sábado, novembro 11, 2017

7 de Novembro - textos e pretextos

7ª "dose"
de caixinhas de fósforos comemorativas





É difícil viver com tanto ódio vesgo. Diria que é impossível conviver com os fautores desse ódio, com a total falta de escrúpulos intelectuais de quem teria, até, responsabilidades éticas pelos apelidos que carregam, lhes franqueia portas e emprestaria réstias de credibilidade.
A denúncia de José Manuel Jara deve ser divulgada para se contrapor à sem-vergonha do texto do sr. Sousa Tavares.

O Centenário da Revolução Socialista 
e as marteladas da cabecinha de Miguel Sousa Tavares

Miguel Sousa Tavares é o flibusteiro de serviço ao Expresso, monopolizando quase uma página inteira do semanário, excepto o fundo onde sobressai muito bem um anúncio do Rolex. Vem este comentário a propósito dos seus “Cem anos de mistificação”, retrato de um século, á la minuta, em que faz tiro ao alvo com a sua metralhadora imaginária contra a revolução russa. Este mestre da batalha literal arruma em duas penadas grandes intelectuais europeus do século XX, os Sartre, Aragon, Moravia e Picasso, condenados por cumplicidade com a revolução e o seu ideário socialista e comunista. Por acaso, esqueceu-se dos nossos, Fernando Lopes Graça, Bento de Jesus Caraça, Óscar Lopes, e tantos outros. O clarividente causídico derruba todas essas cabeças postumamente, sem piedade nenhuma.
Num aceso de raiva contra o centenário da Revolução que pretende  condenar irrevogavelmente às penas do inferno, escreve à vontade com o denodo que lhe faculta a sua rápida alfabetização em História. A descontracção típica do elitista autoconvencido tinha-o levado num crónica anterior a atribuir a Engels uma famosa frase de Proudhon, que no seu breviário de ideias feitas seria o resumo do marxismo: “La proprieté c’est le vol”. A ignorância atrevida não é castigada pois o monólogo de sua senhoria não tem resposta nas páginas do folhetim. Agora, julga fulminar a Revolução de Outubro na sua crónica de 4 Novembro. O fascismo, o nazismo, as duas guerras mundiais, o genocídio de povos, coisas menores, en passant, entrecho do verdadeiro enredo dos seus ódios contra a URSS.
A  maior epopeia militar da história da humanidade, na qual a barbárie da Nova Ordem Europeia nazi-fascista foi derrotada pelo povo soviético e pelo exército vermelho é miniaturizada por MST assim: “aquilo que os comunistas chamaram a ‘Grande Guerra Patriótica’". E com o seu proverbial direito de mentir reduz a seis milhões os 24 milhões de vítimas soviéticas da agressão nazi.  Faria bem, para a sua reeducação em ler a correspondência entre Churchill e Estaline. Para este grande senhor,  os crimes nazis contra a Humanidade são tretas. Que interessa o Tribunal de Nuremberga? Deve ser o que elabora o subconsciente de Tavares, para absolver o fascismo, irmão do nazismo, que a sua Mãe tão bem retratou no poema a Catarina Eufémia.
Na sua peleja ideológica contra o comunismo passado e presente, além de absolver o fascismo por amnésia histórica, amplia ao máximo as violências e perseguições ocorridas na guerra civil russa e noutros processos de repressão entre as duas guerras mundiais como se tal fosse a essência do marxismo e a da ideologia comunista. Para o excelente pensador MST, tão melindrado com a violência do lado bolchevique, o que diria do cristianismo se apenas referisse as guerras religiosas e a inquisição para o definir?  MST gostaria com certeza que o “imbecil “(sic) Nicolau II, ou o czar sucessor indigitado, Miguel, vencesse um bolchevismo inerme e castrado. Lenine no cadafalso pelos russos brancos, isso é que era… Depois, Tavares não vê o grande salto no desenvolvimento que a Revolução russa permitiu num país atrasado. Ignora as portas que a revolução abriu para a emancipação dos povos submetidos ao colonialismo e ao imperialismo. Está esquecido certamente de que a URSS foi o único país que apoiou o governo legítimo da República Espanhola, enquanto os “aliados democratas” lavavam as mãos como Pilatos. Não, como fazia a Emissora Nacional no tempo do “ Estado Novo” da ditadura fascista, “Rádio Moscovo não fala verdade”. Quem fala verdade é o Miguel Sousa Tavares.
Subjaz no discurso deste historiador improvisado a apologia mais descarada do capitalismo, o partido pelas classes “superiores”, de uma sociedade hierárquica com base na propriedade privada, na alta finança familiar, não tanto nos títulos decadentes da nobreza revezada na Revolução francesa, em que também rolaram muitas cabeças, incluindo as coroadas. Será que este plumitivo justiceiro também condena a revolução francesa pela violência que usou e que a derrotou depois? O retrato do comunismo em cores negras serve bem a propaganda do capital. Lá vêm os “kmeres vermelhos” para arrasar, esquecendo-se Sousa Tavares que quem destroçou essa ditadura de terror no Camboja foi o exército comunista da República Democrática do Vietname, vencedor do imperialismo francês e americano na luta de libertação nacional.  O perigo ainda tem de ser afastado, cem anos não chegaram. A queda da URSS não é o fim da História, nem o fim do comunismo, nem do socialismo. Toca a martelar e a ceifar as ideias do inimigo, do perigo que por aí anda, das esquerdas da esquerda.
A mais ridícula desfaçatez do emplumado Miguel Sousa Tavares atinge o paroxismo quando chama “cobarde” a Lenine. O pigmeu, perito em parlapatice, não tem alcance para avaliar o grande líder teórico e prático da Revolução Socialista vitoriosa. Que lhe resta? Injuriar! Hoje ainda, passados 100 anos sobre o 7 de Novembro de 1917, este burguês elitista e presumido representa o seu papel de classe, cuspindo na História e em quem a faz.
No fim, para fazer o papel de moderador, MST quer fazer as pazes com a Rússia. E passa a mão pelas costas de Putin, que o Ocidente nada clarividente toma erradamente por inimigo. Assim julga MST, mestre em ciências políticas. Todo satisfeito com o seu protegido, ignora que na Rússia, na Praça Vermelha, continua a poder visitar o Mausoléu do seu inimigo Lenine. E, certamente, desconhece ´também, como mentor da reabilitação de Putin, que ele mesmo considera que Volgogrado deveria voltar a ter o nome de Estalinegrado, cidade com o nome do seu arqui-inimigo.

José Manuel Jara
(Pode difundir-se livremente) 

1 comentário:

Olinda disse...

A falsificação da História é uma arma política do sistema dominante,sabemos nós e sabem-no eles!E tudo o que os assusta ,serve de pretexto para subverter a verdade.Bjo.