Neste domingo, depois de um dia em que Portugal pareceu em "estado de graça", os portugueses todos (sobretudo os que peregrinaram, os benfiquistas, os que se apegaram à televisão e vibraram com uma "vitória") têm de descer à Terra.
Para os domingos, costumo escolher um trecho musical. Para este domingo, seria talvez adequado trazer a canção que ganhou a tal da Eurovisão. Na madrugada, ainda pensei nessa escolha. Tinha "ouvisto" de passagem duas ou três concorrentes, e delas fugi como quem foge das ondas de pó e luzes, dos efeitos que se pretendem espectaculares, de alguns pseudo-erotismos.
Fui "ouver" a canção do português, já vitoriosa, e não me desagradou, por contraste, a sobriedade e a procura de contar qualquer coisa. Mas, aí, algo mais alto se sobrepôs.
Será uma canção sobre o desespero de um amor a dois moribundo, que acabou. De um amor que, no entanto, continua vivo, desesperadamente vivo, para um dos amantes, para o que quer acreditar na sobrevivência, incapaz de aceitar o fim do que, sem reciprocidade - seja ela qual for -, não continua vivo, que acabou!
Será uma canção sobre o desespero de um amor a dois moribundo, que acabou. De um amor que, no entanto, continua vivo, desesperadamente vivo, para um dos amantes, para o que quer acreditar na sobrevivência, incapaz de aceitar o fim do que, sem reciprocidade - seja ela qual for -, não continua vivo, que acabou!
Mas essa situação traz-me a Brel, à sua criação-interpretação de Ne me quitte pas, e não me permite que outra coisa oiça, ou faça ouvir.
(escrito na madrugada,
de rompante,
teve ligeiras alterações na manhã acordada)
3 comentários:
Incomparável, único, perfeito Brel!
(...mas o Salvador "de Portugal" não está mal - é pelo menos simples, natural, diferente, como tu dizes no teu excelente texto)
Obrigado, Justine, pelo teu comentário.
E pelas duas palavras, trocadas avulso entre os dois, que me levaram à releitura e a ligeiros ajustes. Na manhá (já tarde...) acordada.
Sem dúvida que a simplicidade, a humildade e a luta pelo bem comum foi marcante e determinante no passado, é no presente e será no futuro certamente!
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