Quanto maior é um homem, ou a sua obra – dimensões nem sempre coincidentes e não raro dispares –, dele se fazem vários e desvairados lutos.
Assim está a ser com José Saramago, embora o arrastar da sua doença e o adiar da sua morte tivessem antecipado lutos de alguns. E se o luto é a dor da ausência, de Saramago não há maior luto que o da ausência dos livros que não escreverá.
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Vários e desvairados foram os lutos. E os arremedos de polémicas, e as tentativas de provocação. Algumas polémicas falsas e forçadas, algumas provocações velhas e revelhas, eivadas de invejas pessoais e de viscerais anti-comunismos, dois casos talvez meros incidentes provenientes de interpretações da democracia representativa e dos seus cargos, que vão sendo ocupados por gente bem pouco democrática e nada representativa.
Mas disto não falo e, insisto, de mais terei já falado.
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No entanto, de um outro aspecto quero, ainda e de novo, escrever.
Assim está a ser com José Saramago, embora o arrastar da sua doença e o adiar da sua morte tivessem antecipado lutos de alguns. E se o luto é a dor da ausência, de Saramago não há maior luto que o da ausência dos livros que não escreverá.
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Vários e desvairados foram os lutos. E os arremedos de polémicas, e as tentativas de provocação. Algumas polémicas falsas e forçadas, algumas provocações velhas e revelhas, eivadas de invejas pessoais e de viscerais anti-comunismos, dois casos talvez meros incidentes provenientes de interpretações da democracia representativa e dos seus cargos, que vão sendo ocupados por gente bem pouco democrática e nada representativa.
Mas disto não falo e, insisto, de mais terei já falado.
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No entanto, de um outro aspecto quero, ainda e de novo, escrever.
Tirando um excelente (e muito curto) texto de Manuel Gusmão, que é exegético, sobre os caminhos do escritor enquanto escritor caminhando, pareceu-me terem faltado, em tantas palavras a propósito dos lutos por Saramago (não as li todas, claro…), duas reflexões sobre o caminho caminhado pelo rapaz vindo da Azinhaga, a sua formação escolar que se ficou numa escola industrial, a sua enorme cultura feita de vontade de saber e a pulso, sobre o trabalhador de vários ofícios, desde o de serralheiro ao de tradutor e ao de jornalista, sobre como se fez escritor, e como foi ajudado a fazer-se escritor, como foi acompanhado nesses primeiros passos (e livros) de uma profissão que não o era.
Como li – e concordo inteiramente –, Saramago escritor, a sua obra, é uma conquista de Abril de 74. Mas foi, também, uma feliz consequência do processo contra-revolucionário culminado num desgraçado Novembro de 75, sendo certo que nunca se sabe como seriam as coisas se as circunstâncias não tivessem sido as que foram…
Como li – e concordo inteiramente –, Saramago escritor, a sua obra, é uma conquista de Abril de 74. Mas foi, também, uma feliz consequência do processo contra-revolucionário culminado num desgraçado Novembro de 75, sendo certo que nunca se sabe como seriam as coisas se as circunstâncias não tivessem sido as que foram…
2 comentários:
tenho pensado muito em ti (em vós).
o meu sentido e forte abraço.
vovómaria
Interessante e soberbamente marxista é a crítica que Lenine faz a Tolstoi, o escritor que escreveu entre outros os livros Guerra e Paz e Ana Karenina.
Sobre José Saramago podemos dizer, sem medo de errar, que são notáveis algumas das suas obras literárias.
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