quarta-feira, maio 31, 2017
Hoje, às 18 horas
O envelhecimento demográfico em geral tem refletido as suas
consequências na população ativa da maior parte dos países europeus,
tendência à qual Portugal não constitui exceção. Esta realidade coloca
desafios às sociedades e às políticas públicas mas também ao mundo do
trabalho, às organizações e aos gestores de recursos humanos. Como manter uma
força de trabalho cada vez mais envelhecida? Como potenciar a diversidade
etária dentro das organizações? Como gerir a saída dos trabalhadores mais
velhos das organizações? Como assegurar a transmissão de competências entre
os trabalhadores mais velhos e os mais novos? Qual o papel das
organizações e da sociedade na transição para a reforma e,
consequentemente, na vida dos reformados? Estas são algumas das questões que
serão exploradas neste debate.
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terça-feira, maio 30, 2017
Hoje, homenagem a Mário Castrim, às 21 horas, no Jardim de Inverno do Teatro.S.Luís
Há bem mais de 50 anos, no Clube do Pessoal do Instituto Luso-FármacoCastrim, nome mítico do jornalismo português
15 DE OCTOBER DE 2013
Há onze anos, a 15 de Outubro de 2002, Mário Castrim – jornalista, crítico de televisão, professor e poeta – partiu para a viagem sem regresso. Era, e permanece, um nome mítico do jornalismo português. A sua imagem e a sua memória continuam vivas – para os muitos que o amaram e para os muitos que o odiaram, pois a sua ironia e a sua pontaria certeira, na forma de um português sem mácula, não deixaram ninguém indiferente. (RC)
Dele falo com paixão e gratidão: conheci-o na redacção do Diário de Lisboa em 1971 e muito o admirei e muito com ele aprendi enquanto jornalista e cidadão. Uma redacção que recordo com saudade: foram anos a fio a conviver, a aprender e a crescer com homens e mulheres como Urbano Tavares Rodrigues, José Saramago, Maria Judite de Carvalho, Luís Sttau Monteiro, Raul Rego, Ernesto Sampaio, Pedro Alvim, Alberto Villaverde Cabral, Alice Nicolau, Manuel de Azevedo, Vítor Direito, Mário Zambujal ou Fernando Assis Pacheco, para só falar de alguns nomes mas sem esquecer José Cardoso Pires, que durante um ano foi subdirector daquele inesquecível vespertino lisboeta.
Neste 11º aniversário do seu adeus silencioso, recordo Mário Castrim pensando na também jornalista e escritora Alice Vieira, sua paixão e mãe dos seus dois filhos, e republicando o seu último poema, escrito na cama do hospital uma semana antes de partir:
Lágrimas, não. Lágrimas, não. A sério –
Enfim, não digo que. É natural.
Mas pronto. Adeus, prazer em conhecer-vos –
Filhos, sejamos práticos, sadios.
Nada de flores. Rigorosamente.
Nem as velas, está bem? Se as acenderem
Sou homem para me levantar e vir
soprá-las, e cantar os «parabéns».
Não falem baixo: é tarde para segredos.
Conversem, mas de modo que eu também
oiça, e melhor a grande noite passe.
Peço pouco na hora desprendida:
Fique eu em vós apenas como se
Tudo não fosse mais que um sonho bom.
(publicado no Jornal “Avante!”, onde o Mário militantemente colaborou ao longo de muitos anos)
Ribeiro Cardoso
(no Clube de Jornalistas)
Etiquetas:
GENTE que gostei muito de conhecer
segunda-feira, maio 29, 2017
domingo, maio 28, 2017
Leituras e comentários
Nesta pausa de domingo (ou neste domingo de pausa), retomei algumas rotinas, entre elas a de certas leituras, que logo me convocam para comentários:
1 – Porque “isto anda tudo ligado”, gosto de ler
Ana Cristina Leonardo, embora por vezes ela me afugente por excesso de
erudição. Ora, este sábado, ACL deu o título Elogio da erudição à sua crónica, o que me assustou. Mas,
resistente (ou teimoso) que sou, li até ao fim. E valeu bem a pena porque
termina assim:
2 – Um livro muito referido
é o de Carlos Tavares e Carlos Alves A
banca e a economia portuguesa. Foi-me aguçado o interesse em o ler, não
obstante não esperar novidades relativamente a questões de fundo (e fundamento)
que não tenha já lido e debatido em páginas, reuniões, conferências, congressos,
mas a que se dedica todo o silêncio e desinformação possível.
