Segundo grandes títulos de “jornais de referência”, esta encíclica vem apregoar valores e moral. O que estaria faltando ao capitalismo (ou à globalização) e seria urgente remediar.
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Há um texto de Marx, nos Manuscritos, que precisamente trata de moral e economia política.
Depois de uma introdução muito interessante, mas longa para esta forma de comunicação, pergunta Marx “(…) em quem devo acreditar, quem devo seguir: a economia politica ou a moral?”. E logo responde que “a economia política tem uma moral“ A sua. E a moral da economia política é a do lucro, e para os trabalhadores a de trabalhar e poupar, e da contenção e sobriedade a quem promete satisfazer as necessidades, no futuro. Mas, acrescenta, “Por outro lado, a moral da economia política é a de acumular riqueza em boa consciência, em virtude, etc., etc., etc.”. E continua, perguntando “como posso eu ser virtuoso se não existo, como posso ter uma boa consciência se (por outro lado) nada sei, e se não tenho tudo o que nunca é bastante?”
Parece muito oportuno este texto. Como oportuno será sublinhar que, além de “questões de moral e de valores”, a encíclica coloca todo o seu peso de pressão num governo (ou numa governança) mundial. Acumulando riqueza nas mãos de cada vez menos... mas esperando destes a virtude, a moral, e etc., etc., etc..
Para quem tenha estudado e se lembre dos efeitos para que as anteriormente referidas encíclicas contribuíram, esta é um sinal. Preocupante. Entre muitos. E logo nas vésperas da reunião do G-8. Sobre que há uma entrevista de Lula da Silva no Le Monde, com destaque e chamada na 1ª página.
9 comentários:
Preocupante mesmo... No meio da "roda viva" em que tenho passado os últimos dias, essa notícia também me entrou pelos olhos dentro e acendeu um alarme. Muito oportuna, como sempre, a tua citação de Marx. Só mesmo para quem o conhece e o entende como tu.
Nem o 'jet leg' te obrigou a descansar umas horas... mas é muito bom voltar a ler-te, sabendo-te do lado de cá, e sempre atento ao que por aí se diz e se faz.
Beijos
Num blog referi a minha preocupação sobre este tema.
Como sempre aqui, ficamos mais elucidados, depois de uma leitura mais cuidada vou-te pedir alguns esclarecimentos.
Quanto à distribuição do Avante! no avião, para a semana eu mesmo vou levar mais. Assim não há reclamações.
Espero que tenham feito boa viagem e agora, descansem.
Bjs,
GR
Belas reflexões que propões... mas mataste-me com a abertura!
Já várias vezes me aconteceu, igualmente, ver o Avante esgotar-se lá na frente, na "Navigator Class"... e já não chegar ao povoléu cá mais atrás. :-)))
Abraço.
Sempre interessante ler algo que fala daquilo que desconhecemos. Jamais tais encíclicas me alarmariam neste contexto que é insinuado!, ou mesmo dito. Olhando para as datas 1890 e 1930, julgo perceber a preocupação e o alarme.
Seja como for, desconheço os "efeitos para que as anteriormente referidas encíclicas contribuíram". É agora coisa para explorar.
Mas uma coisa sei: esses "virtuosos" na encruzilhada (crossroads) vendem a alma ao diabo ou deixam de ser virtuosos.
"Autoridade política mundial"... isto cheira a esturro, mais a mais dito pelo pastor alemão.
Tem um ar sinistro.
Não sei porquê, mas, senti um arrepio de preocupação.
Campaniça
Quem dá aos pobres empresta a Deus. Empresta mas exige juros. Adeus...
welcome back.ou seja bem regressado...pronto...
Este rat singer sempre me deixou muito apreensivo.E sempre veio a confirmar as minhas apreensões...o que não augura nada de bom...
abraço do vale
As teorias que apoiavam o neo-liberalismo selvagem falharam porque sem regras de controlo dos sistemas bancários, dos seguros e de todo o comércio reina a selvajaria e o resultado é a desonestidade económica e financeira, a corrupção, a fuga de capitais para destinos desconhecidos, a fuga aos impostos, a deslocalização para oriente das unidades de produção, a que se seguirão as de concepção e projecto. Esta "globalização selvagem" está a levar o ocidente ao desemprego, à regressão social e à miséria, por não poder competir com zonas do mundo em que o custo da mão de obra, por insignificante, nem sequer é tido em conta para o estabelecimento do preço final dos produtos produzidos.
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