De há muito, relativamente..., tenho consciência que, no chamado "mundo desenvolvido", ou seja, no capitalismo maduro ou em vias de apodrecimento, o desemprego é o indicador mais significativo.
Não - apenas! - enquanto indicador estatístico, mesmo que se veja por detrás de cada número um trabalhador que não tem emprego, uma situação degradada de um ser humano; também - e antes! - porque, nas relações sociais prevalecentes, no capitalismo, o desemprego corresponde à colocação em stock", "em armazém" ou reserva, de uma quantidade de uma mercadoria sem utilidade, pelo menos momentânea. E se, como mercadoria, é usada (ou desempregada/"armazenada", é o seu detentor, o ser humano, que, nessas relações sociais, no capitalismo, não tem préstimo.
De várias maneiras se pode (e deve) tratar esta questão maior. Ao reler uma banda desenhada editada em 2000, de um autor de que gosto muito (Daniel Pennac, aqui com o ilustrador Tardi), encontrei estas duas tiras:
O animal no jardim zoológico é o homo sapiens, desempregado, da Europa, com a identificação completada com as designações "científicas" homo sapiens, labore carens, europaeus.
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Ora é essa mercadoria, a força de trabalho, que, por um lado, enquanto capital-mercadoria que se usa, se pretende tratar como se igual a qualquer outra fosse, por outro lado, é a única mercadoria que tem, para os que dela se servem (em horas de uso), a qualidade única, como capital-variável, de criar valor. Mas a esta abordagem voltarei. Recorrentemente, como é "bem" dizer-se...
2 comentários:
O homo sapiens sapiens, coitado, de ser pensante que dirigia o seu destino, passou a ser,neste capitalismo ultra liberal, uma mera mercadoria que meia dúzia de "inteligentes" manipula conforme os seus interesses.
Um beijo.
Reflexão importantíssima para a compreensão da realidade actual!
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