segunda-feira, maio 01, 2017

Pela PAZ - "declaração política"

Na reunião da Assembleia Municipal de Ourém de 28 de Abril, no ponto da OT de declarações políticas, li o texto que segue, diferente dos temas habituais mas que me pareceu oportuno... e que se deseja (e luta!) que não ganhe ainda maior oportunidade:  

01.04
DECLARAÇÃO POLÍTICA

Um cidadão que se queira informado (e poderá alguém assumir-se como cidadão sem a procura de se informar?...) vive horas difíceis num tempo cada vez mais curto.
A informação massificada inunda. Quando começou a merecer o nome de comunicação social, foi ela, dominada pelos jornais, pela imprensa escrita. Que, hoje, reparte esse domínio, em doses avassaladoras, pela rádio, pela televisão, pela internet, pelas redes sociais. Com a informação a ser selectiva e a ser manipuladora da realidade, com despudorada criação de realidades fictícias, de factos alternativos, inventados, criados para justificar factos reais. Da realidade que alguns querem que venha a ser.
O cidadão, como membro activo de uma convivência em que intervém, raro tem consciência da manipulação a que é sujeito, tanto maior quanto se alarga a democracia, como progresso social que é, sob a forma de participação de todos teoricamente como direito de todos, independentemente de sexo, de cor ou de nação.
A necessidade dessa consciência é acrescentada pelo facto de termos sido eleitos membros representativos de quem escolhe os seus representantes para um órgão deliberativo do poder local. E que declaração política fazer neste momento de mudança evidente, de salto qualitativo na História, que parece alongar-se se visto à escala de tempo do ser humano mas é tão-só um momento à escala de tempo da Humanidade?

Tanto e tão diversos factos a merecerem declaração! Mas cinjo-me ao ambiente que domina a actualidade que vivemos. Decerto influenciado pela minha informação, pelas minhas leituras. Que tropeçaram, por circunstâncias fortuitas (de fortuna ou de boa sorte) na releitura ou tri-leitura da conferência de Bento de Jesus Caraça de 1933, repetida e editada em 1939. Não vou transcrever as suas notas de actualização de Maio e Setembro de 1939, mas venho partilhar convosco a insólita sensação de estar a ler coisas escritas hoje e para hoje, apenas mudando nomes de personagens e de países. Há um receio, um medo, quase um desespero ou um pânico, no ar. As alternativas que se nos colocam, até para as nossas escolhas (que sendo de outros, são também nossas), são de susto.
Tanto é, ou parece ser, ou noticia-se até à exaustão como atentado terrorista. Sobretudo se for em Paris, Londres ou outra grande cidade do “1º Mundo”. Ataques com armas químicas não confirmados justificam, perante a opinião pública, dezenas de mísseis numa martirizada Síria; a “mãe de todas as bombas” é usada no Afeganistão, Estado há décadas festivamente “libertado dos soviéticos” que apoiavam um governo de legítima opção marxista há 30 anos; frotas navais e forças terrestres carregadas de destruição avançam contra ameaças de quem nunca atacou ninguém mas se afirma – “ameaçadoramente!”… – capaz de se defender do único Estado que usou bombas atómicas e destruiu massivamente cidades.
Fala-se da Coreia hoje, esquecendo ontem e apagando o paralelo 38, que deveria ter ficado na História por ser referência de uma estratégia de dividir, isolar e demonizar a parte de que não se consegue impedir a mudança inevitável a prazo.

Hoje, em Abril de 2017, há que lutar pela PAZ. Há que denunciar o que ainda mais a põe em perigo. Até porque o poder de destruição do produto da florescente indústria do armamento se multiplicou, foi exponenciado, depois de 1939, de Hiroshima e Nagasaqui, do paralelo 38 (que também passa por Portugal a sul de Rio Maior…), e não há o triste equilíbrio da “guerra fria”, do receio mútuo enquanto obstáculo à confrontação a quente.

É nosso dever coevo lutar pela PAZ!

1 comentário:

Olinda disse...

Uma declaração política,que decerto,ficará para a história da Assembleia Municipal de Ourém!Espero que tenha sensibilizado os deputados municipais!Bjo