7ª "dose"
de caixinhas de fósforos comemorativas
É difícil viver com tanto ódio vesgo. Diria que é impossível conviver com os fautores desse ódio, com a total falta de escrúpulos intelectuais de quem teria, até, responsabilidades éticas pelos apelidos que carregam, lhes franqueia portas e emprestaria réstias de credibilidade.
A denúncia de José Manuel Jara deve ser divulgada para se contrapor à sem-vergonha do texto do sr. Sousa Tavares.
e as marteladas da cabecinha de Miguel Sousa Tavares
Miguel Sousa Tavares é o flibusteiro de serviço ao
Expresso, monopolizando quase uma página inteira do semanário, excepto o fundo
onde sobressai muito bem um anúncio do Rolex. Vem este comentário a propósito
dos seus “Cem anos de mistificação”, retrato de um século, á la minuta,
em que faz tiro ao alvo com a sua metralhadora imaginária contra a revolução
russa. Este mestre da batalha literal arruma em duas penadas grandes
intelectuais europeus do século XX, os Sartre, Aragon, Moravia e Picasso,
condenados por cumplicidade com a revolução e o seu ideário socialista e
comunista. Por acaso, esqueceu-se dos nossos, Fernando Lopes Graça, Bento de
Jesus Caraça, Óscar Lopes, e tantos outros. O clarividente causídico derruba
todas essas cabeças postumamente, sem piedade nenhuma.
Num aceso de raiva contra o centenário da Revolução
que pretende condenar irrevogavelmente às penas do inferno, escreve à
vontade com o denodo que lhe faculta a sua rápida alfabetização em História. A
descontracção típica do elitista autoconvencido tinha-o levado num crónica
anterior a atribuir a Engels uma famosa frase de Proudhon, que no seu breviário
de ideias feitas seria o resumo do marxismo: “La proprieté c’est le vol”. A
ignorância atrevida não é castigada pois o monólogo de sua senhoria não tem
resposta nas páginas do folhetim. Agora, julga fulminar a Revolução de Outubro
na sua crónica de 4 Novembro. O fascismo, o nazismo, as duas guerras mundiais,
o genocídio de povos, coisas menores, en passant, entrecho do verdadeiro
enredo dos seus ódios contra a URSS.
A maior epopeia militar da história da
humanidade, na qual a barbárie da Nova Ordem Europeia nazi-fascista foi
derrotada pelo povo soviético e pelo exército vermelho é miniaturizada por MST
assim: “aquilo que os comunistas chamaram a ‘Grande Guerra Patriótica’". E com o
seu proverbial direito de mentir reduz a seis milhões os 24 milhões de vítimas
soviéticas da agressão nazi. Faria bem, para a sua reeducação em ler a
correspondência entre Churchill e Estaline. Para este grande senhor, os
crimes nazis contra a Humanidade são tretas. Que interessa o Tribunal de
Nuremberga? Deve ser o que elabora o subconsciente de Tavares, para absolver o
fascismo, irmão do nazismo, que a sua Mãe tão bem retratou no poema a Catarina
Eufémia.
Na sua peleja ideológica contra o comunismo passado e
presente, além de absolver o fascismo por amnésia histórica, amplia ao máximo
as violências e perseguições ocorridas na guerra civil russa e noutros
processos de repressão entre as duas guerras mundiais como se tal fosse a
essência do marxismo e a da ideologia comunista. Para o excelente pensador MST,
tão melindrado com a violência do lado bolchevique, o que diria do cristianismo
se apenas referisse as guerras religiosas e a inquisição para o definir?
MST gostaria com certeza que o “imbecil “(sic) Nicolau II, ou o czar sucessor
indigitado, Miguel, vencesse um bolchevismo inerme e castrado. Lenine no
cadafalso pelos russos brancos, isso é que era… Depois, Tavares não vê o grande
salto no desenvolvimento que a Revolução russa permitiu num país atrasado.
Ignora as portas que a revolução abriu para a emancipação dos povos submetidos
ao colonialismo e ao imperialismo. Está esquecido certamente de que a URSS foi
o único país que apoiou o governo legítimo da República Espanhola, enquanto os
“aliados democratas” lavavam as mãos como Pilatos. Não, como fazia a Emissora
Nacional no tempo do “ Estado Novo” da ditadura fascista, “Rádio Moscovo não
fala verdade”. Quem fala verdade é o Miguel Sousa Tavares.
Subjaz no discurso deste historiador improvisado a
apologia mais descarada do capitalismo, o partido pelas classes “superiores”,
de uma sociedade hierárquica com base na propriedade privada, na alta finança
familiar, não tanto nos títulos decadentes da nobreza revezada na Revolução
francesa, em que também rolaram muitas cabeças, incluindo as coroadas. Será que
este plumitivo justiceiro também condena a revolução francesa pela violência
que usou e que a derrotou depois? O retrato do comunismo em cores negras serve
bem a propaganda do capital. Lá vêm os “kmeres vermelhos” para arrasar,
esquecendo-se Sousa Tavares que quem destroçou essa ditadura de terror no
Camboja foi o exército comunista da República Democrática do Vietname, vencedor
do imperialismo francês e americano na luta de libertação nacional. O
perigo ainda tem de ser afastado, cem anos não chegaram. A queda da URSS não é
o fim da História, nem o fim do comunismo, nem do socialismo. Toca a martelar e
a ceifar as ideias do inimigo, do perigo que por aí anda, das esquerdas da
esquerda.
A mais ridícula desfaçatez do emplumado Miguel Sousa
Tavares atinge o paroxismo quando chama “cobarde” a Lenine. O pigmeu, perito em
parlapatice, não tem alcance para avaliar o grande líder teórico e prático da
Revolução Socialista vitoriosa. Que lhe resta? Injuriar! Hoje ainda, passados
100 anos sobre o 7 de Novembro de 1917, este burguês elitista e presumido
representa o seu papel de classe, cuspindo na História e em quem a faz.
No fim, para fazer o papel de moderador, MST quer
fazer as pazes com a Rússia. E passa a mão pelas costas de Putin, que o
Ocidente nada clarividente toma erradamente por inimigo. Assim julga MST,
mestre em ciências políticas. Todo satisfeito com o seu protegido, ignora que
na Rússia, na Praça Vermelha, continua a poder visitar o Mausoléu do seu
inimigo Lenine. E, certamente, desconhece ´também, como mentor da reabilitação
de Putin, que ele mesmo considera que Volgogrado deveria voltar a ter o nome de
Estalinegrado, cidade com o nome do seu arqui-inimigo.
José
Manuel Jara
(Pode difundir-se livremente)
1 comentário:
A falsificação da História é uma arma política do sistema dominante,sabemos nós e sabem-no eles!E tudo o que os assusta ,serve de pretexto para subverter a verdade.Bjo.
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