segunda-feira, maio 04, 2020

Ideologia e hipocrisia


A hipocrisia desideologizante

A minha maneira de ser e de estar empurram os dedos para começar o escrito por teclarem, em itálico!, vamos lá a ver se nos entendemos. Mas as muitas décadas de experiência respondem não percas tempo! Não há entendimento possível com quem sofre de cegueira ideológica, nata ou adquirida, que hipocritamente mascara de bom senso desideologizado. Sim, porque ideologia, e cega, têm os outros! Esses… Nós.
O modo como a CGTP, em representação dos trabalhadores que nela se querem ver representados, agiu no Dia dos Trabalhadores (que capciosamente dizem do trabalho), foi ideológica. Ah!, pois foi. E foi, dentro da central sindical, a corrente democraticamente maioritária que decidiu que fosse assim, assumindo riscos e respeitando os outros. Todos.
Sabia-se, de antemão, que se corresse mal seria um enorme sarilho e que, se corresse bem – e correu excelentemente, ao que não se pode deixar de reconhecer… ou de esconder! – iria ser o pandemónio de acusações ideológicas. Como está a ser.
Chega encolher os ombros, e continuar com a força e a disciplina democrática que se tem e demonstrou? Não. Será também de, sem entrar em polémicas provocadas e provocatórias, não deixar que nos tomem por tolinhos, ideologizados… e cegos.
Antes de mais, ridicularizar… o que é ridículo. Como a expressão correia de transmissão do PCP. Se o PCP se quer,  estatutária e programaticamente, o partido da classe operária e de todos os trabalhadores não tem de apoiar as organizações com objectivos de defesa e e salvaguarda dos interesses económicos, culturais, de lazer, dos trabalhadores, e que não se submetem a valores e ditames que não são os da sua ideologia – do trabalho, das relações sociais, de classe?
Onde está a cegueira ideológica? Onde se diz que “Há setores da nossa sociedade que procuram no surto epidémico a justificação para o regresso ao passado, para a reintrodução do totalitarismo, de mordaças e do unanimismo como única forma de pensar e estar", ou onde se diz que afirmá-lo é cegueira ideológica?
É certo que a História não se repete, mas ensina. E ensina ao que leva a cegueira ideológica, a que não quer ver que há sectores da nossa sociedade à procura de pretextos e oportunidades para regressos indesejáveis. De que, aliás, só cegueiras ideológicas impedem de ver os evidentes sinais, que se lamentam piedosamente… e se espera que sejam punidos. Espera (sentada?) que as primeiras, maiores quando não únicas vítimas deverão, em nome da “paz social”…, inibir-se de denunciar, pôr de quarentena na sua luta quotidiana. E quotidianas são as agressões… e os abusos.
E assim, na senda da hipócrita ideologia desideologizante, abrem-se todos os armários de velharia, de toda a fancaria falsificadora da História: a unicidade sindical, o  PREC, e por aí fora, são espantalhos andrajosos, empalhados, a fazerem de… de quê?... de veículos para o que alguém se atreveu a dizer – logo com o anátema de prática ideologica (brrr!) – que estarão entre o que serve para “… a profusão a partir de agigantamento do medo, para lá do racional, da criação de um clima geral de intimidação social dirigido para e suportado na exacerbação do individual”. Exacerbação do individual? Isso existe lá agora!... e, a – eventualmente… – existirem alguns abusos nesse sentido, nunca seria de meter a ideologia nisso.
Pois é o que tem de ser feito. Para que se tome consciência de quais são os valores, os princípios, a coerência, e quem os pratica. E é urgente!

1 comentário:

Olinda disse...

É isso: A cegueira ideológica dos que se esforçam para nos desideologizar.Uma "guerra"que não é nova.Bjo