar”.
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Pois o documentário (O acto de matar, de Joshua Oppenheimer) de Junho de 2013,
comentado por Vasco Baptista Marques em Atual, é impressionante (terrível!)
prova dessa maldição, tal como vivida na Indonésia entre Setembro de 1965 e
Maio de 1966, na que veio a ser a “substituição” do Sukarno por Suharto, sob o
olhar e cumplicidade do… Ocidente.
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Foi o massacre de meio a um milhão de
pessoas, foram mais 700 mil pessoas presas por serem (ou suspeitas de serem)
comunistas, na execução de um “levantamento militar” como outros, que a história
tantas vezes repetiu (lembre-se o Chile e mais, e mais) mas talvez nunca com
esta violência… apoio cúmplice e silêncio.
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Saíra eu um ano antes da cadeia, depois de preso, “julgado” e de
cumprir pena, curava feridas que queria cicatrizar e, integrado na Prelo,
acabara de ler a edição Borobudur, de Vailland, livro de
viagens que, agora me recordo, muito me ajudou sobre
Sukarno (um dos três fundadores do movimento dos não alinhados,
com Nerhu e Nasser) e a Indonésia, e a melhor me dimensionar.
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Assim adormeci.
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Não sem que, antes, não tenha lido, páginas adiante do Atual,
a nota de programação da televisão com um pequeno artigo 25A – Memórias I.
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Não se tratará de massacre ao nível do referido páginas atrás, mas
é, também. massacre anti-comunista.
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De forma continuada, como se diz no jargão jurídico.
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Ao dar-se nota do “40º aniversário do 25 de Abril: reflexões
maiores nas programações de TV”, temos tudo, isto é, tudo menos a
resistência anterior, clandestina, os comunistas, o Partido, o sindicalismo de
classe.
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«O golpe dos “capitães de abril”», «a
nova postura da mulher na sociedade», «o percurso de vida e de luta social
de Miller Guerra», «a luta contra a ditadura de armas na mão», «finalmente,
“O Capitão Desconhecido”», cujo desconheço…
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O que vale é que «a segunda parte destas programações de TV será
referida na próxima semana» (?!).
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Ah!, seja eu rigoroso… aparece uma referência aos comunistas! Não
ao Partido e aos "ortodoxos", claro!
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Em “a luta com as armas na mão”, escreve-se (…) «e a Acção
Revolucionária Armada de comunistas como Raimundo Narciso», depois de se ter
escrito, com todas as letras, LUAR e Brigadas Revolucionárias!
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É na verdade “desmasiado”, é a luta de classes em suas múltiplas expressões…
contra tudo e contra todos os que a negam ou calam.
(...)
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