segunda-feira, abril 21, 2014

Dias de agora, nestes dias antes de 25...

21.04.2014

Adormeci a ler, e acordei para o dia com muitas coisas quase-escritas.

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E com um título “a maldição de ser comunista”.

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Ou talvez, em alternativa, “… sobre a mania da perseguição”!

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Porque, por vezes, confronto – comigo mesmo também – essa ideia de que temos connosco a tal "mania da perseguição".

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Ora a penúltima leitura antes de adormecer foi de “Fantasmas da barbárie”, no Atual do Expresso, sobre um document(ári)o que “interroga a purga anti-comunista que abalou a Indonésia  dos anos 60”.

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Isto depois de ter visto, há dias, o filme de G. Clooney Boa noite e boa sorte, sobre o “maccartismo”, e andar às voltas cm outras coisas.

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Por isso, rejeito o título alternativo e começo o que já estou a escrever com o título definitivo de “a maldição de ser comunista”.

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O que, claro!, implica logo a exigência de se definir o que é essa coisa de se ser comunista.

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E sejamos claros, claro!

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Para mim – claro! – ser comunista, numa simplificada (simplista?) definição, é ter uma concepção de vida e do ser humano que se escora em alguns princípios e valores inamovíveis – como solidariedade fraterna atemporal e a-espacial), e coisas assim que têm a ver com eu-o-outro –, estruturados a partir de alguns documentos-caboucos (antes de todos o Manifesto), é a integração num colectivo (se houver ou, na sua ausência, contribuir para que haja) que defenda e lute por esses princípios-valores. 

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Depois e/ou antes, sempre!, ter uma prática quotidiana de vida (tão curta luta...) coerente com essa adoptada concepção.

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Chega? Não!… mas chega (ah!, a dialéctica e o jogo com as palavras) para aqui. em jeito de repetição de “cábula escolar”.

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Pois o documentário (O acto de matar, de Joshua Oppenheimer) de Junho de 2013, comentado por Vasco Baptista Marques em Atual, é impressionante (terrível!) prova dessa maldição, tal como vivida na Indonésia entre Setembro de 1965 e Maio de 1966, na que veio a ser a “substituição” do Sukarno por Suharto, sob o olhar e cumplicidade do… Ocidente.

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 Foi o massacre de meio a um milhão de pessoas, foram mais 700 mil pessoas presas por serem (ou suspeitas de serem) comunistas, na execução de um “levantamento militar” como outros, que a história tantas vezes repetiu (lembre-se o Chile e mais, e mais) mas talvez nunca com esta violência… apoio cúmplice e silêncio.

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Saíra eu um ano antes da cadeia, depois de preso, “julgado” e de cumprir pena, curava feridas que queria cicatrizar e, integrado na Prelo, acabara de ler a edição Borobudur, de Vailland, livro de viagens que, agora me recordo, muito me ajudou sobre Sukarno (um dos três fundadores do movimento dos não alinhados, com Nerhu e Nasser) e a Indonésia, e a melhor me dimensionar.

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Assim adormeci.

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Não sem que, antes, não tenha lido, páginas adiante do Atual, a nota de programação da televisão com um pequeno artigo 25A – Memórias I.

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Não se tratará de massacre ao nível do referido páginas atrás, mas é, também. massacre anti-comunista.

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De forma continuada, como se diz no jargão jurídico.

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Ao dar-se nota do “40º aniversário do 25 de Abril: reflexões maiores nas programações de TV”, temos tudo, isto é, tudo menos a resistência anterior, clandestina, os comunistas, o Partido, o sindicalismo de classe.

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«O golpe dos “capitães de abril”», «a nova postura da mulher na sociedade», «o percurso de vida e de luta social de Miller Guerra», «a luta contra a ditadura de armas na mão», «finalmente, “O Capitão Desconhecido”», cujo desconheço…

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O que vale é que «a segunda parte destas programações de TV será referida na próxima semana» (?!).

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Ah!, seja eu rigoroso… aparece uma referência aos comunistas! Não ao Partido e aos "ortodoxos", claro!

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Em “a luta com as armas na mão”, escreve-se (…) «e a Acção Revolucionária Armada de comunistas como Raimundo Narciso», depois de se ter escrito, com todas as letras, LUAR e Brigadas Revolucionárias!

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É na verdade “desmasiado”, é a luta de classes em suas múltiplas expressões… contra tudo e contra todos os que a negam ou calam.

(...)

4 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Acordo total com o que escreves!!
E fico triste. Mas a nossa luta continua e assim vamos fazendo o caminho que nos levará ao futuro iniciado pelos capitães de Abril "que tiveram ao seu lado muitos HOMENS na prisão" e apoiado pelo POVO PORTUGUÊS.

Um beijo. E viva ABRIL.

Justine disse...

Foi muita coisa para um meio dia! Mas tudo ligado, tudo a interligar-se, tudo a bater na tua conclusão clara e inegável: é a luta de classes!

Olinda disse...

Vejo muito pouco televisao,nao tenho tempo nem pachorra,Mas,o pouco que vejo,ê de uma mediocridade,quer de informacao,quer de distraccao.Perante o que os canais "normais",de televisao nos impoem,a censura deixa de fazer sentido,e torna tudo mais perigoso para a compreensao comum.Nao ê mania de perseguicao,ê a realidade.

Um beijo




Antuã disse...

A censura é uma realidade.