domingo, abril 27, 2014

O vómito ou a incontinência

De tanto ter lido, afastou-se-me a necessidade de escrever sobre Gabriel Garcia Marquez. Acontece.
Não que não sentisse a sua morte como uma perda a anotar e a comentar. Mas, de tanto ter lido resultou aquela pessoal recusa de ser formiga no carreiro. Se o que sou é ser mais um, parece que tenho uma relutância visceral a ser mais um que não acrescenta nada. 
Por isso, e porque sinto algo a acrescentar, aqui estou, neste cantinho, a dizer que senti a morte um dos "meus escritores". Para acrescentar o quê? Que, de tanto ler coisas certas e justas, me cansou o quase permanente, aparentemente inevitável, salpico da "amizade com Fidel", "ter sido fiel a Fidel" e quejandas glosas. Assim como se se tivesse de dizer que o homem, Gabo em particular, não pode ser perfeito, e que o grande escritor e jornalista tinha aquele pecadilho. Ou pecadão. Ou "pancadão"...
Como transborda, como um vómito, um arroto, o preconceito, a reaccionária incontinència!

Este é um exemplo, como o da descoberta de humanidade na música de Lopes Graça... apesar de ele ser comunista!
Esta fica para outra altura... mas como estava nas mesmas páginas, veio "à boleia".

5 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Há sempre salpicos de maledicência quando alguém é "grande" mas que, na realidade, são verdadeiros elogios.

Um abraço.

antuã disse...

Ahumanidade existe porque há o comunismo por objectivo.

Justine disse...


É bom desabafar...

samuel disse...

Consta, até… que Saramago gostava da mãe… e que Cunhal costumava sorrir… apesar dessa coisa do co… do com… comun… isso!!! :-)

Abraço.

Anónimo disse...

Gabriel Garcia Marques viveu em casa de Fidel Castro. Ele foi embaixador itinerante de Cuba durante vários anos. Abandonou tudo pela perseguição da cia e refugiou-se no México.
No YouTube podem-se ver filmes de alegre confraternização entre os 2.
Agora os mexicanos, eles são o menos, e o amigo de Cavaco João Manuel Santos da Colômbia armam-se em patronos culturais do nosso querido falecido.
Fidel Castro mandou uma coro de flores amarelas. mas a família continua a protegê-lo mesmo depois da morte. calculo. Esse medo perseguiu da mesma forma Hemingway que com outros medos o levou ao suicídio mas ainda se comemora o histórico encontro de Castro com ele.
Aprendi com Garcia Marquez a exclamar quando abro a caixa do correio vazia: Ninguém Escreve ao Coronel. Digo sempre e o meu neto já diz comigo. Ninguém escreva ao coronel.