quinta-feira, dezembro 17, 2015

Os escolhidos e os (ainda não!!!) eleitos

 - Edição Nº2194  -  17-12-2015

Os escolhidos

O espaço preenchido durante mais de uma década a cada domingo por Marcelo Rebelo de Sousa (MRS) na televisão portuguesa foi agora ocupado por Marques Mendes. É sabido que MRS usou a montra que lhe foi oferecida não só para caucionar cada passo da política de direita, cada assalto aos rendimentos e aos direitos dos trabalhadores, cada privatização ou cada nova imposição da União Europeia, mas também, para ir construindo uma imagem de «independente», branqueando o seu passado e as suas responsabilidades políticas, cativando com os seus dotes oratórios a atenção dos mais incautos para se projectar como candidato à Presidência da República.
Candidato do PSD e do CDS, candidato dos grupos económicos e financeiros, candidato de Passos Coelho e Paulo Portas, como os mesmos fizeram questão de sublinhar no passado fim-de-semana garantindo o apoio dos respectivos partidos, apesar de todos os cuidados para esconder a verdadeira origem e motivação dessa mesma candidatura.
Como se disse, no lugar de Marcelo está agora Marques Mendes. Pode pensar-se que o estilo é outro, porventura menos telegénico, mas nem por isso menos perigoso. No percurso de ambos encontramos o facto de terem sido presidentes, governantes e deputados do PSD, o que parece ser bastante para que lhes sejam escancaradas as portas da comunicação social onde debitam as suas opiniões para milhões de pessoas.
Neste clube restrito do «comentário» e da «análise política» a que os principais órgãos de comunicação social dão voz, cabem todos aqueles que não questionam o poder dos grupos económicos, que não colocam em causa a União Europeia e a NATO, que não pestanejam face ao rumo de exploração e empobrecimento que tem sido imposto.
Por mais voltas que se dê os chamados comentadores políticos são escolhidos, um a um, em função da sua fidelidade aos grandes interesses. Sendo que a sua dita independência, não passa de uma enorme farsa. E é por tudo isto que não se pode estranhar, nem o ódio de classe, nem a quantidade de barbaridades que têm sido ditas sobre o PCP e o seu papel na vida nacional. Uma constante deste quadro mediático que vai sofrendo erupções em determinados momentos, como aquele que possibilitou a derrota do governo PSD/CDS e que tem feito estalar o verniz a muito boa gente.

Vasco Cardoso

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