De qualquer modo, os autores
estão bem documentados, até pelas funções responsáveis que ocuparam. O que é
curioso é que nos panegíricos que são feitos ao livro e autores não tenha visto
sublinhado – nalguns casos sequer referido – essas circunstâncias curriculares.
O que, aliás, não se estranha quando vêm de comentadores que escrevem e falam
como se nunca tivessem sido muito responsáveis na coisa pública e até ministros
da área, como é o caso do perorador Daniel Bessa.
3 – Do senhor Schäuble não
falo, nem de quem dele fala ou escreve. Não valerá a pena gastar mais cera… ou
talvez valha, mas cansa tanta prepotência de sua insolência.
Para sair de casos de banca
e banqueiros, deixo um apontamento apontar às mentes sobre a magna questão do
interesse público, isto é, de todos, e a excelência da gestão privada (sobretudo
se em língua estrangeira) que deve – dizem! – servir de exemplo para o que ainda
seja público.
Noções de economia e sindicalismo - UPP
Como em anterior "post" (de 15 de Maio) dei notícia, vou colaborar com a Universidade Popular do Porto num curso de Noções de economia e sindicalismo.
Como então deixei dito, apresentei o anúncio do curso (com um texto onde, entretanto, introduzi umas ligeiras alterações) e deixei dito que apresentaria o programa (ou guião) que intentava seguir, embora privilegie o debate e participação. Ele aqui fica:
(01.06)
10-11.15
1. A “Economia Política” e a sua
crítica
1.1.
Jogo prévio à volta das palavras
1.2.
Introdução ao materialismo histórico (MH)
1.2.1. O
desenvolvimento das forças produtivas
1.2.2. Relações de
produção, modo de produção capitalista (MPC)
1.2.3. Formação social
(01.06)
11.30-12.45
2. A “economia” como área do
conhecimento no MPC
2.1.
Breve história da teoria
2.1.1. Os clássicos – Adam Smith, David Ricardo
2.1.2. Marx
2.1.3. Keynes
2.1.4. Os outros e as técnicas
2.1.5. Do comércio e da contabilidade, do direito à ciência
económica
2.1.6. Os métodos quantitativos e o “negócio dos números”
2.1.7. A gestão
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(08-06)
10-11.15
3. Alguns “princípios
económicos” perenes
3.1. A racionalidade económica
3.1.1. Dados recursos à Maior produto
3.1.2. Dado produto à Menos recursos
3.2. O valor
– uma longa procura
3.2.1. valor de uso/valor de
troca – unidade dialéctica
3.2.2. mercadoria – mercado
– procura/oferta
3.3. Energia
3.3.1. O escravo, o animal
de tracção, a terra, os meios
3.3.2. O fogo, a lenha, o
carvão, o vapor, o petróleo
3.4. O meio-moeda
3.5. O trabalho
3.5.1. No MPC à a mais-valia
3.5.2. As classes e a luta
de classes
(08.06)
11.30-12-45
4. A fase
actual da “Economia Política”
e dinâmicas histórico-sociais
4.1.
Os circuitos na circulação do capital
4.1.1.
Circuito real; circuito monetário
4.2.
As “leis”
4.2.1.
Composição orgânica do capital
4.2.2.
Queda tendencial da taxa de lucro
4.2.2.1.
“Causas
contrariantes”
4.3.
O dinheiro
metálico e o dinheiro fictício e creditício
4.3.1.
A exploração e a especulação
4.3.2.
A crise larvar,
as “crises” e as "saídas".
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(22.06)
10-11.15
5.
A luta dos
trabalhadores
5.1.
Enquanto seres humanos
5.1.1.
Enquanto escravos
5.1.2.
