A
propósito de “o princípio da incerteza”
ou
da incerteza por princípio
notas
de um (quase) diário:
(…)
tem
algo de constrangedor ouvir dizer coisas muito estudadas, a partir e com base
em conceitos como quem usa um abcedário que não tem a primeiras letras (o ABC)
e muito investiga e discorre de D a Z.
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Antes
manusear modestamente todo o alfabeto que fazer malabarismos exuberantes com o
alfabeto amputado de letras que são básicas, essenciais para a compreensão da
escrita e leitura.
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Como
falar de dinheiro, crédito, banca, investimento, economia, ignorando
necessidades, recursos, trabalho, relações sociais?
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Como
fazer tábua rasa da razão de ser da moeda, apenas instrumento na epiderme das
relações entre os seres humanos?
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Sim,
do dinheiro!
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Sim,
como começar a História da Humanidade a meio caminho (“meio” é força de
expressão…), ignorando tudo o que foi História até esse começo a meio, com os
séculos e milénios como única escala?
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Sim,
meus caros coevos, será que as trocas, a moeda, o dinheiro, a poupança (i.é., a
entrada do tempo na História), o crédito com base no poupado, nasceram com o
capital, ou seja, com as relações sociais em que força de trabalho é mercadoria?
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Perguntado
de outra maneira: será que não vos bastava aceitar (nalguns casos, em resignado
estatuto de orfandade) que o capitalismo seria o fim da História.
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E
até sendo isso duvidoso – como duvidoso parece ser o que seja o capitalismo –, têm de se apoiar no
engano de que o capitalismo é o princípio
de tudo, isto é, também o princípio da História?
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O
dinheiro não é o que o capitalismo faz dele, mas aquilo para que foi criado e que
depois, pelo capitalismo no seu funcionamento – na correlação de forças sociais
em luta de classes –, foi sendo ao ser pervertido pelo uso e abuso, pela especulação
e fraude.
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“O princípio da
incerteza”?, e porque não começar pelo princípio dos
princípios?, sem certezas!
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E
assim me deitei, com estas incómodas e irritadas (mas revivificadoras)
reflexões, e me levantei, hoje, a ler o Spiglitz
no Expresso-Economia.
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Comecei
bem com o seu “pensamento não convencional”,
desta feita com o título de A nova era
do monopóllo:
“Concorrência
é algo que os mercados muitas vezes não têm. Isso tem consequências, desde logo
na desigualdade.”
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Embora,
desde logo…, se impusesse explicar bem a que se refere essa coisa da
desigualdade, ou a que se referencia, o artigo explana sabença académico/prática
para acabar assim:
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Será
admissível que o respeitado Nobel desconheça (com tão silenciosa soberba…) contributos
de Marx e de muitos que, por mais modestos, o têm continuado na crítica da economia política,
onde se inclui o trabalho teórico sobre os monopólios?
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Ou
a alergia a certas palavras, ou os preconceitos…, são tão fortes que obnubilam
tudo o que se use terminologias como concentração
e centralização de capital?
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E
assim passei a manhã.
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Mas
hoje não é domingo?
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Vamos
a ele!
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