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A intervenção de Álvaro Cunhal no tribunal fascista, em 2 de Maio de 1950, pode ser lida em Álvaro Cunhal - Obras Escolhidas II -1947-1964, edições avante!, Lisboa 2008.
Começa a página 89, até à 107, e trata-se da versão mais completa, segundo a nota 41 da edição. Nessa nota se acrescenta que:
«das suas últimas declarações, em 9 de Maio de 1950, apenas chegou até nós um pequeno resumo, com alguns excertos textuais. Entre estes registe-se a conhecida declaração de Álvaro Cunhal de que que "no que me diz pessoalmente respeito, também alguma coisa ficou provada: que como membro do PCP, como filho adoptivo do proletariado, cumpri os meus deveres para com o partido e o meu povo. É isto que interessa que fique provado, porque é só ante o meu partido e o meu povo que respondo pelos meus actos"».
O verdadeiro documento histórico de 2 de Maio divide-se em 6 "pontos a esclarecer":
- os comunistas portugueses e o movimento operário internacional
- os comunistas portugueses e a Independência Nacional
- os comunistas portugueses e o perigo da guerra
- os comunistas portugueses e a situação económica e cultural do nosso povo
- os comunistas portugueses e o regime
- os comunistas portugueses e os seus meios de actuação
O texto da intervenção. de que dificilmente se escolhem excertos tal a dificuldade em retirar uma parte de um todo, terminava assim:
«(...) Contra todos os democratas portugueses e particularmente contra nós, comunistas, são desencadeadas ferozes perseguições e histéricas campanhas de mentiras e calúnias. Para nossa alegria, basta saber que, apesar de tais perseguições e campanhas, o nosso Partido conta com o apoio activo ou a simpatia dos operários, dos camponeses, de todos os trabalhadores honrados, manuais ou intelectuais, da nossa juventude, das mulheres de Portugal, dos povos coloniais. de todos os democratas sinceros.
Vamos ser julgados e certamente condenados. Para nossa alegria basta saber que o nosso povo pensa que se alguém deve ser julgado e condenado por agir contra os interesses do povo e do país, por querer arrastar o Portugal para uma guerra criminosa, por utilizar meios inconstituconais e ilegais, por empregar o terrorismo, esse alguém não somos nós, comunistas. O nosso povo pensa que, se alguém deve ser julgado por tais crimes, então que se sentem os fascistas no banco dos réus, então que se sentem no banco dos réus os actuais governantes da nação e o seu chefe, Salazar.»
4 comentários:
Tal como disse Álvaro Cunhal na sua exemplar defesa, se há que julgar alguém pela triste e desesperada situação em que Portugal se encoontra hoje(e há), então que se sentem no banco dos réus todos os fascistas e todos os contra-revolucionários que desde finais de 1975 têm contribuído para essa situação incluindo,claro, todos os governantes da Nação e seus chefes.
Um grande abraço, camarada.
Ora aí está!
Precisam de ser julgados e condenados pelos seus miseráveis crimes.
Palavras escritas em Maio de 1950...Não parece. Trocando um ou outro nome podiam ter sido escritas a noite passada. Resta-me uma consolação as palavras, a obra e a vida de Álvaro Cunhal não foram em vão.
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