Enquanto servos da gleba
5.1.3.
Enquanto possuidores de uma mercadoria
5.2.
A oferta/procura da mercadoria força de trabalho
5.2.1.
A luta económica dos trabalhadores
5.2.2.
Individual
5.2.3.
Colectiva
5.2.4.
O sindicalismo
5.2.4.1.
De classe
5.2.4.2.
Empresarial em MPC
(22.06)
11.30-12.45
6.
Os
trabalhadores em MPC
6.1.
O mercado da força de trabalho
6.1.1.
O preço da mercadoria-o salário
6.1.2.
As condições de uso da mercadoria/tempo de vida
6.1.3.
Os horários e as deslocações
6.1.4.
O “emprego”, o “desemprego” e tempo livre
6.2.
O contexto (relações de produção e correlação de forças)
6.2.1.
Trabalho produtivo e trabalho colectivo
6.2.2.
A internacionalização da vida social
6.2.3.
Leitura em MH
6.2.3.1. Desmaterialização de meios
6.2.3.1.1.
Explosões de crise
6.2.3.1.2.
Desigualdades e necessidades
ISCEF-ISEG - quente e frio
Vivi uma semana em que uma
das marcas indeléveis da minha vida se avivou. Juntámo-nos os sobreviventes (e
familiares) de uma epopeia (!): a conquista pelo ISCEF do Campeonato Universitário de Futebol
de 1957. Voltámos (e almoçámos) ao “velho Quelhas”, onde fomos recebidos com
grande simpatia e até amizade pelos actuais residentes e responsáveis (direcção,
associação de antigos alunos e associação de estudantes).
No regresso, ainda com os
restos de contida emoção, escrevi uma saudação que ema(i)lei para os
companheiros e convivas de tão vivida jornada. Para eles seria, e 6ª feira foi
enviada e por aí ficaria o escrito, não fora o Expresso de ontem, em que o ISEG
aparece a auto-promover-se com muita pompa e alguma circunstância naquela ambígua
publicidade em que o semanário se compraz para nosso desprazer. E denúncia.
E a emoção foi substituída
pela irritação e o sentimento de oportunidade de transformar a saudação a “Económicas”
em rejeição de um novo “ensino da economia” que faz parte subalterna de um
mercado avassalador e acanalhador.
ECONÓMICAS!
Há 60 anos…
(começo a escrever e vem-me
à memória o velho poema do Acácio Antunes, “antigamente
a escola era risonha e franca…).
Há 60 anos, a nossa escola
de Quelhas seria risonha e franca. Ou nós assim a víamos (ou assim a vemos,
hoje, passados 60 anos sobre os 20 anos que então eram os nossos).
Há 60 anos, o ISCEF era,
para cada um de nós à sua maneira, a porta para a maioridade de cada um de nós.
Subíamos a Travessa do Pasteleiro, vindos da Rua da Esperança, e passávamos à
porta da Emissora Nacional, ou atravessávamos a Madragoa e ao descer a Rua do
Quelhas, espreitávamos (nós, os rapazes…) as jovens operárias do Luso-Fármaco.
E estávamos em casa. Alguns entravam pela Miguel Lupi, por onde também era a
porta do prof. Albuquerque vindo, com as suas sandálias, de Campo de Ourique,
com quem me cruzava eu, chegado (a correr, vejam lá…) da Rua do Sol ao Rato.
Há 60 anos, era só isso a
nossa escola, sem as instalações na Miguel Lupi e anexos na Buenos Aires, sem o
alastramento ao edifício da EN. Era esse espaço risonho e franco porque nós
éramos risonhos e francos, com os nossos quase 20 anitos ou poucos meses mais.
E, sendo apenas isso, era tanto!
Há 60 anos, não havia
portagem à entrada (…) Ali, onde hoje escasseiam (e disputam-se) lugares de
parque para tanto automóvel, era a nossa “cantera” (e não posso deixar de
lembrar que, entre os eventuais futuros achados de “escavações arqueológicas”,
estará um menisco ali fracturado… que me veio a livrar da guerra colonial!).
