quinta-feira, novembro 23, 2017

anexo 2 a reflexões lentas - russos os maus das fitas todas

O recorte do Expresso que scaneei, sendo recensão bibliográfica com a assinatura de Luís M. Faria, antes de muitas outras "pérolas" tanto ou mais aleivosas começa com esta: «Conforme este livro recorda a certa altura, Marx não confiava nos russos. "Logo que um russo consegue infiltrar-se aqui, abrem-se as portas do inferno", disse o autor de "O Capital"(...)»! Ah!... disse? Onde? Não importa...o que importa é que os russos são os maus das fitas todas, como o provam esses tais de Estaline, de Lenine e agora (parece) de Putin, safando-se, como excepções uns Gorbatchov, Ieltsin e, noutras "artes" - no cinema, na literatura, na música -, uma quantidade enorme deles, desde que não se matam em políticas
E então não é que, já publicado o "post" me encontro com o Correia da  Fonseca a tratar, muito bem como sempre - a meu juízo - do "tema", e a titular Os maus... que são os russos, claro.
Transcreve-se, com gosto mas... leia o avante!

 - Edição Nº2295  -  23-11-2017
Os maus
Por reprodução de informações provenientes dos Estados Unidos, de onde aliás parece vir quase tudo quanto entra nas nossas cabecinhas, ou talvez também por outras vias, já sabíamos que os russos haviam interferido nas eleições presidenciais norte-americanas e desse modo impedido que Hillary, essa santa, se instalasse na Casa Branca e daí prosseguisse a política que levou a grande nação americana ao Afeganistão e ao Iraque (com o favorável voto Clinton) e decerto a levaria aonde mais lhe conviesse e lhe apetecesse. Em consequência, a eleição foi ganha por Trump, essa espécie de Tio Patinhas em versão mal-educada, que do alto da pirâmide constituída por negócios e cofres desatou a fazer coisas impróprias e indesejáveis, a começar por declarações em que confessou o desejo de se entender com a Rússia de Putin e a continuar com a recente visita à China do presidente Xi. Será adequado registar aqui que nas últimas semanas nem na televisão nem fora dela houve notícias de novos lançamentos de mísseis experimentais por parte da Coreia do Norte, o que mentes suspeitosas podem atribuir a eventuais conselhos chineses coincidentes com a visita de Trump. Bem se pode dizer que não há memória de que a eleição de um presidente norte-americano detestável e na verdade detestado tenha, durante o primeiro ano do seu mandato, resultado em factos tão distantes do retorno ou da intensificação da Guerra Fria. Isto não faz de Trump um santinho a merecer altar, longe disso, mas os comunistas são gente realista, pelo que é natural que olhem os factos com olhos de ver sem prejuízo de sempre lembrarem o que há muito sabem: que os Estados Unidos são o país líder do supercapitalismo devorador de tudo o que é justo, desejável e livre.

Uma nova maldade
Voltemos, porém, ao fio inicial desta pobre prosa: segundo o que nos foi ensinado pela televisão e outros media, os russos intervieram surdamente na campanha eleitoral que conduziria Trump à Casa Branca. É plausível, estes russos são uns metediços e ainda não deram provas completamente convincentes de estarem todos, mas todos, curados do vírus do comunismo. Além de que lhes continua colada a reputação de serem maus: como diriam algumas das nossas avós, têm o diabo no corpo. Ora, eis que recentemente a televisão, e decerto não apenas ela, nos presenteou com mais uma informação importante: os russos também interferiram em Espanha, designadamente no caso da Catalunha e porventura não só! Reconheçamos: estava a sociedade espanhola posta em repouso, do governo PP gozando o doce fruito, quando os russos injectaram na alma catalã a estranha apetência da independência. Uma vez mais não se sabe como, por que vias, com que métodos, mas sabe-se uma coisa: que é preciso serem maus para fazerem uma coisa destas. Porque são maus e a cada passo essa maldade se confirma, justifica-se que a russofobia, o horror à Rússia e aos russos em geral (com óbvio destaque para Vladimir Putin) se espalhe pelo mundo afora mais velozmente do que as gripes de Inverno. Com a prestimosa serventia dos media, naturalmente. Pois é também para isso que existem.

Correia da Fonseca


1 comentário:

João Baranda disse...

O melhor é mesmo assinar o Avante ... senão só o leremos quando pararmos na estação de serviço...
A propósito o homem de mão do Bilderberg n1 português... ganhou ... lá devem ter achado que serve melhor ... a ver vamos ...