Está tudo muito excitado... É verdade que há razões para isso. E se sempre que um homem sonha o mundo pula e avança, sempre que um homem se excita deixa de ver bem, deixa de dizer coisa com coisa.
Vamos lá com calminha. O que está a acontecer desde o fim de semana passada e se prolongará não é o fim da Europa. No limite seria o fim da União Europeia, ou constatação de que a associação de Estados-membros europeus foi tão longe que tem de arrepiar caminho. Não como Europa mas como associação de Estados europeus.
Essa confusão de chamar Europa ao que o não o é tinha de dar este resultado. Não deveria, talvez, lembrar que sempre disse, e escrevi, que a União Europeia não passara a ser a Europa em Maastrich e o mercado interno e a União Económica e Monetária e o BCE e o euro. E João Ferreira até o pôs, clarinho como água em título de livro seu: A União Europeia não é a Europa.
Aliás, nem esta é A CRISE da associação. Ao longo do seu percurso tem tido, SEMPRE, muitos percalços: em 1965, a crise da cadeira vazia, em 1972, o não dos noruegueses à entrada no clube, em 1992 o não dos dinamarqueses a Maastrich (e o novo não dos noruegueses), em 2005 o não dos holandeses e dos franceses (e por aí se ficaram porque foram bastante para ter de arranjar um subterfúgio chamado Tratado de Lisboa), mais recentemente o Brexit resultante do não do britânicos. Um caminho cheio de nãos, e que, contra todos esses (e outros) nãos, se insiste em continuar,
Mas... tenhamos - todos - calminha. A União não nem nunca será a Europa! A Europa já era Europa antes, muito antes, da União Europeia, e sobreviverá à União Europeia e ao que ele representa. Tão-só uma solução precária, ao nível dos Estados, de uma correlação de forças sociais sempre instável.
no Público de hoje
1 comentário:
De crise em crise até à derrocada fatal.A Europa continua.(Gostei do termo "associação")Bjo
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