Procuro sempre, em relação a qualquer abordagem, aproveitar o Indice de Desenvolvimento Humano (IDH), indicador criado há 20 anos pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Não porque o considere o "indicador perfeito", longe disso, mas trata-se de indicador que, através de introdução de variáveis relativas à educação e à saúde, como permanentes e de uma forma geral, e de outros, específicos, de certo modo corrige a abordagem estritamente económica, e melhor se diria monetarista, que se baseia na evolução dos PIB.
Uma das variantes refere-se às diferenças sociais derivadas de sexo, e tem vindo a apresentar dados relativos ao que chama Indice de Desigualdade de Género (IDG).
No último relatório, particularmente significativo por assinalar o 20º aniversário da sua criação e publicação, o relatório permite uma aproximação aalgumas desigualdades baseadas da diferença de sexos e situações por países ou regiões. Do quadro 4 do relatório, retirei alguns dados que arrumei no quadro abaixo, em que se alinham os países por IDH e IDG, e no que se refere a taxa de mortalidade maternal, taxa de fecundidade de adolescentes, percentagem de mulheres nos respectivos parlamentos, população maior de 25 anos anos com nível de ensino secundário, taxa de actividade e nascimentos assistidos por pessoal qualificado.
Neste quadro, apenas inclui os 50 países de menor desigualdade de género (dos 137 que possibilitam o cálculo do IDG) dos 168 que possibilitam o cálculo do IDH, e os três últimos. Apenas dois daqueles países para que se não calcula o IDH têm calculado o seu IDG, Cuba e Iraque, e, destes, só Cuba está entre os 50 primeiros IDG (47º) enquanto Iraque é o 133º.
Assim, depois de ver qual a diferença no ordenamento dos dois indicadores, eleborei outro quadro com os países que revelam maior diferença, mostrando os 10 que mais melhoraram e os 10 que menos melhoraram na desigualdade de género relativamente ao posicionamento no IDH.
Daria para muitos comentários, mas faço - pelo menos por agora - apenas dois ou três.
Um, relevando a presença de Portugal entre os 10 de melhor comportamento quanto a desigualdades de género, embora o seu décimo lugar fosse ultrapassado se Cuba tivesse lugar no ordenamento IDH, sublinhando, neste país como na China, um indicador estranho, decerto por diferentes critérios de mensurabilidade, o da taxa de mortalidade maternal, verdadeiramente anómalos em relação a todos os outros; outro, relativo ao posicionamento dos Estados Unidos no pior lugar entre os 50 melhores, bem como sublinho a posição dos países que acompanham os EUA nesse mau posicionamento.; por ultimo, também se releva que os países com menores desigualdades de género (Holanda, Dinamarca, Suécia, Suiça, Noruega) não aparecem nesta listagem das maiores diferenças entre IDH e IDG uma vez que esse seu comportamento na desigualdade de género (IDG) é paralelo ao de desenvolvimento humano (IDH) e para este contribui.
Tudo coisas para fazer pensar.
3 comentários:
Muito elucidativo, este estudo!
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