O comum da terra
Nesses dias era sílaba a sílaba que chegavas.
Quem conheça o sul e a sua transparência
também sabe que no verão pelas veredas
da cal a crispação da sombra caminha devagar.
De tanta palavra que disseste algumas
se perdiam, outras duram ainda, são lume
breve arado ceia de pobre roupa remendada.
Habitavas a terra, o comum da terra, e a paixão
era morada e instrumento de alegria.
Esse eras tu: inclinação da água. Na margem
vento areias mastros lábios, tudo ardia.
EUGÉNIO DE ANDRADE
Quem conheça o sul e a sua transparência
também sabe que no verão pelas veredas
da cal a crispação da sombra caminha devagar.
De tanta palavra que disseste algumas
se perdiam, outras duram ainda, são lume
breve arado ceia de pobre roupa remendada.
Habitavas a terra, o comum da terra, e a paixão
era morada e instrumento de alegria.
Esse eras tu: inclinação da água. Na margem
vento areias mastros lábios, tudo ardia.
EUGÉNIO DE ANDRADE
in: 12 Poemas para Vasco Gonçalves, Porto, 1977
4 comentários:
Já conhecia. É muito lindo.
Um beijo.
Dois homens com 'H' grande.
Presentes!
Se um homem canta outro, então ambos serão grandes homens, um porque canta e ou outro porque é cantado.
Um abraço limpo e não lavável
Vasco, um poeta de Abril... Eugénio, um herói das palavras...
Abraço.
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