quarta-feira, maio 25, 2011

Uma opinião de pêso! (embora "suspeita"... como todas)

"Tornou-se evidente que a Grécia, a Irlanda e Portugal não serão capazes de pagar as suas dívidas na totalidade, embora Espanha talvez se aguente." As palavras são de Paul Krugman, Prémio Nobel da Economia, num texto que hoje é publicado no jornal "i"."Portugal não vai conseguir pagar a dívida"

Sob o título "Quando a austeridade falha", o artigo de opinião de Krugman arrasa a política seguida pelo Banco Central Europeu, que insiste que a estabilidade da moeda e o equilíbrio orçamental são a resposta a todos os problemas financeiros que os países da Europa atravessam.
"Por trás desta insistência estão algumas fantasias económicas, em particular a da fada da confiança - isto é, a convicção de que cortar na despesa vai de facto criar emprego, porque a austeridade vai criar confiança no sector privado", escreve Krugman. "Infelizmente, a fada da confiança está a fazer-se rogada e a discussão em torno da melhor maneira de lidar com esta realidade desagradável ameaça tornar a Europa o centro de uma nova crise financeira."
Para Krugman, as condições do empréstimo à Grécia fizeram com que o país se endividasse demasiado: "Os líderes europeus ofereceram empréstimos de emergência aos países em crise, mas apenas em troca de compromissos com programas de austeridade selvagens, feitos sobretudo de cortes da despesa. A objecção de que estes programas põem em causa os seus próprios objectivos - não só impõem efeitos negativos drásticos à economia, mas ao agravar a recessão reduzem a receita fiscal -, foi ignorada."
Para Krugman só há uma solução: como a confiança ainda não reapareceu, a crise tem-se agravado e agora Grécia, Irlanda e Portugal estão em risco de não conseguir pagar as dívidas. "Se quiser ser realista, a Europa tem de se preparar para aceitar uma redução da dívida, o que poderá ser feito através da ajuda das economias mais fortes e de perdões parciais impostos aos credores privados, que terão de se contentar com receber menos em troca de receber alguma coisa. Só que realismo é coisa que não parece abundar."
Alemanha e BCE têm-se oposto a esta reestruturação da dívida, pondo em causa o próprio Euro."Se os bancos gregos caírem, a Grécia pode ser forçada a sair do euro - e é fácil ver como isto pode ser a primeira peça de um dominó que se estende a grande parte da Europa. Então que estará o BCE a pensar?", pergunta Krugman.
E termina com mais uma pergunta arrasadora: "Estou convencido que isto é apenas falta de coragem para enfrentar o fracasso de uma fantasia. Parece-lhe tolo? Quem é que lhe disse que era o bom senso que governava o mundo?"

(em RTPN)

6 comentários:

Ricardo O. disse...

Embora com diferenças, mas em linha com reflexões de outros economistas (in)suspeitos, por terem opinião, por discordarem (neste aspecto) da vontade do poder dominante.

Mas bem vinda e de pêso!

Graciete Rietsch disse...

São eles próprios a dizê-lo. Portanto os dias que nos esperam são tristes.
Um aumento de votação na CDU pode trazer outra possibilidade de enfrentar o problema.

Um beijo.

cid simoes disse...

Quem manda o Krugman de tempos a tempos ouvir o Sérgio?

Fernando Samuel disse...

Vais ver que ainda vão dizer que ele é militante do PCP...

Um abraço.

samuel disse...

Já tinha ficado espantado por o PCP ter convencido o BE a "criar" a ideia da renegociação da dívida; agora que os comunistas tivessem dinheiro suficiente para "contratar" o Paul Krugman... dessa não estava mesmo à espera! :-)))

Abraço.

Sérgio Ribeiro disse...

Ricardo - Pois!

Graciete - Portanto, também, de muita luta e, às vezes, com aludas (sem aspas) inesperadas.

Cid Simões - ... e ler os nossos documentos?!

Fernando Samuel - Devíamos era meter a fronha dele entre as das "personalidades apoiantes da CDU!

Samuel - É esta coisa da realidade furar tudo e tudo "comprar"!

Abreijos