Há 60 anos, carros? Dois ou três
de professores e mais um (um VW) de aluno de apelido Espírito Santo (e Comercial de Lisboa).(…)
Mas se há 60 anos assim era
a escola, esta escola não era uma ilha sem pontes. O País não vivia tempos nem
risonhos nem francos. E invadiam-nos ventos e marés. A nossa Associação dos
Estudantes era uma outra escola. Foi-o para alguns! O dec-lei 40.900, que
procurou meter as AEs na Mocidade Portuguesa mereceu luta, que foi vitoriosa; a
abertura a uma AIESEC foi conseguida combatendo o ostracismo a que nos queriam
condenar a exemplo de ao redor. E tanto mais… Mas não só dos conotados com
lutas outras e na clandestinidade (que levaram alguns a provas bem duras vida
fora, por opções político-partidárias). Também de outros, que procuravam mudar por
dentro o que de mal todos vivíamos, e concitavam jovens nesse esforço, como o
prof. Pereira de Moura, então procurador à Câmara Corporativa, com o seu grupo
de estudantes, uma outra escola dentro da escola (trabalho que - importa-me
dizê-lo - retomou mais tarde, nos anos 80, ao fazer do prestígio da escola e do
ensino da economia sua tarefa prevalecente).
Há 60 anos!, há 60 anos esta
“casa” era o nosso começo de vida, uns vindos do Instituto Comercial,
outras/outros saídos de uma alínea g) dos liceus de todo o País onde ela havia,
a vivermos uma reforma de 1949, fruto sobretudo do prof. Pinto Barbosa e seus 3
“mosqueteiros” (Jacinto Nunes, Teixeira Pinto, Francisco Moura), em que ganhavam
peso (até nos chumbos selectivos) os “métodos quantitativos”, com a herança de
um Bento de Jesus Caraça, a influência tutelar de um Mira Fernandes, as
estatísticas e econometria com outro Bento, o Murteira.
Há 60 anos! Assim se criava,
connosco!, uma verdadeira escola, uma faculdade de uma universidade técnica, numa sociedade que
mudava, que tinha de mudar!, para cuja mudança íamos contribuir, tínhamos de
contribuir!, com ajudas de gente como Adérito Sedas Nunes, como Mário e Aurora
Murteira, como Manuela Silva. Com outros de que, injustamente não lembro, aqui,
os nomes.
Há 60 anos!, há 60 anos não
era esta encruzilhada perante o incerto futuro – era outra! –, não era esta
confusão de 5 licenciaturas de escassos 3 anos, em english e in português,
de mestrados esquisitos e doutoramentos em barda e desvalorizados (terei sido
um dos últimos que sentiu – no mais fundo de si – a relevância interior ou
interiorizada de um doutoramento que não peça de um puzzle de um enorme
mercado, de uma oferta em concorrência com a Nova e a caterva de universidades privadas
fornecedoras de insólitas e escandalosas graduações).
(…)
25
de Maio de 2017
sábado, maio 27, 2017
sexta-feira, maio 26, 2017
Futebol & Finanças (mais um efe...)
de Expresso-curto:
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gosto de ler (e de divulgar)
reflexões lúcidas e bem escritas
mesmo (ou sobretudo...)
quando não estou inteiramente de acordo com elas,
até porque não são só os calvinistas
que não acreditam em milagres!
(e... como diriam os putos:
e se o alimão fosse brincar
com a pilinha dele!)
quinta-feira, maio 25, 2017
Produzir!
A política de recuperação de direitos e
rendimentos permitiu a aceleração do crescimento económico, mas não chega: é
preciso dinamizar a produção nacional. Foi assim que Francisco Lopes (PCP)
abriu a interpelação ao Governo, agendada pelo seu partido na Assembleia da
República, sobre produção nacional, esta tarde.
O deputado comunista afirmou que a
melhoria das condições de vida e a dinamização do consumo interno são factores
estruturantes, enquanto outros, como a flutuação do preço do petróleo, o
crescimento das exportações e do turismo, não o são. Por isso, defende o PCP, é
preciso substituir importações por produção nacional, aproveitar os recursos
naturais, garantir a soberania alimentar e energética.
