Realizador Ken Loach critica austeridade que "provocou a miséria" em Portugal
23 de MAIO de 2016 - 06:58
No discurso
depois de vencer a segunda Palma de Ouro, o realizador britânico defendeu que
"outro mundo é possível e necessário".
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Yves Herman/Reuters
Lusa
Ken Loach
defendeu o cinema como forma de protesto contra um mundo em perigo pelas ideias
neoliberais que implicaram uma vaga de austeridade "que provocou a miséria
de milhões de pessoas desde a Grécia a Portugal, com uma pequena minoria que
enriquece de maneira vergonhosa".
No discurso
na cerimónia deste domingo, o vencedor da Palma de Ouro na 69.ª edição do
Festival Internacional de Cinema de Cannes lembrou que "outro mundo é
possível e necessário".
O cineasta
fez um discurso muito aplaudido, com a assistência a colocar-se de pé para lhe
agradecer as palavras e o filme, com o qual se junta a um número restrito de
realizadores - sete no total - que receberam duas palmas de ouro. A primeira
palma de ouro foi garantida há dez anos pelo filme "The Wind that Shakes
the Barley" (Ventos da Liberdade). Nesta edição venceu com o filme
"I, Daniel Blake".
A decisão do
júri presidido por George Miller em atribuir a Palma a Ken Loach por uma
política social e que denuncia a situação em que se encontram as classes mais
desfavorecidas da sociedade britânica, e com uma convincente interpretação de
Hayley Squires foi particularmente aplaudida, sublinha a agência noticiosa Efe.
O grande
prémio do júri foi atribuído ao jovem realizador canadiano Xavier Dolan, de 27
anos, pelo seu drama familiar "It's Only the End of the World".
O prémio de
realizador foi partilhado entre o francês Olivier Assayas ('Personal shopper',
um 'thriller' que conta com a atuação da atriz norte-americana Kristen Stewart)
e o romeno Cristian Mungiu ('Graduation', um drama sobre a corrupção numa
sociedade pós-soviética).
Já o prémio
de melhor ator foi entregue ao iraniano Shahab Hosseini pelo seu papel de marido
afetado por um ataque à sua mulher dentro da sua própria casa no drama 'The
Salesman', do realizador iraniano Asghar Farhadi.
Hosseini já
tinha contracenado no filme de Farhadi 'A Separation' (2011), que ganhou um
Oscar para melhor filme estrangeiro de língua não inglesa.
Por sua vez,
o prémio de melhor atriz foi atribuído à filipina Jaclyn Jose pelo seu trabalho
em "Ma' Rosa", realizado pelo seu compatriota Brillante Mendoza, no
qual interpreta o papel de uma mãe que vende droga para sobreviver e cai nas
presas de uma polícia corrupta.
As duas
'curtas' portuguesas "Campo de víboras" e "Ascensão",
premiadas no festival IndieLisboa, no início do mês, foram selecionadas para a
competição, no âmbito da Semana da Crítica, que tem como objetivo dar a conhecer
novos talentos do cinema, mas acabaram por não vencer.
Esta edição
do festival, sujeita às medidas de segurança mais apertadas de sempre, por
causa dos atentados de novembro, em Paris, foi também marcada pela manifestação
da equipa do realizador brasileiro Kleber Mendonça Filho, contra o que chamou
"o golpe", que afastou Dilma Rousseff da Presidência do Brasil.
Além disso,
mais de 30 organizações europeias de cinema uniram-se igualmente num protesto
contra o Governo do Irão, em defesa do cineasta iraniano Keywan Karimi, de 30
anos, condenado a 223 chicotadas, no seu país, por ter dirigido o documentário
"Writing on the city" ("Escrevendo na cidade") sobre os
'graffiti' de Teerão.
Em Cannes,
fora de competição, foram ainda apresentadas duas longas-metragens com
participação portuguesa: "La forêt de Quinconces", de Grègoire
Leprince-Ringuet, produzida por Paulo Branco, e "La mort de Louis
XIV", do espanhol Albert Serra, cuja rodagem passou por Portugal, teve a
participação da Rosa Filmes e é protagonizada pelo ator francês Jean-Pierre
Léaud, homenageado com uma Palma de Ouro Honorária, nesta edição do festival.
Este ano, o
festival abriu com o novo filme de Woody Allen, "Café Society",
exibido fora de competição, e encerra, pela primeira vez, com a exibição do
vencedor da Palma de Ouro.
O júri foi
presidido pelo realizador australiano George Miller.
1 comentário:
Os filmes ingleses são,geralmente,muito bons!Pena,sermos massacrados pelo cinema norteamericano,que na sua maioria,são pura propaganda ideológica capitalista.A atribuição dos prémios de "Cannes",sempre foi muito criteriosa.Bjo
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