Na reunião da Assembleia Municipal de Ourém de 28 de Abril, no ponto da OT de declarações políticas, li o texto que segue, diferente dos temas habituais mas que me pareceu oportuno... e que se deseja (e luta!) que não ganhe ainda maior oportunidade:
01.04
DECLARAÇÃO
POLÍTICA
Um
cidadão que se queira informado (e poderá alguém assumir-se como cidadão sem a
procura de se informar?...) vive horas difíceis num tempo cada vez mais curto.
A
informação massificada inunda. Quando começou a merecer o nome de comunicação
social, foi ela, dominada pelos jornais, pela imprensa escrita. Que, hoje,
reparte esse domínio, em doses avassaladoras, pela rádio, pela televisão, pela
internet, pelas redes sociais. Com a informação a ser selectiva e a ser manipuladora
da realidade, com despudorada criação de realidades fictícias, de factos
alternativos, inventados, criados para justificar factos reais. Da realidade que
alguns querem que venha a ser.
O
cidadão, como membro activo de uma convivência em que intervém, raro tem
consciência da manipulação a que é sujeito, tanto maior quanto se alarga a
democracia, como progresso social que é, sob a forma de participação de todos
teoricamente como direito de todos, independentemente de sexo, de cor ou de nação.
A
necessidade dessa consciência é acrescentada pelo facto de termos sido eleitos
membros representativos de quem escolhe os seus representantes para um órgão
deliberativo do poder local. E que declaração política fazer neste momento de
mudança evidente, de salto qualitativo na História, que parece alongar-se se
visto à escala de tempo do ser humano mas é tão-só um momento à escala de tempo
da Humanidade?
Tanto
e tão diversos factos a merecerem declaração! Mas cinjo-me ao ambiente que domina a actualidade que
vivemos. Decerto influenciado pela minha informação, pelas minhas leituras. Que
tropeçaram, por circunstâncias fortuitas (de fortuna ou de boa sorte) na
releitura ou tri-leitura da conferência de Bento de Jesus Caraça de 1933,
repetida e editada em 1939. Não vou transcrever as suas notas de actualização
de Maio e Setembro de 1939, mas venho partilhar convosco a insólita sensação de
estar a ler coisas escritas hoje e para hoje, apenas mudando nomes de
personagens e de países. Há um receio, um medo, quase um desespero ou um
pânico, no ar. As alternativas que se nos colocam, até para as nossas escolhas
(que sendo de outros, são também nossas), são de susto.
Tanto
é, ou parece ser, ou noticia-se até à exaustão como atentado terrorista.
Sobretudo se for em Paris, Londres ou outra grande cidade do “1º Mundo”.
Ataques com armas químicas não confirmados justificam, perante a opinião
pública, dezenas de mísseis numa martirizada Síria; a “mãe de todas as bombas”
é usada no Afeganistão, Estado há décadas festivamente “libertado dos
soviéticos” que apoiavam um governo de legítima opção marxista há 30 anos;
frotas navais e forças terrestres carregadas de destruição avançam contra
ameaças de quem nunca atacou ninguém mas se afirma – “ameaçadoramente!”… –
capaz de se defender do único Estado que usou bombas atómicas e destruiu
massivamente cidades.
Fala-se
da Coreia hoje, esquecendo ontem e apagando o paralelo 38, que deveria ter
ficado na História por ser referência de uma estratégia de dividir, isolar e
demonizar a parte de que não se consegue impedir a mudança inevitável a prazo.
Hoje,
em Abril de 2017, há que lutar pela PAZ. Há que denunciar o que ainda mais a
põe em perigo. Até porque o poder de destruição do produto da florescente
indústria do armamento se multiplicou, foi exponenciado, depois de 1939, de
Hiroshima e Nagasaqui, do paralelo 38 (que também passa por Portugal a sul de
Rio Maior…), e não há o triste equilíbrio da “guerra fria”, do receio mútuo
enquanto obstáculo à confrontação a quente.
É
nosso dever coevo lutar pela PAZ!
1 comentário:
Uma declaração política,que decerto,ficará para a história da Assembleia Municipal de Ourém!Espero que tenha sensibilizado os deputados municipais!Bjo
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