Fátima mexe connosco.
Não só com os crentes. Não só com os
que interiorizaram o que lhes foi dito ter sido visto.
Não só com os que aceitaram a versão
para o que lhes foi sendo fabricado e contado como tendo acontecido naquele
sítio e por aqueles dias.
Fátima mexe connosco.
Não só com os vizinhos do lugar que,
de ermo passou a ser, num curto espaço de tempo, povoado, aldeia, vila, cidade.
E, em certas ocasiões, sobrepovoado!
Não só com os que, em Fátima e por
Fátima, procuram no sobrenatural curas para maleitas e males, que não encontram
por seus meios e ajudas de seus próximos e semelhantes.
Fátima mexe connosco.
Não só com os que, não crentes ou
crentes, buscam o que são, o que os outros seus iguais são e o que a vida é.
Não só com os que vêem a dinâmica da
História nas massas, e da informação delas, das suas lutas, o cerne da humanização
ou o travão ao que as desumaniza.
Fátima mexe connosco.
Não só com os que tudo traduzem em
cifrões com ou sem conteúdo material, só obedecendo a leis do negócio.
Não só com os que lêem, estudam, buscam
a semente da verdade (ou a erva daninha da mentira) na palha das palavras escritas
ou ditas.
Fátima é, sem dúvida – mas prenhe de
dúvidas – um fenómeno social.
Como o é Meca, por exemplo.
Perguntaram-me coisas sobre Fátima.
Porque quase em Fátima nasci, moro perto, conheci protagonistas. Às perguntas
que me fizeram respondi em amena e simpática conversa com destino a jornal dito
de referência. Sem peias nem cálculos de espaço.
A jornalista editou no seu blog o
que tirara – e trabalhara – do gravador, e um extracto num caderno de publicação
regional. E preveniu-me (e a toda a gente…) de problemas derivados da extensão
da nossa conversa e da
inelastecidade dos jornais, tendo o cuidado de sublinhar que a versão integral da entrevista estava no seu
blog O Barulho das Luzes.
Numa pausa de outros quefazeres, confrontei o que o DN
publicou com a versão integral. Como seria de esperar, estimei alguns pedaços
do que não saiu o que mais gostaria de ter visto publicado.
Então o que se transcreve parece-me essencial para a compreensão da
minha posição. Discutível, mas minha e bebida em boas fontes.
A seguir a “Depois de a Igreja começar a aceitar, Fátima foi muito bem aproveitada pelo Estado Novo, naquele “casamento” Salazar-Cerejeira” disse eu (como tiro do blog da jornalista):
Quem quer ter uma perspetiva histórica, vê que há uma fase inicial entre
1917-1930 (em que a igreja toma posição, lentamente, enquanto ia comprando
terrenos à volta). Depois é a fase a seguir aos anos 30 em que é a Igreja e o
Estado Novo; vem a fase do anticomunismo, com o Papa Pio XII, com o
aproveitamento da mensagem de Fátima, já firmada com o aval da Igreja, e com
todo o apoio político do fascismo. A terceira fase é a da universalidade, a
peregrinação da imagem pelo mundo todo, é a mensagem do terceiro segredo, é o
anticomunismo que ganha grande força.
Muito mais coisas disse. Que, se as estimo
importantes, não teriam a importância deste trecho. Por isso o reproduzo. Aqui.
E hoje.
E pergunto: estaremos a entrar numa quarta
fase?
2 comentários:
A evolução para uma quarta fase dependerá dos receptores da" mensagem ",ou " mensagens ",que também vão mudando conforme os interesses político-religiosos.Bjo
Talvez quarta fase. Porém, a terceira estava a fraquejar? Penso que sim, ao ponto de terem de ir buscar algo mais que a imagem da “Fátima”, só esse culto não dá, enfraqueceu.
Nada como uma figura pública (qual artistinha ou cantor da moda), para fazer esquecer o Centenário da Revolução Russa 1917, a direita não dorme, assim como não dormiu Salazar.
Estou numa fúria. Como FP, saber que muitos de nós desde 2005 não somos aumentados, não há dinheiro e para a vila de Fátima quantos Milhões de euros foram gastos.
Darem tolerância de ponto no dia 12 à FP!!! Inexplicável. Contudo, quando (proximamente) houver uma greve deste sector de trabalhadores, somos malandros, não queremos trabalhar, estamos a criar uma crise económica ao país.
É o país que temos!
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