segunda-feira, março 07, 2011

Episódios da luta

Em 1972, já com muita gente desiludida da "abertura marcelista" (nem toda, até porque alguma dessa gente é incuravelmente atreita a ilusões), deu-se um episódio que agora se recorda.
Havia um Festival Internacional da Canção Popular, que nesse ano seria no Rio de Janeiro. no Maracañazinho. O Festival começara em 1966, com a participação portuguesa a cargo de Simone de Oliveira, com Começar de Novo (David Mourão Ferreira/Nóbrega e Sousa), e para essa sétima edição, o 7-FIC, a forma de escolher a representação portuguesa incluiu uma "votação popular", por intermédio do Diário de Lisboa e, como para essa edição a delegação era de duas canções por país, foram escolhidas Maria vida fria (José Niza/Pedro Osório), por Paulo de Carvalho, e - veja-se lá! - A Morte saiu à rua (José Afonso), pelo Zeca.
Esta canção, como José Afonso lembrava ao apresentá-la, contava/cantava o assassinato, pela PIDE, de José Dias Coelho, militante clandestino do PCP, numa rua de Alcântara, no dia 19 de Dezembro de 1961.


Lembrei-me de aqui trazer deste episódio, antes de mais porque tudo me traz à memória esse dia, depois porque há uma grande animação à volta dos "movimentos cívicos" e dos "votos populares" que, sem deixarem de ser um sinal do tempo que vivemos, não podem transformar-se em coisa nova e nunca vista.
.
E sublinho, para que não haja confusões (tão queridas...) e para que se leia, com o rigor de quem sabe ler, o que foi escrito, o que disse Jerónimo de Sousa:

Entrevista TSF/DN
'Não somos indiferentes à manifestação.Vamos estar lá'
por DN.pt0 4 Março 2011

O líder do PCP revela em entrevista à TSF/DN que os militantes do seu partido também vão percorrer a Avenida da Liberdade em conjunto com outras pessoas e organizações que aderirem à acção promovida pelos precários da "geração à rasca", no dia 12. Mas recusa a ideia de que o PCP seja "um partido de mera contestação social". E explica: "Temos um projecto e um programa que, quando o povo português o entender, será parte de uma solução governativa. O PCP não pode ser cúmplice de uma política que está a levar o país a este estado."

8 comentários:

Justine disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Justine disse...

Emotiva por um lado, esclarecedora por outro, a tua mensagem é, hoje,nos dias que estamos a viver e que são de alguma perplexidade, muito importante.

samuel disse...

Há pessoal sempre pronto a "descobrir" coisas, sejam as votações e movimentações populares, seja a canção de intervenção, sem ter em conta tudo o que está para trás. Uns fazem-no por ignorância, outros por interesse.

Abraço.

J Eduardo Brissos disse...

Muito bem lembrado. Não me tinha recordado dessa, embora na altura tivesse sido um activo participante na votação.
Abraço.

Maria disse...

Não me lembrava desse festival.
Deixo-te um grande abraço pelas memórias...

Graciete Rietsch disse...

Nós contestamos,mas também actuamos.

Um beijo.

Graciete Rietsch disse...

Nós contestamos,mas também actuamos.

Um beijo.

Jorge Manuel Gomes disse...

Para ver e ouvir (ouver)o Camarada Jerónimo na TSF:

http://www.tsf.pt/PaginaInicial/AudioeVideo.aspx?content_id=1798105

Um abraço desde Vila do Conde,

Jorge