6ª "dose"
caixas de fósforos no 60º aniversário
PONTO
- Edição
Nº2293 - 9-11-2017
___________________________________________________________________
Mulheres
trabalham dois meses gratuitamente
DESIGUALDADE As persistentes
disparidades salariais entre homens e mulheres levam a que as mulheres
trabalhem os últimos dois meses do ano gratuitamente.
Por ocasião do Dia
Europeu pela Igualdade Salarial, a Comissão Europeia publicou, dia 31 de
Outubro um relatório que descreve os diferentes focos de desigualdade que
continuam a penalizar as mulheres nos 28 estados-membros.
Em média, a diferença no
valor/hora entre homens e mulheres atinge os 16,3 por cento, a desfavor destas.
Daqui resulta que as mulheres trabalham 59 dias por ano sem remuneração.
Segundo o relatório, o
fosso salarial é mais reduzido na Itália e no Luxemburgo (ambos com 5,5%) e
Roménia (5,8%); e mais elevado na Dinamarca (22%), na República Checa (22,5%) e
na Estónia (26,9%). Em Portugal a diferença é 17,8 por cento, acima da média
europeia, segundo os dados do documento, relativos a 2014.
Em relação a 2006, as
diferenças salariais na UE apenas se reduziram 1,4 pontos percentuais, isto
apesar de ser cada vez maior o número de mulheres com formação superior (33%
contra 29% em 2006).
Porém, as discriminações
não se verificam apenas a nível remuneratório. As mulheres tendem a trabalhar
em sectores com baixos salários, têm menos promoções e estão sub-representadas
nos cargos de gestão e direcção, estimando-se que apenas seis por cento dos
cargos de direcção estejam ocupados por mulheres.
A Comissão Europeia
constata ainda que «as mulheres tomam a
seu cargo importantes tarefas não remuneradas, como o trabalho doméstico, o
cuidado de crianças ou de familiares, em muito maior medida do que os homens».
De facto, os dados
indicam que «os homens dedicam em média nove
horas por semana na prestação de cuidados não remunerados e na realização de
tarefas domésticas, enquanto as mulheres destinam 22 horas às referidas
actividades, ou seja, perto de quatro horas diárias».
_________________________________________________________________________
CONTRAPONTO
de
UMA GRANDE INICIATIVA
(texto de Lenine, de Junho de 1919!)
(…)
Todos
devemos reconhecer que a cada passo, em toda a parte, e também nas nossas
fileiras, se revelam vestígios da abordagem charlatanesca, intelectual burguesa,
da questão da revolução. A nossa imprensa, por exemplo, não luta o suficiente
contra estes restos putrefactos do apodrecido passado democrático-burguês e
apoia pouco os rebentos simples, modestos, quotidianos, mas vivos, do
verdadeiro comunismo.
Tomemos a situação da mulher.
Nenhum partido democrático do mundo, em nenhuma das repúblicas burguesas mais
avançadas, faz, neste aspecto, em dezenas de anos, nem a centésima parte
daquilo que nós fizemos no primeiro ano do nosso poder. Não deixamos, no
sentido literal da palavra, pedra sobre pedra das infames leis da desigualdade
de direitos da mulher, das restrições ao divórcio, das ignóbeis formalidades
que o rodeiam, sobre o não reconhecimento dos filhos naturais, a investigação
da paternidade, etc. - leis de que subsistem em todos os países civilizados
numerosos vestígios, para vergonha da burguesia e do capitalismo. Temos mil
vezes razão para nos sentirmos orgulhosos do que fizemos neste domínio. Mas quanto mais limpamos
o terreno da cangalhada de velhas leis e instituições burguesas, tanto mais
claro se tornou para nós que isto foi apenas a limpeza do terreno para a
construção, mas ainda não a própria construção.
A
mulher continua a ser escrava do lar, apesar de todas as leis
libertadoras, porque está oprimida, sufocada, embrutecida, humilhada
pelos pequenos trabalhos domésticos, que a amarram à cozinha e aos filhos, que
malbaratam a sua actividade num trabalho improdutivo, mesquinho, enervante,
embrutecedor e opressivo. A verdadeira emancipação da mulher e
o verdadeiro comunismo só começarão ali e onde começar a luta em massa
(dirigida pelo proletariado, detentor do poder do Estado) contra esta pequena
economia doméstica, ou, mais exactamente, quando começar a sua transformação
em massa numa grande economia socialista.
Concedemos
nós na prática suficiente atenção a esta questão, que, do ponto de vista
teórico, é indiscutível para qualquer comunista? Certamente que não! Preocupamo-nos
suficientemente com os rebentos do comunismo que já existem
neste domínio? Uma vez mais, não e não! As cantinas públicas, as creches e os
jardins infantis - eis exemplos destes rebentos, eis meios simples, correntes,
sem pompa, grandiloquência nem solenidade, de facto capazes
de emancipar a mulher, de facto capazes de minorar e suprimir
a sua desigualdade em relação ao homem pelo seu papel na produção social e na
vida social. Estes meios não são novos. Foram criados (como, em geral, todas as
premissas materiais do socialismo) pelo grande capitalismo, mas neste eles têm
sido, em primeiro lugar, uma raridade, e em segundo lugar - o que tem
particular importância -, ou "eram empresas mercantis, com
todos os piores aspectos da especulação, do lucro, do engano, da falsificação,
ou então uma acrobacia da caridade
burguesa", odiada e desprezada, com toda a razão, pelos melhores
operários.
É
indubitável que estas instituições são já muito mais numerosas no nosso país
e começam a mudar de carácter. E indubitável que entre as
operárias e camponesas há muito mais talentos organizativos do
que os que nós conhecemos, pessoas que sabem organizar o trabalho prático, com
a participação de um grande número de trabalhadores e de um número muito maior
de consumidores, sem a abundância de frases, a futilidade, as brigas e a
charlatanice sobre planos, sistemas, etc., de que "padece" a
"intelectualidade", sempre demasiado presumida, ou os
"comunistas precoces”. Mas não cuidamos como deveríamos
desses rebentos do novo.
Vejamos
a burguesia. Como sabe admiravelmente dar publicidade àquilo que lhe é
necessário! Como exalta as empresas "modelo" (na opinião dos
capitalistas) nos milhões de exemplares dos seus jornais, como
sabe fazer, de instituições burguesas, "modelo" objecto de orgulho
nacional! A nossa imprensa não se preocupa, ou quase não se preocupa, em
descrever as melhores cantinas ou as melhores creches, em conseguir, com uma
insistência diária, a transformação de algumas delas em instituições-modelo, em
fazer propaganda delas, em descrever pormenorizadamente a economia de esforço
humano, as vantagens para os consumidores, a poupança de produtos, a libertação
da mulher da escravidão doméstica, a melhoria das condições sanitárias que se
conseguem com um exemplar trabalho comunista e que se podem
alcançar, que se podem alargar a toda a sociedade, a todos os trabalhadores.
Sem comentários:
Enviar um comentário