Francisco Lopes identificou, também,
outros factores que condicionam o desenvolvimento do País, como o peso das
dívidas pública e privada, as dificuldades no acesso ao crédito ou a «submissão
à União Europeia e ao euro». O deputado lembrou que, desde a adesão à moeda
única, em 1999, não houve crescimento na indústria, na agricultura e nas pescas
– a produção teve um quebra de 50% e foram destruídos mais de 500 mil postos de
trabalho.
Antecipando-se a várias intervenções à
direita, o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, procurou sublinhar a
inversão de ciclo em 2016: à desaceleração do crescimento em 2015, seguiu-se
uma subida dos valores do crescimento nos últimos três trimestres.
O desenrolar do debate revelou-se a dois
tempos: por um lado, uma disputa sobre os méritos da acção dos últimos
governos; por outro, a discussão sobre os caminhos para o desenvolvimento do
País. Os deputados do PSD e do CDS-PP mostraram sempre dificuldade em sair do
primeiro, tal como a maioria dos intervenientes do PS no debate.
Nas várias questões colocadas aos
membros do Governo presentes – para além de Caldeira Cabral, estiveram Capoulas
Santos (Agricultura e Pescas) e Ana Paula Vitorino (Mar) – vários deputados
sublinharam várias necessidades, como o apoio às micro, pequenas e médias
empresas (MPME). Os custos e a eficiência energéticos, tal como os obstáculos
burocráticos, foram alguns dos problemas identificados por Bruno Dias (PCP) e
José Luís Ferreira (PEV).
Em
resposta, tal
quarta-feira, maio 24, 2017
O PDE (procedimento défice excessivo), uma decisão a contragosto e leituras... excessivas
do SAPO:
Portugal viu a Comissão Europeia recomendar a sua saída do procedimento por
défice excessivo e o mundo político exaltou. António Costa falou “em sucesso nacional”, Passos Coelho deu
os “parabéns” a todos os portugueses,
Marcelo saudou o governo atual e o anterior, Carlos Moedas fez o mesmo e
Mariana Mortágua declarou o momento como
“importante”.
O primeiro-ministro considerou-o mesmo como prova “que Portugal se encontra num ponto de viragem”.“Esta tem que ser a
última vez que passamos por um processo tão traumático”, prometeu Costa,
acerca do período de resgate financeiro entre 2011 e 2015.
Mas há quem não sorria tanto com a
novidade. É o PCP.
João Ferreira, eurodeputado do Partido Comunista e seu candidato à Câmara
Municipal de Lisboa, lançou ontem advertências à saída do procedimento de
défice excessivo.
“A euforia não se justifica. Não alinhamos
no entusiasmo”, garantiu Ferreira, ao i. “As razões
estruturais que estão na origem do défice não desapareceram”, analisou
também. “Não é com estes níveis de
investimento público que vamos conseguir”.
O deputado dos comunistas no Parlamento Europeu avisou que “continuamos nos radares de Bruxelas”,
na medida em que meter termo ao procedimento por défice excessivo não mete
termo, por exemplo, aos alegados desequilíbrios macroeconómicos e a outros
mecanismos da União Europeia que “constringem
o equilíbrio das contas públicas” como o Pacote de Estabilidade e
Crescimento.
“O procedimento por défice excessivo é um
instrumento, do nosso ponto de vista, de condicionamento e controlo dos
Estados-membros e não é único”, tanto do ponto de vista económico quanto
do social, assegura João Ferreira.
“Ter as contas públicas equilibradas é
correto, mas não sob chantagens como as executadas pela União Europeia, nem de
uma forma que não seja sustentável”, defende. “O peso dos juros da dívida e a transferência de recursos públicos
para a banca são problemáticos. Devemos produzir mais, reforçar o aparelho
produtivo, elevar salários e dinamizar o mercado interno. É preciso ir mais
longe”, pressiona (…).
Segundo Pierre Moscovici, o comissário com a pasta das Finanças, a decisão
de Bruxelas foi “muito clara e unânime”,
até porque o governo português terá garantido que a capitalização da Caixa
Geral de Depósitos não coloca “em risco a
redução duradoura do défice”.
