segunda-feira, maio 02, 2016

Lucidez, confinada... mas lucidez

"quase-diário":

Num intervalo. a ler o lúcido, keynesianamente – o que quer dizer lucidez confinada –, Nicolau Santos numa muito  boa síntese da situação, na perspectiva dos níveis a que se trava a luta política (que não é apenas par(a)lamentar):

«Bom dia. Este é o seu Expresso Curto, o primeiro deste mês de maio, no dia seguinte ao Dia do Trabalhador, que ficou marcado por uma divergência não de objetivos mas de velocidade entre o Governo e a CGTP.

Com efeito, o primeiro-ministro, que estava nos Açores, apelou às forças que apoiam a orientação do atual Governo para cerrarem fileiras.Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, respondeu-lhe, anunciando uma semana de greves e manifestações entre 16 e 20 de maio.
Disse António Costa: “É necessário que prossiga uma mobilização muito forte em defesa desta política, que tem muitos adversários, não só internos, como externos”. Exemplificou com as instâncias europeias que “criticam a política da atual maioria de aumento do salário mínimo nacional”. Por isso, “percebemos bem que é essencial que essa luta prossiga, porque não é possível continuar a alimentar a ilusão de que o nosso desenvolvimento se faz com um modelo que está morto e que tem de ser enterrado - um modelo de baixos salários e de precariedade laboral”.
Ora qualquer líder sindical gostaria de ouvir estas palavras. Mais: um líder sindical subscreveria a maior parte delas. Mas Arménio Carlos não é um líder sindical qualquer. Tem pressa, impaciência e desconfia do que pode acontecer. Reconhece que “as medidas implementadas [pelo atual Governo socialista], embora limitadas, invertem o rumo de cortes sucessivos nos salários, nas pensões e nos direitos”, mas defendeu que “é preciso ir mais longe”: “há muito caminho para fazer, um conjunto vasto de problemas para resolver e uma luta que não pode parar”. Por isso,anunciou uma semana de luta - de 16 a 20 de maio – para reivindicar o aumento de salários,
o emprego com direitos, a renovação da contratação coletiva e as 35 horas de trabalho semanal para os trabalhadores dos setores público e privado.
Mais: disse a António Costa que pode contar com o apoio da CGTP para “resistir às chantagens e ingerências internas e externas”, mas avisou que a central sindical jamais será cúmplice “de políticas que perspetivem a cedência e subjugação aos ditames da 'troika' ou a hipotéticos consensos alargados defendidos pela direita”.
Ora aqui está como se pode aparentemente estar do mesmo lado da barricada, mas seguramente não de mãos dadas. Ora aqui está como o Governo pode contar com o apoio do parlamento mas não o das ruas - embora, na verdade, as greves tenham caído a pique desde que António Costa chegou ao poder. Com efeito, os dados oficiais mostram que nos primeiros três meses deste ano, os sindicatos entregaram ao Ministério do Trabalho apenas 105 pré-avisos de greve. Ou seja, menos um terço do que em igual período do ano passado (348) e quase cinco vez menos do que no pico da crise, em 2013, quando as estatísticas atingiram o recorde de 448 pré-avisos de greve em apenas três meses.(...)»


&-----&-----&

Pois é, Nicolau, há líderes sindicais que não são uns lideres sindicais quaisquer, e hã sindicatos de classe!

&-----&-----&


Por mais que custe a acreditar, há quem tenha uma leitura da História como sendo eesta a luta de classes (como, dizemos nós… , a História o comprova), e procure ser coerente com essa leitura e do lado da outra classe, na correlação de forças sempre mutável.

2 comentários:

Olinda disse...

Bom,como sempre camarada!Tenho estado com o computador bloqueado ao acesso dos mails e comentários,mas não tem impedido o acesso ao blog,o que faço diàriamente com muito gosto.Estas reflexões,são muito interessantes e úteis!Bjo

Sérgio Ribeiro disse...

Obrigado, camarada. Os teus comentários estimulam-me muito a pôr cá fora algumas reflexões que a realidade vai provocando. Beijo