quarta-feira, novembro 10, 2021

Informe-SE! o chumbo do OE2022 e uma opinião - 5

Não faltam assuntos, temas, a merecerem a atenção de quem se queira informado. E a informação oferece-se em doses substanciais, embora muito repetitivas, dir-se-ia gaguejantes (hoje e amanhã, as mesmas fotos de ontem e anteontem se não de antes, daqui como se fossem dali, dali como se fossem dacolá). 

O OE2022, o ambiente em cimeira espectacular, a web-sumit em espectacular cimeira, os trânsfugas em fuga e os quadros mal guardados, os militares em missão que se transviaram e traficaram, os PSD e CDS em directas muito retorcidas, o futebol sempre no centro das notícias com muitos ou poucos golos, com bola ou sem bola, com os gémeos de um e a homossexualidade de outro, a data das eleições (em Portugal) para já ou para mais logo mas, já já, as sondagens com a pontaria em maiorias absolutas, ou nem por isso... E os comentadores e os debates, as entrevistas armadilhadas, as directas e as indirectas. Um fartote! Com direcções definidas, linhas de manipulação bem assestadas. Que até seriam fáceis de descortinar, isto é, de ver, por detrás da cortina, quem mexe os cordelinhos,

E o que não se diz, e do que não se fala. Que tanto é!

Aqui, não nos calaremos, não nos cansaremos.

Por exemplo, com quase uma semana de atraso, mas como que tendo ganho actualidade, reproduz-se uma das opiniões que se pretende que não se conheçam, que se conheçam pouco, que se conheçam mal ou às avessas:   

 


Os dez euros das pensões

Vasco Cardoso
Era pre­vi­sível que, face à re­jeição da pro­posta de Or­ça­mento do Es­tado, não só se in­ten­si­fi­casse a cam­panha contra o Par­tido como se re­for­çassem as li­nhas de dra­ma­ti­zação fa­vo­rá­veis ao PS que vai dis­far­çando cada vez pior o ob­jec­tivo da mai­oria ab­so­luta.

Parte dessa cam­panha visa res­pon­sa­bi­lizar o PCP – des­con­si­de­rando sempre a au­sência de uma res­posta global aos pro­blemas do País - pela não con­cre­ti­zação de me­didas po­si­tivas ins­critas na pro­posta, ou mesmo, por me­didas que che­garam a ser ad­mi­tidas. Esse mesmo en­saio, que co­meçou ainda antes da dis­cussão na ge­ne­ra­li­dade, pro­longa-se até hoje com ele­mentos cons­truídos à me­dida desta ideia: a culpa é do PCP.

O caso das pen­sões de re­forma é talvez o exemplo onde este tipo de cam­panha terá ido mais longe, pas­sando junto dos re­for­mados a ideia de que por causa do PCP já não terão o au­mento dos 10 euros no pró­ximo ano.

Mas vamos aos factos. Ao longo destes anos, nin­guém mais que o PCP se bateu pelo au­mento ex­tra­or­di­nário de pen­sões. Se du­rante os úl­timos cinco anos as pen­sões de valor mais baixo foram au­men­tadas em 50 euros isso é obra do PCP. Sempre com a re­sis­tência do PS. Im­pe­dindo que se alar­gasse o au­mento a todas as ou­tras pen­sões in­cluindo dos que mais des­con­taram. For­çando que o au­mento co­me­çasse em Ja­neiro e não em Agosto como o PS in­sistia. Lu­tando para que fosse por pensão e não por pen­si­o­nista. Foi este o filme a que as­sis­timos ao longo destes anos com cada au­mento a ser ar­ran­cado a ferros. Aliás, se o au­mento das pen­sões de­pen­desse do PS e da Lei que é da sua au­toria não te­riam ha­vido estes au­mentos desde 2016, grande parte das pen­sões teria fi­cado con­ge­lada, ou com au­mentos que não re­ver­te­riam a perda de poder de compra.

Im­porta ainda cla­ri­ficar que, para 2022, o que o go­verno tinha na pro­posta de OE era o au­mento de 10 euros a partir de Agosto, exi­bindo uma vez mais as suas re­sis­tên­cias.

Mas dei­xemos de lado a cam­panha contra o PCP e con­centre-mo-nos nas as­pi­ra­ções dos re­for­mados. É que, tal como temos dito, nada im­pede o go­verno de – mesmo nas ac­tuais cir­cuns­tân­cias – dar res­postas a as­pi­ra­ções exis­tentes. Pode e deve fazê-lo. É o caso do au­mento do Sa­lário Mí­nimo Na­ci­onal, dos au­mentos para a ad­mi­nis­tração pú­blica ou para as pen­sões. Na ver­dade, não há ne­nhum im­pe­di­mento, nem legal, nem or­ça­mental. Um au­mento que é um di­reito dos re­for­mados e não uma moeda de troca ou peça de chan­tagem.

1 comentário:

Olinda disse...

Em relação ao chumbo do OE22 temos vindo a assisti,por parte do PS,a uma campanha muito pouco séria.Na verdade,a seriedade, é um valor de esquerda,ponto que não reconheço no PS.Bjo