Assim terminava a "Apresentação da edição portuguesa" do livro A armadilha da Dívida externa - O Fundo Monetário Internacional e o desenvolvimento da dependência, da autoria de Cheryl Payer, de 1974:
« (...) Finalmente, o leitor poderá interrogar-se sobre alternativas. O livro não trata disso, senão em referências marginais, pois não é esse propósito da autora. (...) Convém, todavia assinalar que se se critica o receituário do FMI não é explicita ou implicitamente para defender qualquer miraculoso produto de sinal contrário. Não é demais insistir em que o socialismo se constrói na prática social, e que esta é necessariamente distinta, em função de coordenadas de tempo e espaço. É certo, todavia, que tais processos não podem fazer-se isoladamente e que requerem (além do mais) novas estruturações da economia internacional que, a pouco e pouco, se esboçam no presente e projectam no futuro. Aliás, se assim não fosse, documentos como os aprovados recentemente pela ONU, sobre a Nova Ordem Económica Internacional e a Carta dos Direitos e Deveres Económicos dos Estados, não seriam mais que inofensivos e piedosos votos.»
Apresentação também datada de há mais de três décadas. Muito aconteceu entretanto. Mas as considerações que aqui tenho estado a transcrever, sobre a armadilha da dívida externa, o FMI e o desenvolvimento da dependência, não perderam actualidade. Antes a reforçaram.
Os documentos referidos no final da "apresentação", feita por portugueses (e ligados ao PCP e à sua base teórica, ao marxismo-leninismo!) para edição portuguesa, não foram "inofensivos e piedosos votos". Também não foram as alavancas que se desejava que fossem. As "novas estruturações da economia internacional" (na relação de forças na luta de classes, diremos nós) foram contra o sentido da História. Fizeram-nos andar dois passos para trás (para não dizer que se deu um enorme trambolhão).
O FMI está aí. Nós também. A luta continua!
O FMI está aí. Nós também. A luta continua!
1 comentário:
E os passos em frente virão. A situação social é insustemtável e os trabalhadores, cuja única riqueza é a sua força de trabalho, em breve se aperceberão disso.
A luta e o esclarecimento continuarão.
Um beijo.
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