Perante a boa nova, Marcelo exultou. O Presidente da República deixou uma
nota na página oficial do Palácio de Belém, afirmando ter felicitado o
primeiro-ministro António Costa e o anterior primeiro-ministro Passos Coelho,
pelo trabalho dos “respetivos governos”.
Marcelo Rebelo de Sousa informou ainda ter telefonado ao presidente da
Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e transmitido uma “alegria pelo reconhecimento dos esforços e sacrifícios dos
portugueses”.
O comissário europeu português, Carlos Moedas, realçou, como Marcelo, que
este era um feito de todos os que exerceram funções executivas. “Todos os governos desde 2011 trabalharam
para que isto acontecesse, todos estão de parabéns”, garantiu Moedas, não
deixando de aludir aos tempos do governo Sócrates como o início do problema:
“Nunca nos devemos esquecer que foi
preciso quase uma década para corrigir os erros de uma outra década. Em 2009, o
país tinha um défice de 10% do PIB, o que significa que gastávamos mais de 20
mil milhões de euros do que aquilo que recebíamos em termos de Estado. Hoje
temos uma imagem completamente diferente na Europa”, terminou.
Menos europeísta – ou menos euroconsensual – foi Eduardo Ferro Rodrigues. “Tínhamos uma margem de manobra reduzida e
um controlo excessivo por parte das instituições europeias em relação às nossas
políticas, portanto é uma boa notícia”, admitiu o presidente da Assembleia
da República.
Mário Centeno, ministro das Finanças, seguiu a mesma linha do antigo líder
de bancada socialista confirmado ser “
uma boa notícia porque é o reflexo do aumento da confiança que se fazia sentir
em Portugal desde o início de 2016”, procurando colher méritos,
naturalmente, para o governo a que pertence.
O líder da oposição, Pedro Passos Coelho, por sua vez, reconheceu o feito e
pediu “humildade suficiente” a quem
lhe sucede em São Bento. “Apesar de não
subscrever a forma como o governo lidou com a estratégia orçamental, fico
satisfeito por Portugal ter atingido a meta orçamental que o país se tinha
comprometido”.
Passos pediu ainda para que “não se
voltem a cometer os mesmos erros” de 2009, quando José Sócrates pediu um
resgate financeiro.
“São os portugueses quem está de parabéns
neste dia e são, sobretudo, os portugueses quem hoje quero felicitar”, saudou o presidente do
PSD, recordando o “imenso esforço” da
recuperação.
Assunção Cristas, do CDS-PP, não destoou do seu antigo chefe de governo,
dizendo que “esta saída do défice
excessivo é fruto do esforço de muitos e muitos portugueses que ao longo dos
últimos anos tiveram de se empenhar para podermos recuperar a saúde financeira
do país”.
Para a líder centrista, “agora temos
de nos empenhar em não levar novamente o país ao estado de procedimento de
défice excessivo”. João Almeida, porta-voz do PP adiantou mesmo que “hoje é um dia que tem muito mais a ver com
os partidos que anteriormente estavam no governo [PSD/CDS] do que com o PCP e o
Bloco de Esquerda, como é evidente”.
O Bloco de Esquerda, por outro lado, na voz de Mariana Mórtagua, defendeu
que “sair do procedimento por défice
excessivo é importante, mas é importante para ganharmos margem para investir na
economia e para proteger aqueles que foram mais atingidos e mais castigados
pelo governo PSD/CDS”. A esquerda, apoiante do governo minoritário de
António Costa, ripostava.
A deputada do BE, à semelhança do Partido Comunista, insistiu na
necessidade de um “projeto alternativo à
imposição de Bruxelas” para que Portugal possa crescer” e resolver
problemas como a “dívida pública”. Para Mortágua, o sucesso não se deve a
reformas do governo anterior, mas à tímida contração de “algumas dessas
reformas”. João Oliveira, líder parlamentar do PCP, vaticinou que “o prioritário é resolver os problemas do
país e não colocar o défice acima do que são os problemas do país”.
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