Ontem à noite,
já por dentro da madrugada, decidi-me a pôr “preto no branco” algumas reflexões
a pedirem arrumação. Rascunhei um textinho – que iria para o diário se
estivesse em dia e não em estaleiro –, e deixei para hoje o “postá-lo” ou não.
Hoje de manhã li, corrigi, scaneei o que me pareceu útil juntar… e (a)postei!
Fiquei (quase) tranquilo.
Ao terminar o almoço,
folheei o avante! que a Z. me trouxera
“lá de baixo”, e detive-me em três textos (um de cada vez!, e por ordem
diferente da que vai sair…). Foi uma excelente sobremesa, que me deixou reconfortado e me precipitou
para este teclado com a imperiosa necessidade de os dar a conhecer. 1, 2, 3…
leiam o avante!
Entre os múltiplos e
extraordinários feitos alcançados pela Revolução de Outubro e pelo subsequente
processo de edificação do socialismo, a vitória sobre o nazi-fascismo na
Segunda Guerra Mundial é sem dúvida um dos mais notáveis. Fosse apenas pelo
papel decisivo desempenhado pela União Soviética no esmagamento do
nazi-fascismo e na criação de uma ordem mundial mais democrática e progressista
e esta primeira experiência vitoriosa de construção do socialismo já mereceria
um lugar cimeiro entre as grandes epopeias libertadoras da história da
Humanidade.
Por mais que historiadores e
estúdios de Hollywood o tentem ocultar, foi sobretudo graças à União Soviética
– ao seu sistema socialista, ao seu Partido Comunista, ao seu Exército Vermelho
e ao seu corajoso e abnegado povo – que o nazi-fascismo não conseguiu erguer o
seu ansiado império de mil anos baseado na mais brutal
exploração, no trabalho escravo e na supremacia da raça dos senhores.
Este sinistro objectivo dos sectores mais agressivos e chauvinistas do grande
capital alemão ruiu, foi derrotado, na Frente Oriental, nas estepes e ruas das
cidades soviéticas.
Até à invasão do país
dos sovietes, em Junho de 1941, o expansionismo hitleriano processara-se quase
sem oposição, perante a rendição e a traição generalizadas das ditas
«democracias ocidentais», empenhadas em empurrar contra a União Soviética a
brutalidade nazi-fascista. Foi a Leste que a Alemanha nazi perdeu a guerra: aí
sofreu as primeiras derrotas, perdeu 80 por cento dos seus homens, viu serem
capturadas e derrotadas 607 das suas divisões (mais do triplo das que perdeu
nas frentes do Norte de África, Itália e Europa Ocidental, juntas); aí se
travaram as batalhas decisivas que mudaram definitivamente o curso da guerra.
Moscovo, Leninegrado e Kursk e Stalinegrado abriram as portas à vitória final,
consumada em Berlim a 9 de Maio de 1945. O heroísmo dos comunistas e do povo
soviéticos teve um alto preço: mais de 20 milhões de mortos – cerca de 14 mil
por dia, entre Junho de 1941 e a rendição alemã.
Cidade Heróica
Leninegrado,
Stalinegrado, Odessa, Sebastopol, Moscovo, Kiev, Novorossiysk, Kerch, Minsk,
Tula, Murmansk e Smolensk são as 12 cidades soviéticas galardoadas com o título
deCidade Heróica, pelo heroísmo demonstrado pelas respectivas populações
no decurso dos anos de chumbo da Grande Guerra Patriótica, como na
URSS ficou conhecida a Segunda Guerra Mundial. A estas acresce a Fortaleza de
Brest, cujos defensores enfrentaram a primeira vaga da invasão nazi-fascista e
se bateram até ao último sopro de vida pela liberdade e independência da sua
pátria.
De entre estes heróis
colectivos sobressai um nome, sinónimo de liberdade: Stalinegrado. O Marechal
Jukov afirmou em tempos que a queda de Stalinegrado implicaria o isolamento do
Sul do país e a perda do Volga, um dos mais importantes canais de abastecimento
das tropas e das cidades soviéticas, pelo que mais ainda do que outras essa
cidade não podia ser perdida. Outro Marechal, Vassiliévski, recordava que o
lema resistir é vencer «penetrou na consciência dos defensores
da cidade»; cada um deles «sabia com clareza que era precisamente aqui, nas
margens do Volga, que se decidia a sorte não só da Guerra Patriótica mas de
toda a Segunda Guerra Mundial». Mais ainda, foi o próprio próprio destino
da Humanidade que esteve em jogo entre Julho de 1942 e Fevereiro de 1943.
Durante sete duros e
heróicos meses, combateu-se rua a rua e casa a casa em Stalinegrado, que
acabaria por ser a mais sangrenta das batalhas de toda a guerra: nela, os
alemães perderam um milhão e meio de homens (um quarto das forças dirigidas
contra a União Soviética), 3500 tanques e canhões e 3000 aviões de combate e de
transporte. O próprio Von Paulus, comandante das tropas invasoras, reconhecia a
combatividade dos defensores da cidade: «logo que obtemos vantagem em qualquer
sector, os russos desferem-nos de imediato um golpe de resposta, lançando-nos
com frequência para a linha de partida.»
A anteceder a rendição
alemã em Stalinegrado, consumada no início de Fevereiro de 1943, está a
contra-ofensiva soviética de Novembro do ano anterior, faz agora 75 anos. Nos
dias 19 e 20, tropas de três frentes soviéticas, apoiadas pelos poderosos
blindados T-34, desferiram potentes ataques contra as forças alemãs e romenas,
impondo-lhes um cerco que se revelaria decisivo. A iniciativa passava
definitivamente para mãos soviéticas, não só na cidade do Volga como em toda a
Frente Oriental.
À vitória em
Stalinegrado seguiram-se muitas outras: nos primeiros meses de 1944, o
território da URSS encontrava-se totalmente libertado e até Maio de 1945 o
Exército Vermelho, lado a lado com as resistências nacionais, libertou 113
milhões de europeus do jugo nazi-fascista e forçou a rendição final em Berlim,
seguindo depois para o Extremo Oriente, para ajudar a desferir o golpe final no
imperialismo japonês.
Assim se compreende a
declaração de amor a Stalinegrado por parte do poeta chileno Pablo Neruda.
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