Depois de um período "socrateiro" que foi pródigo em mediatismo trapaceiro, seria de prever algum comedimento no governo sequente. Não que se pudesse esperar novo rumo para a política, maior respeito pela Constituição, algum arreganho de soberania nas relações internacionais, mas - ao menos - contenção no descaro informativo.
Afinal, nem nisso...
Ontem, o dia foi de anúncio do resultado fantástico, piramidal, de menos 4,5% de défice nas contas de 2011. Com Passos Coelho, é verdade que sem a tarimba e a "lata" do antecessor, a insistir nessa tecla, para que ficasse bem gravado o número de 4,5% nos "estimados óvintes".
É que o "número mágico" fixado era de 5,9%, limite imposto pela troika de fora, e para isso se pediam todos os sacrifícios (mas não a todos, ou com equidade "à Cavaco Silva"...). Certo é que ficou na memória dos portugueses, e esta baixa para "menos de 4,5%" até tem ar de grande sucesso.
Mas a verdade verdadinha é que se a cont(H)abilidade da transferência dos fundos de pensões da banca não se tivesse realizado, em vez de 5,9% o défice seria de 8%! Com compensações fiscais para os bancos, evidentemente.
Também é verdade que, na gerência anterior, se fez idêntica cont(H)abilidosa operação com outros fundo de pensões. Mas... e para o ano?
O que é espantoso é que o próprio ministro-mago Gaspar, ao anunciar a operação na AR (com o acordo da troika, porque sem ele nada feito), da ordem de 6 mil milhões de euros, disse que com esses milhares de milhões se iria melhorar o ratio de capitalização da banca e, agora, veio dizer que vai poder contar com um montante, entre dois a três mil milhões dessa transferência, para pagar dívidas a fornecedores. Ao mesmo tempo que garante não se sabe que equilíbrio acturial que assegura que os contribuintes não serão prejudicados. E os pensionistas, que contribuiram directamente para esses fundos?
Fundos que andavam em especulação, ganham aqui perdem ali, e que passam a evaporar-se por irem pagar dívidas e recapitalizar bancos de onde vierem e onde estavam, teoricamente, em depósito seguro e a multiplicar-se. E quando chegar a altura de se pagarem reformas, que para isso foram criados os fundos com os descontos dos trabalhadores?
Entretanto, aleluia!... o défice será de menos de 4,5%! É preciso repetir?
E para o ano há mais fundos para transferir cont(h)abilidosamente? Há jornalistas jornalistas que perguntam, e Passos Coelho umas vezes diz que não, que não haverá novas medidas, aumentos de impostos e essas coisas, outras vezes - e no mesmo dia - diz que haverá novas medidas.
3 comentários:
São hábeis contabilistas que sabem esconder as vigarices.
Um beijo.
cont(h)abilidosos!
Beijos
Tanta habilidade nas contas e outras que ficam por contar.Este orçamento tem muito que contar.
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