quarta-feira, março 02, 2011

Freud e os complexos e as fixações da direita

O pensamento de direita, que domina, única e imperialmente, não aceita a mínima contradita, ou seja, antecipa-se à possibilidade de ser contrariado, agredindo com as agressões que perpetraria se não fosse imperialmente dominante. Isto com a ajuda envergonhada e útil de ditos pensadores e políticos de uma dita esquerda.
Vejamos o pretexto do caso do FMI. É um folhetim.
Em artigo no i (Pavlov e os reflexos da esquerda), o excelentíssimo professor universitário Luís Cabral de Moncada, com banca de advogado, faz uma introdução genérica sobre “a esquerda nacional”, e recorre a grossos varapaus para a desancar. Desde acusações de pavlovianismo («Pavlov, herói da pseudobiologia “soviética”») a obscurantismo vale tudo, e sem quaisquer contenções ou auto-controlo, para passar à momentosa questão do FMI.
O professor de Moncada nunca deixa de agredir o que chama “esquerda nacional”, usando todos os conhecidos “narizes de cera”, acabando por denunciar o seu acrisolado desamor, ou incontrolado ódio de estimação, aos Estados cubano e norte-coreano, que trouxe à baila a (des)propósito de credores e de juros, que ele via pintados de vermelho se provenientes desses Estados que parecem perturbar-lhe os sonos e teve de meter no seu escrito.
Mas não é isso que interessa. O professor de Moncada, sobre o FMI não poupa a tal “esquerda nacional” pois onde o seu/desta “obscurantismo mais se evidencia é na reacção à eventual intervenção no nosso país do FMI”.
(“nosso país do FMI”?... esta língua portuguesa!)
Ora o que depois faz o professor de Moncada, não se faz. Como não deve ter lido sequer uma linha original com as razões de quem está contra essa eventual intervenção do FMI no nosso País, resume-as em três pequenas frases pretensamente assassinas e um etc., para passar a enunciar as vantagens que a dita intervenção trará, e embrulha-se em argumentação paupérrima pois limita a questão a operações de i) pedir dinheiro emprestado e ii) pagar, quer o que pedido foi, quer os juros que são fixados (é como quem diz…) para esse empréstimo. Disso saberá o professor de Moncada, mas revela nada saber (e, se calhar, tem raiva a quem sabe) da economiazinha, dos recursos que não são aproveitados, do desemprego, já agora, para ser um bocadinho keyneseano, da procura efectiva. Das necessidades não satisfeitas de estratos muito significativos da população.
Já agora, no dia em que uma delegação ao mais alto nível do governo se deslocou a Berlim com as medidas na mão, seria bom que o professor de Moncada não falasse de FMI, porque estamos na fase do “fundo europeu” ter ou não ter fundos e querer ou não querer pôr um travão ao garrote que não só consente como aperta via taxas de juros.
Mas este é um episódio. Pode a sra. Merkl, em sua casa, estar num dia de boa disposição que de nada servirá o "oxigénio" que poderá facilitar às finanças, se essa “trégua” não tiver um complemento, não nas finanças mas na economia e na política. E isso só pode acontecer cá, no nosso País, com uma mudança de rumo, com uma nova política, que ponha Portugal a Produzir.
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Para já? Com os problemas resolvidos no próximo trimestre?
Claro que não. Mas sacudindo o País desta dependência, desta sujeição a vontades outras como se vontade não tivessemos.
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(Quanto a este "post"
- que não buscará o privilégio de ser lido
para além de quem me visita -
ser da responsabilidade de um membro da "esquerda nacional",
falta-lhe uma "qualidade" com que LCM a caracteriza:
não insultei ninguém "até à terceira geração"...)

2 comentários:

samuel disse...

Que grande post!
Não insultaste... mas se o pobre Moncada lesse isto, ficaria de "monco" caído... até que geração? :-)))

Abraço.

cristal disse...

Esses moncosos acham que não precisam de aprender nada. O sentimento típico dos ignorantes, que se tornam arrogantes.