quinta-feira, março 10, 2011

Actual e certeiro (na minha opinião!)

No avante! de hoje, uma opinião de Ângelo Alves, muito certeira (na minha opinião) a tratar de uma "questão delicada":


Com uma imensa alegria


A vitória da canção «Luta é alegria» no Festival da Canção é, do ponto de vista musical, discutível. Como é discutível o «peso político» atribuído a este facto, como se a votação do público tivesse assumido o carácter de plebiscito do povo português. Assim não foi, e tentar transformar um acontecimento, produto de circunstâncias particulares, num qualquer momento de «viragem histórica» (por mais simpatias que se tenha com a música e seus autores e com a sua vitória no Festival) é semear ilusões inconsequentes e não poucas vezes «anestesiantes» da tão necessária consciência e participação sociais e políticas.

Deixando de lado aqueles que logo no próprio dia no Teatro Camões destilaram todo o seu veneno reaccionário e sectário contra os «Homens da Luta» – e que continuam a fazê-lo – as opiniões sobre esta forma de intervenção dividem-se: entre os que a consideram uma visão anacrónica e caricatural da «luta» e portanto distante da realidade; e os que a consideram uma interessante e inovadora forma artística de «transportar» para os tempos presentes a Revolução de Abril, tentando incutir nas jovens gerações o seu lastro cultural e de participação cívica e política.

Mas, independentemente de naturais diferenças de opinião, há dois factos importantes a registar. O primeiro é que o acontecimento fez sair dos armários o bafiento ódio e o medo que muita «gentinha» tem à Revolução de Abril e à luta popular e de massas. O segundo é que em Maio, por essa Europa fora, muitos milhões de pessoas verão nas suas TV’s uma imagem «estranha»: operários em luta; uma ceifeira alentejana; um cantautor revolucionário; um militar ao lado dos operários em luta e… cravos vermelhos. E vão perguntar-se porquê…

Deseja-se então que os protagonistas deste acontecimento – porque lidando com o que de mais rico, importante e belo existe na nossa história colectiva - estejam à altura das responsabilidades, façam compreender que a luta do povo português tem passado, presente e futuro, que as suas etapas são indissociáveis entre si e que neste país nunca deixaram de existir Homens que lutam. Sempre, e com uma imensa alegria!
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A Homenagem comovida,
com uma imensa saudade
(e, claro!, uma imensa alegria)

4 comentários:

Guilherme da Fonseca-Statter disse...

Eu pecador me confesso: não tinha dado conta do sucedido. Com as maravilhas das novas tecnologias, fui ver ao youtube: ouvi a canção e a entrevista na RTP... Foi uma gargalhada pegada. Estou a imaginar aquele pessoal todo da Eurovisão... Todos (enfim...) bem acomodados no rame rame e anestesiados pelos media e aparecem uns jovens a cantar sobre coisas sérias... A censura "deles" às vezes não funciona.

Ricardo O. disse...

Sérgio, à homenagem justa e sentida ao Pires Jorges, avançado umas páginas no Avante! deparamo-nos, uma vez mais, a uma outra justa e sentida homenagem, desta feita ao José Magro. Um texto para ler e recordar, com imensa alegria!

samuel disse...

Os moços são um bocado erráticos... decidiram fazer render esta onda (que começaram no gozo) depois de verem que havia quem os levasse a sério... mas esperemos que "segurem" a personagem! :-)))

Abraço.

GR disse...

Cheguei!
Vou ler tudo.
Gr BJ,

GR