Não faltam assuntos, temas, a merecerem a atenção de quem se queira informado. E a informação oferece-se em doses substanciais, embora muito repetitivas, dir-se-ia gaguejantes (hoje e amanhã, as mesmas fotos de ontem e anteontem se não de antes, daqui como se fossem dali, dali como se fossem dacolá).
O OE2022, o ambiente em cimeira espectacular, a web-sumit em espectacular cimeira, os trânsfugas em fuga e os quadros mal guardados, os militares em missão que se transviaram e traficaram, os PSD e CDS em directas muito retorcidas, o futebol sempre no centro das notícias com muitos ou poucos golos, com bola ou sem bola, com os gémeos de um e a homossexualidade de outro, a data das eleições (em Portugal) para já ou para mais logo mas, já já, as sondagens com a pontaria em maiorias absolutas, ou nem por isso... E os comentadores e os debates, as entrevistas armadilhadas, as directas e as indirectas. Um fartote! Com direcções definidas, linhas de manipulação bem assestadas. Que até seriam fáceis de descortinar, isto é, de ver, por detrás da cortina, quem mexe os cordelinhos,
E o que não se diz, e do que não se fala. Que tanto é!
Aqui, não nos calaremos, não nos cansaremos.
Por exemplo, com quase uma semana de atraso, mas como que tendo ganho actualidade, reproduz-se uma das opiniões que se pretende que não se conheçam, que se conheçam pouco, que se conheçam mal ou às avessas:
Os dez euros das pensões
Vasco CardosoEra previsível que, face à rejeição da proposta de Orçamento do Estado, não só se intensificasse a campanha contra o Partido como se reforçassem as linhas de dramatização favoráveis ao PS que vai disfarçando cada vez pior o objectivo da maioria absoluta.
Parte dessa campanha visa responsabilizar o PCP – desconsiderando sempre a ausência de uma resposta global aos problemas do País - pela não concretização de medidas positivas inscritas na proposta, ou mesmo, por medidas que chegaram a ser admitidas. Esse mesmo ensaio, que começou ainda antes da discussão na generalidade, prolonga-se até hoje com elementos construídos à medida desta ideia: a culpa é do PCP.
O caso das pensões de reforma é talvez o exemplo onde este tipo de campanha terá ido mais longe, passando junto dos reformados a ideia de que por causa do PCP já não terão o aumento dos 10 euros no próximo ano.
Mas vamos aos factos. Ao longo destes anos, ninguém mais que o PCP se bateu pelo aumento extraordinário de pensões. Se durante os últimos cinco anos as pensões de valor mais baixo foram aumentadas em 50 euros isso é obra do PCP. Sempre com a resistência do PS. Impedindo que se alargasse o aumento a todas as outras pensões incluindo dos que mais descontaram. Forçando que o aumento começasse em Janeiro e não em Agosto como o PS insistia. Lutando para que fosse por pensão e não por pensionista. Foi este o filme a que assistimos ao longo destes anos com cada aumento a ser arrancado a ferros. Aliás, se o aumento das pensões dependesse do PS e da Lei que é da sua autoria não teriam havido estes aumentos desde 2016, grande parte das pensões teria ficado congelada, ou com aumentos que não reverteriam a perda de poder de compra.
Importa ainda clarificar que, para 2022, o que o governo tinha na proposta de OE era o aumento de 10 euros a partir de Agosto, exibindo uma vez mais as suas resistências.
Mas deixemos de lado a campanha contra o PCP e concentre-mo-nos nas aspirações dos reformados. É que, tal como temos dito, nada impede o governo de – mesmo nas actuais circunstâncias – dar respostas a aspirações existentes. Pode e deve fazê-lo. É o caso do aumento do Salário Mínimo Nacional, dos aumentos para a administração pública ou para as pensões. Na verdade, não há nenhum impedimento, nem legal, nem orçamental. Um aumento que é um direito dos reformados e não uma moeda de troca ou peça de chantagem.
1 comentário:
Em relação ao chumbo do OE22 temos vindo a assisti,por parte do PS,a uma campanha muito pouco séria.Na verdade,a seriedade, é um valor de esquerda,ponto que não reconheço no PS.Bjo
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