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De ignorâncias indesculpáveis, abusos imperdoáveis, fanfarronadas
inconsequentes, diatribes petulantes … a pecados originais
A comunicação social (e a “opinião
pública”, seja ela o que for) delicia-se com os erros do Costa, as explicações
do Centeno, menos mas ainda assim com as irritações do Pedro Nuno e as diatribes
do SSilva.
Envolve-se tudo num papel de
fantasia bem colorida com algum pretenso humor, e assim se esmaece o que tem
realmente importância. Quando se apaga ou esconde o que está na origem (e por
vezes é original) dos erros e desculpas, das mal alinhavadas explicações, das
irritadas fanfarronadas, das petulantes diatribes.
Claro que não é despiciendo o
primeiro-ministro dar, por confessada ignorância, informações erradas, o
ministro das finanças esquecer-se que faz parte de uma equipa nacional que tem
um capitão, que o ministro das infraestruturas se zangue pelo comportamento de
quem gere uma infraestrutura à margem do interesse infraestrutural do País, que
o ministro dos negócios estrangeiros dê mostras de obsessão pelo andamento dos
negócios, e só (ou, à “fina”…, tout court)
daquilo a que chamam economia.
Tudo isto é… cansativo. É
fogo artifício. É o que nada interessa à política, no seu sentido nobre.
Trata-se de um jogo que faz
com que as pessoas, todos os que são assim “informados” do que tem, ou teria, a
ver com as suas vidas e se afastam dessoutra política, da necessária, de que
são os mandantes, se em efectiva democracia. Porque os detentores do poder.
O que está na origem (e por
vezes tem aspectos originais) dos erros, das mal alinhavadas explicações, das
irritadas fanfarronadas, das petulantes diatribes são, por ordem resumida,
embora bem susceptíveis de se expandirem:
i)
os “erros” confessados do primeiro-ministro resultam por inerência do
funcionamento de um capitalismo dito regulado, em que os criados instrumentos
correctores das previsíveis e inevitáveis contradições do primado (se não
absoluta prioridade) de interesses privados, egoístas e que ressaltam
gritantes, nada corrigem e muito contribuem para confundir e distrair os “informados”
das causas;
ii)
as “explicações” do ministro das finanças (ou teria sido do presidente
ainda em exercício do euro-grupo?) derivam de equívocos que subvertem o
conceito e prática da soberania, quer fazendo
prevalecer as finanças sobre a economia, quer dando primado à escala
supra-nacional sobre a compatibilização solidária das soberanias nacionais, que
provocam esquecimentos, ao ministro das finanças da economia do País e o fazem cometer
a inexplicável ausência de informação cabal ao primeiro-ministro do governo a
que pertence (nos intervalos de presidente e candidato a presidente do
euro-grupo?);
iii)
as “fanfarronadas” do ministro das infraestruturas são compreensíveis
num membro de um governo que se vê impotente para (pelo menos) influenciar a
gestão e o serviço público sob a sua tutela, mas essa impotência foi prevista e
prevenida quando se chamou a atenção para o que resultaria da vaga avassaladora
de privatizações, de que o partido a que pertence (ele e o seu governo) não se
opôs, antes estimulou, ao arrepio da CRP, enquanto constituição económica com a
articulação dos três sectores (público, cooperativo e privado) e a reserva de
actividades-chave para o sector público, e não se vislumbrar que a irritação
patenteada e televisionada tenha impllicado a referência a eventuais
re-nacionalizações em serviços públicos vitais e de bandeira;
iv)
as “diatribes” do ministro dos negócios estrangeiros não são apenas
desagradáveis pelo tom petulante, e por vezes agressivo, que podia ser só
idiossincrático (cada um é muito de como funcionam as suas hormonas e os seus
humores), são também o resultado de opções que se revelam nas posições que se
adoptam como nacionais, de política externa, diplomática, com referência
excessiva e obediente a um certo “mundo dos negócios”, preterindo seguidista e irracionalmente
o que e quem é atacado por esse “mundo” de Trump
business first.
De vez em quando, tem de se
desabafar.
2 comentários:
É, entendo o desabafo... Dar volta a isto não é fácil. De facto, tudo reside no Poder Político e a quem serve. Será mais uma vez o Povo, os trabalhadores, a pagarem a fatura , com ou sem vírus. Já agora, o que pensas do chamado Movimento Progressista que parece ter o Veroufakis como principal figura? Abraço.
Abro excepção - e nem me posso esforçar para procurar saber quem é o Unknown... - para sublinhar aquele necessário "E A QUEM SERVE"! Por isso, agradeço o comentário. Sobre o dito Veroufakis e outros movimentos de afirmadas intenções progressistas vejo-os sempre na perspectiva da unidade quando eles aparecem (quase) sempre com auto-presunção da substituição do que está na luta antes deles e continuará depois deles... se não corrigirem a sua via para a da procura de unidade.
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